CAPÍTULO DOIS

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— E a torcida grita! Ethan! Ethan! ETHAN! — Ethan exclama ao marcar mais um ponto na cesta. — De volta à ativa!

— Preciso voltar a praticar! — digo, limpando o suor do rosto, ofegante. — Cinco cestas em dez minutos? O que você é, o próximo LeBron James?

— Cansei! - Ele fala, abaixando-se e colocando as mãos nos joelhos. — Prática? Você nunca foi bom, aceita, Harry! — Ethan diz, rindo. — Aprende com o mestre! — Ele dá um leve soco no meu ombro.

Jogamos basquete desde sempre, seja nos intervalos ou após a escola. A quadra é nosso refúgio, onde as preocupações se dissipam com cada arremesso. Nunca nos candidatamos para entrar no time dos Tigers, apesar de muitas vezes termos sido convidados. Preferimos a liberdade de jogar sozinhos, apenas eu e Ethan, curtindo a amizade e o esporte sem a pressão das competições.

Pego o celular no bolso e mostro a foto do jogo que passei horas jogando ontem para Ethan.

— MENTIRA! — Ethan grita, colocando as mãos na boca. — Não vai me dizer que...

— Passei da fase, Ethan! — digo, olhando para a empolgação estampada nos olhos castanhos do meu amigo. Para falar a verdade, seus olhos brilham para qualquer coisa que envolva jogos e seu livro de mitologia celestial.

— Nem fudendo! Como? Como conseguiu passar dessa fase? É impossível! — Ethan gesticula, e sua euforia me anima. — Foram quatro meses tentando passar dessa fase nesse jogo, e você conseguiu? Assim, do nada?

— Vai lá em casa depois da aula, Ethan. Podemos dormir até tarde — sugiro, já prevendo sua reação. Sei que Ethan vai topar; ele sempre topa a "Noite do Jogo".

— Noite do Jogo? — Ele responde instantaneamente.

— Aham! Amanhã, pode ser? Compro besteiras e refrigerantes — pergunto. Eu e Ethan temos essa tradição desde criança: fazer a Noite do Jogo, com muita comida, música e jogos.

— Pode ser amanhã, fica tranquilo. Hoje é aniversário da Alice!

Conhecer Ethan foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. Nunca fui de muitos amigos, sempre calado, com os pensamentos altos preenchendo minha mente. Ethan é um companheiro, um bom ouvinte e um ótimo jogador de basquete. Passamos quase todo o tempo juntos. Nossa amizade é uma das melhores coisas que já me aconteceu. Sou feliz por isso.

*

Já estamos andando pelos corredores novamente, comentando sobre a partida rápida que acabamos de jogar, quando um garoto passa rapidamente por nós, esbarrando seu ombro no meu. O impacto é brusco e inesperado, quase me desequilibrando. Ele olha para trás, fazendo contato visual comigo, e então grita enquanto se dirige ao seu armário.

— Olha por onde anda, idiota! — ele diz, abrindo seu armário com um movimento brusco.

Eu fico surpreso. Ele me chamou de idiota?

— Desculpe-me! — respondo, tentando ser pacífico. — Tá tudo bem?

Ele simplesmente me encara, semicerrando os olhos como se estivesse tentando enxergar algo que eu não pudesse ver. Seus olhos percorrem todo o meu corpo, me fazendo tremer. Quem é esse garoto? O que ele está vendo em mim?

— Quem é ele? — pergunto, intrigado com o garoto.

— Acho que ele se chama Josh, Owen, Mason, sei lá! — Ethan diz, tentando lembrar. — Não liga, ele é assim com todo mundo. Todo mundo mesmo. Parece que ele sofre uns problemas, tem a ver com a mãe ou sei lá.

Sua tentativa de minimizar o encontro me ajuda a relaxar um pouco. Continuamos caminhando pelos corredores lotados, com estudantes animados, risos e conversas por toda parte. A energia do primeiro dia de aula é palpável, mas a interação estranha com Josh, ou seja lá qual for o nome dele, ainda paira sobre mim como uma nuvem.

Os Meios Não Justificam Os FinsOnde histórias criam vida. Descubra agora