CAPÍTULO DEZ

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Antes que Lúcifer pudesse consumar sua tentativa de possessão, uma luz radiante surge de repente. É a luz de um anjo, sua presença é tão pura e poderosa que me faz fechar os olhos. O anjo lança seu poder com precisão, atingindo Lúcifer diretamente e interrompendo sua influência sobre mim. Em um movimento rápido e determinado, ele me envolve nos braços, afastando-nos da prisão mística e dos demônios que clamavam por caos. Em um piscar de olhos, estamos longe daquele lugar sinistro. A realidade voltou com um baque quando me vi de volta à segurança familiar da sala de estar de minha casa. O anjo me segura firmemente, seu rosto uma máscara de seriedade enquanto protege nossa retirada.

— Quem é você? — pergunto, minha voz trêmula ainda ecoando o medo recente.

O medo e o alívio se misturam dentro de mim, o eco das palavras de Lúcifer ainda ressoando em minha mente. O que o futuro reservava agora que eu conheço a verdade de minhas origens? 

— Harry? — Alice abre a porta, avistando eu e o anjo ao meu lado. Ela entra na casa junto com Ethan, que me abraça fortemente.

O anjo no meio da sala deixa seu brilho se dissipar, revelando sua face. É Anael, sem feridas, sem sangue, sem nada que lhe causaria dor. Apenas Anael.

— Como? Como conseguiu escapar de todos aqueles anjos no paraíso? — digo, surpreso ao ver Anael.

— Da mesma forma que você — Anael responde, aproximando-se para me abraçar por alguns segundos antes de me soltar.

Ainda não estou acostumado com essa proximidade, mas o toque e a fala dele me trazem conforto.

— É um anjo! UM ANJO! — Ethan exclama, perplexo, observando Anael à minha frente.

— Eu vi coisas. Vi o sofrimento no paraíso, vi o que os anjos fizeram. Eu vi a corrupção de Azazel atormentando sua irmã, minha mãe, e aquele demônio. — falo, lembrando-me do que aconteceu. As memórias ainda estão presentes na minha mente.

Elas se repetem incessantemente, e sinto a angústia e o desespero tomando conta de mim. É como sentir o que todos os demônios sentiram.

— São todos corruptos, impuros! Por que acha que Lúcifer fez isso? Por que acha que ele tomou aquelas atitudes? EU VI! EU VI A DOR E O SOFRIMENTO QUE ELES PASSARAM! Era apenas um amor entre duas criaturas! — grito, abalado com toda a situação.

Minha transformação é instantânea. Vou até Anael e lanço meu poder com força, derrubando-o. Corro até ele, agarro seu pescoço e o levanto contra a parede.

— AGORA EU VEJO TUDO! FORAM VOCÊS QUE CAUSARAM ISSO TUDO! — digo, conjurando meu poder, pronto para atacar.

Não consigo me controlar, isso é mais forte que eu. Mesmo que eu tente, é impossível cessar minhas ações.

— HARRY! — Alice grita, assustada.

— Está tudo aqui! AHH! — caio no chão, batendo as mãos na cabeça.

— Eita... — Ethan murmura, notando o símbolo em meu peito.

Caído no chão, Anael se levanta e vem me ajudar.

— Harry, eu sei que tudo isso foi imprudente, sem sentido. Guerras nunca deveriam ter existido no paraíso! Acabei de descobrir que um aliado e líder do Conselho Supremo é extremamente corrupto! Mas isso não foi minha culpa, nunca foi minha decisão! — Anael diz, sentindo minha mente perturbada, colocando suas mãos sobre minha cabeça.

Consigo sentir Anael entrando em meus pensamentos. Aos poucos, me acalmo. Os chifres e asas desaparecem, mas minhas lágrimas rolam pelo rosto. As vastas lembranças de Lúcifer ainda me atormentam.

Os Meios Não Justificam Os FinsOnde histórias criam vida. Descubra agora