CAPÍTULO DOZE

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Entramos mais fundo na floresta, as sombras das árvores se tornando mais densas e o ar mais fresco e úmido. Seguimos Owen, que nos guia com passos firmes e decididos, sua presença imponente nos transmitindo segurança. À medida que avançamos, Owen assume sua forma maior, crescendo até sua altura colossal. Com movimentos poderosos e precisos, ele afasta as árvores com suas enormes mãos, abrindo caminho entre a vegetação densa. Os galhos estalam e as folhas farfalham sob seu toque, criando uma trilha clara por onde podemos passar. E de repente, ele para.

— Já chegamos? — Anael pergunta, notando a pausa de Owen.

— Sim, já chegamos! — Owen responde, olhando para todos nós.

— Ham? — digo, percebendo que só há árvores e mato ao nosso redor.

— Oxe. Mas aqui só tem mato! — Ethan exclama, observando o local em que estamos. — Só tem mato!

— Oh, desculpem-me meus modos. — Owen diz, tocando uma barreira invisível que agora conseguimos ver com o toque de sua mão.

 É uma barreira?

Owen então atravessa a barreira e desaparece.

— Então? — Alice pergunta, confusa. — Ainda me pergunto por que fico surpresa.

Ficamos ali, em silêncio, sem sinal de Owen.

— Vão ficar aí parados ou vão entrar logo? — Owen diz, sua cabeça surgindo visível com um largo sorriso no rosto.

Então atravessamos a barreira. O lugar que se revelou diante de nós é de uma beleza indescritível. Gigantes de todas as idades andam pelas ruas feitas de cascalho, suas risadas ressoando como música no ar. Crianças brincam despreocupadas, correndo entre as casas construídas em um estilo medieval encantador, com paredes de pedra e telhados de palha, cobertas por uma vegetação exuberante.  Flores de todas as cores e formas bordam o caminho, suas pétalas brilhando à luz suave do sol. Pinheiros altos e majestosos adornavam o ambiente, suas agulhas verdes balançando suavemente com a brisa. Vejo um riacho límpido e cristalino corta a vila, suas águas murmurando enquanto correm sob uma ponte de pedra antiga, ligando os dois lados do vilarejo. escuto os sons da natureza preenchendo o ar – o canto melodioso dos pássaros, o farfalhar dos esquilos nas árvores e o ocasional bramido dos veados pastando nas margens do riacho. O ambiente é um refúgio de paz e tranquilidade, um lugar onde o tempo parece parar, e os problemas do mundo exterior se desvanecem como uma memória distante.

Olho para Anael e vejo que ele está diferente. Suas asas majestosas e seu corpo resplandecente de anjo desapareceram, agora ele parece apenas um humano comum. Seu semblante antes radiante está suavizado por traços de preocupação e cansaço. Os olhos, ainda brilhantes, revelam uma profundidade e uma história que transcendem a aparência mundana. Ele me observa com uma expressão mista de empatia e determinação, um lembrete silencioso de sua verdadeira natureza e do fardo que ambos carregamos.

— Obrigado! — digo, sorrindo, a gratidão transbordando em minhas palavras enquanto agradeço a Anael por ter curado meu pai.

Anael apenas sorri de volta, um sorriso que carrega o peso de suas promessas cumpridas e um alívio silencioso. Ele cumpriu o que prometeu, salvou meu pai, e isso eu jamais vou esquecer. Seu olhar é sereno, mas seus olhos revelam a profundidade do sacrifício e do esforço que fez. 

— Não tem internet? — minha irmã pergunta, estendendo a mão direita com o celular, tentando desesperadamente encontrar um sinal de telefone. — Preciso mandar uma mensagem.

— Aqui na vila dos gigantes não temos internet. Não pega sinal nesta parte da floresta, principalmente porque existe uma barreira invisível cercando ela — explica Owen, observando Alice tentar várias vezes, sem sucesso, encontrar algum sinal. Provavelmente, ela quer falar com nossa mãe ou mandar mensagem para o suposto "amigo" que ela fez nas férias.

Os Meios Não Justificam Os FinsOnde histórias criam vida. Descubra agora