CAPÍTULO ONZE

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A manhã seguinte chegou. Acordei assustado, ainda não acostumado com a ideia de estar sendo perseguido. Mal consegui pregar os olhos, apenas cochilei por alguns minutos e, quando acordava, via Anael vigiando as janelas ou as portas. Ele cuida de mim, e consigo enxergar sua preocupação. Afinal, ele é meu tio.

A vida é cheia de surpresas, muitas das quais nos pegam desprevenidos. Sempre tive medo disso, medo do desconhecido que nos aguarda.

— Bom dia, Harry! — Anael diz ao me ver pular da cama.

— Bom dia. Alice, onde ela está? — pergunto, preocupado com minha irmã.

— Calma! Ela foi se despedir de sua mãe. Ela entrou no quarto e disse que ia para o hospital.

Desci as escadas e me deparei com Alice e Ethan sentados à mesa da cozinha, tomando café da manhã.

Então é isso, bom dia, né?

— Ethan? — falo, coçando os olhos e bocejando levemente.

— Eu disse que viria o mais rápido! Não vou te deixar nessa sozinho — Ethan fala com uma torrada na mão. — Quer tomar café? Acabamos de preparar. Tem pão, torrada, waffles, panquecas.

Torradas, pão, waffles, panquecas. Uau! É um banquete?

— Sim, eu quero! — respondo, vendo Anael se aproximar.

Agora estamos todos sentados à mesa da cozinha, tomando café da manhã. E sim, até o anjo. Para minha surpresa, eu nem sabia que anjos comiam.

A mesa está repleta de pães frescos, frutas, sucos e café quente. Alice, com seus olhos ainda sonolentos, passa a geleia no pão com movimentos lentos. Ethan, sempre animado, já está na terceira xícara de café, falando sobre os planos para o dia. E lá, entre nós, o anjo. Ele está sentado com uma postura tranquila, quase solene. Seus olhos, que brilham com uma luz que não é deste mundo, observam tudo ao redor com uma curiosidade serena. Quando ele leva um pedaço de maçã à boca, é difícil não ficar hipnotizado pela simplicidade do gesto. A cena toda parece surreal; um ser celestial compartilhando um momento tão mundano conosco.

— Eu não sabia que anjos precisavam comer — Ethan olha para ele com uma expressão de fascínio misturado com ceticismo.

— Não precisamos — responde o anjo com um sorriso suave. — Mas podemos apreciar os prazeres da vida humana. Às vezes, esses momentos simples são os que mais nos conectam.

— No livro diz que vocês podem conjurar qualquer quantidade de luz. Posso ver? Pode mostrar? — Ethan pede, suplicante.

— Tudo bem, tudo bem — Anael riu e conjurou uma pequena quantidade de luz na mão direita, formando uma esfera. A esfera de luz flutua até Ethan.

— UAU! — Ethan exclamou, enquanto a esfera se desfazia.

*

Anael falou comigo sobre a necessidade de controlar meu poder. Ele insistiu que eu precisava aprender a manejar essa força, especialmente se Lúcifer tentasse se conectar comigo novamente. Concordei, sabendo que precisava estar preparado para o que viria.

Anael nos teletransportou — eu, Alice e Ethan — para um local afastado. O contraste com a agitação da nossa vida recente é marcante. O lugar em que nos encontramos agora é uma vasta planície coberta de flores amarelas. As flores dançam suavemente ao sabor da brisa, parecendo uma manta dourada que cobre a grama do terreno. Ao longe, colinas suaves elevavam-se, criando um horizonte ondulado que parece tocar o céu azul claro.

O ar estava cheio de fragrâncias doces, uma mistura de flores silvestres e terra fresca. O som da brisa movendo-se entre as flores é quase musical, e a sensação de paz é palpável. Pássaros cantam nas árvores próximas, e um pequeno riacho serpenteia pela planície, sua água cristalina reflete a luz do sol.

Os Meios Não Justificam Os FinsOnde histórias criam vida. Descubra agora