CAPÍTULO OITO

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Agora eu e Alice estamos no mercado. Caminho até a seção de enlatados e pego dois potes de macarrão instantâneo. É o suficiente para juntar os dois e servir para nós três. Rápido e fácil, penso, tentando agilizar as coisas.

Nos movemos rapidamente para o caixa, mas nos deparamos com uma fila grande. Suspiro, resignado, e começo a observar as pessoas à nossa frente. Duas mulheres estão conversando logo adiante. A mais velha aparenta ter cerca de 60 anos, com cabelos grisalhos e um olhar experiente. A outra parece estar na casa dos 30, com uma expressão mais ansiosa e os olhos atentos a cada movimento ao redor.

O ruído suave das suas vozes chega até mim, fragmentos de conversa que se misturam com o burburinho do mercado. A mulher mais jovem gesticula enquanto fala, aparentemente explicando algo, enquanto a mais velha acena com a cabeça, escutando com atenção.

— Fiquei sabendo que o funcionário que trabalhava aqui morreu. Me disseram que foi possuído! — a senhora fala, segurando uma sacola de compras cheia.

— Eu fiquei sabendo, Nina. E tem mais! Não foi só ele. A minha vizinha chegou em casa e encontrou a filha no chão, tremendo! — a mulher mais jovem responde, perplexa.

— Deus me livre, Emma. Temos que rezar para que isso não aconteça com os nossos — a senhora diz, fazendo o sinal da cruz. — Esta cidade está longe de se tornar pura novamente. "Cidade Amaldiçoada" é pouco para o que estamos vivendo!

Possessões demoníacas, pelo que sei, ocorrem quando um demônio entra no corpo de alguém. Os sintomas incluem convulsões e desmaios, como se a pessoa estivesse morrendo. Pelo que dizem, os sintomas do funcionário do mercado e do garoto na escola se encaixam perfeitamente em uma possessão. Sabendo que demônios existem, não há dúvidas de que ele foi possuído.

A fila anda mais um pouco, e avisto Ethan no mercado. Aceno para ele me ver. Em segundos, ele nos encontra e se aproxima, segurando uma massa de bolo. Pelo menos Ethan sabe cozinhar.

— Nossa, esse mercado é imenso! Finalmente achei vocês — Ethan diz, nos cumprimentando com um soquinho. — Como está o senhor Cooper?

— Na mesma. Os médicos disseram que é catalepsia, mas ele ainda está em observação.

Saímos da fila do mercado e agora estamos nas movimentadas ruas de Denver. O céu noturno está estrelado, com a lua lançando sua luz prateada sobre a cidade. A atmosfera é serena, mas meu medo é constante e palpável.

Enquanto observo as estrelas, um demônio emerge repentinamente do chão, envolto em uma neblina escura que parece sussurrar ameaças.

— Harry, a hora do caos chegou! — o demônio grita com uma voz rouca, avançando em nossa direção com garras afiadas.

— MAIS QUE PORRA É ESSA?! — Ethan exclama, seu rosto refletindo o choque e o medo diante da cena sobrenatural que se desenrola diante de nós.

Antes que o demônio possa nos alcançar, um anjo desce dos céus com uma entrada majestosa, suas asas brilhando à luz da lua. Ele se posiciona entre nós e o demônio, emanando uma aura de poder celestial.

— Demônio imundo! — o anjo declara com voz firme, estendendo as mãos em direção ao inimigo. Uma explosão de luz irrompe de suas palmas, atingindo o demônio em cheio e o lançando para trás com força, fazendo-o colidir violentamente contra uma lixeira próxima, que se parte com o impacto.

— Vamos! — Alice grita, agarrando meu braço e puxando Ethan enquanto corremos desesperadamente em direção a um beco estreito e escuro, tentando escapar do caos que se desenrola ao nosso redor.

Ofegantes, nos encolhemos atrás de caixotes empilhados no beco, escondidos na escuridão que cheira a detritos e mofo.

— O que foi aquilo??? — Ethan sussurra, seu olhar ainda cheio de incredulidade e temor. — Era um anjo DE VERDADE?

Os Meios Não Justificam Os FinsOnde histórias criam vida. Descubra agora