Os Meios Não Justificam Os Fins

CAPÍTULO DEZESSETE

— Harry!! — Owen se ajoelha ao meu lado, desesperado, tentando encontrar uma solução. — ANAEL!! — Owen grita chamando o meu tio Anael.

— LÚCIFER! LÚCIFER! — grito, debatendo-me. — TIRA ELE DE MIM! TIRA ELE DE MIM!

— Você não vê? JÁ SABE DE TUDO QUE PASSOU E AINDA ASSIM DEFENDE OS ANJOS! - escuto Lúcifer em minha mente. — Harry, filho... junte-se a mim! VOCÊ NÃO TEM PARA ONDE FUGIR! A guerra já começou! Minha vingança já se iniciou! NÃO HÁ MAIS ONDE SE ESCONDER!

— Sai! SAI DAQUI! AAAA! — grito, tentando expulsar Lúcifer da minha mente.

Já o expulsei uma vez, posso fazer isso de novo. Mas primeiro, preciso saber onde Lúcifer está, quero saber quando ele pretende atacar. Então, me estabilizo. Não estou mais ofegante ou tremendo. Meu corpo está normal. Levanto-me e me transformo.

— Harry? — Owen diz, observando-me levantar e me transformar.

Meus olhos brilham intensamente, sinto o calor da energia emanando deles. Com um pensamento, conecto-me com Lúcifer. Agora, não é mais ele na minha mente, sou eu que entro na dele.

— A sensação não deve ser boa. Mas digamos que você vai sofrer um pouco. Acho que já sabe bem como isso funciona. — digo, escutando seus pensamentos.

— AAAAAH! — Lúcifer grita de dor enquanto procuro informações em sua mente.

Procuro qualquer coisa: lugares, falas, o passado recente. Quero saber quando Lúcifer atacará o Paraíso. Então, vejo uma lembrança fresca, de apenas seis horas atrás. Vejo-o falando com um demônio.

— Nem tudo está perdido ainda! — Lúcifer diz.

— Mas então o que vamos fazer? — o demônio questiona.

— No anoitecer da terra, vamos invadir o paraíso e assim terminar a maldita guerra que eles começaram. — Lúcifer abaixa a cabeça. — Será por todos aqueles que morreram, por cada um que se foi... Será por Laylah.

Ótimo, já tenho o suficiente. Saio da mente de Lúcifer, desfazendo a possessão. Já consegui o que queria, agora só precisamos agir rapidamente.

Volto à minha forma humana e olho para Owen. Reúno todos os gigantes na praça central da vila. Anael está se perguntando o que está acontecendo, e Owen ainda não entende absolutamente nada.

— Harry, o que está acontecendo? — Anael pergunta, confuso com a situação.

— Lúcifer atacará ao anoitecer, quando o sol se põe na Terra. Ele vai agrupar seus demônios em quatro batalhões, posicionando-os estrategicamente. — Faço um gesto e um grande papel é teleportado para minha mão, juntamente com um lápis. Desenho um círculo. — Esta é a área do Paraíso. Lúcifer posicionará seus batalhões no norte, sul, leste e oeste, aprisionando os anjos em sua própria casa.

— Certo, prossiga. — um gigante diz, aproximando-se da mesa e observando os rabiscos no papel.

Aponto para o meio do círculo.

— No centro, está a sede do Conselho Supremo. É lá que Lúcifer atacará primeiro, forçando os anjos a tentarem escapar, mas eles não conseguirão — explico, a certeza em minha voz surpreendendo até a mim mesmo.

— Porque haverá demônios em volta do Paraíso. — Owen completa, começando a entender o esquema.

Estou tão concentrado, tão envolvido na estratégia que descrevo, que paro por um instante, espantado com a clareza de meus pensamentos. Uau. Nunca me senti tão certo de algo em toda a minha vida. É como se, de repente, todas as peças do quebra-cabeça tivessem se encaixado perfeitamente em minha mente.