Alice está perplexa. Não consegue parar de andar de um lado para o outro, seus olhos totalmente arregalados expressam sua incredulidade.
— "Demonios e anjos?" — Alice para de andar em círculos e me encara novamente, repetindo a pergunta várias e várias vezes.
Eu contei tudo a ela, desde o primeiro encontro com Anael até o momento presente. Seus olhos castanhos escuros estão completamente arregalados, seus dedos passam pelo cabelo ondulado de cor castanha, evidenciando sua inquietude.
Agora, estou com uma aparência normal. Sem chifres, sem asas, sem parecer um demônio ou qualquer outra criatura mitológica.
— Então está me dizendo que existem anjos e demônios na vida real? Harry, você é filho do capeta? — Ela coloca as mãos na boca, chocada. — Meu Deus, Harry! Você é realmente filho do capeta!
Filho do capeta? Sério?
— Alice, tenta ficar calma. Não sei ao certo quem sou, muito menos o porquê de tudo isso acontecer. — Tento manter a calma enquanto gesticulo. — Por favor, tenta ficar calma.
Ainda estou assimilando o que fiz no paraíso. Foi extraordinário. Senti aquele poder por todo o meu corpo, pelas minhas veias, minhas mãos. "Um híbrido, metade anjo, metade demônio. Receptáculo do poder da luz e do caos." Foram essas palavras que descreveram quem sou. Mas não sei nada sobre o que de fato há em mim. Talvez aquele livro do Ethan tenha as respostas.
— É muita informação! Você está ouvindo o que está falando? Existem anjos, existem demônios. Meu Deus. — Alice se senta na minha cama com as mãos no rosto.
Claramente ela esta perplexa com a descoberta.
— É muita informação! Você está ouvindo oque está falando? Existem anjos, existem demônios. Puta merda. — Alice se senta na minha cama com as mãos no rosto. — Mas e o papai? Oque vai acontecer com ele?
— Ele me prometeu que o ajudaria quando voltasse. Mas ele está morto. Anael está morto — Falo em meio a lágrimas caindo sobre meu rosto. Aquilo era a salvação para meu pai. Anael havia prometido curar ele.
Alice me envolve em seus braços com um abraço que transborda amor, tristeza e compaixão. Sinto a dor fluir através desse gesto caloroso, como se cada batida de seu coração compartilhasse um pouco da carga que carrega. Seu abraço é como uma montanha-russa emocional, com seus altos e baixos imprevisíveis, onde nunca se sabe se estaremos no topo ou no fundo.
É uma sensação complexa, refletindo a própria vida, repleta de surpresas que chegam, quer as aceitemos ou não.
*
A aula parecia arrastar-se em um ritmo lento, como se o tempo estivesse se esticando até o limite. Minha cabeça estava baixa, lutando contra o cansaço que ameaçava me dominar. Não sou capaz de dormir em qualquer lugar que não seja minha cama, mas naquele momento até mesmo uma cadeira dura parecia convidativa o suficiente para me render.
— Harry, poderia me dar um exemplo de proteína? — A pergunta da professora me arrancou da beira do sono, e eu ergui a cabeça para encontrar todos os olhos da classe fixos em mim. — Harry? — Ela notou minha aparência, as olheiras profundas e o cansaço que transparecia em cada fibra do meu ser.
Eu mal havia dormido na noite anterior, passando horas esperando por uma ligação da minha mãe. Uma única chamada às 4 da manhã, informando que meu pai ainda estava em observação e sem melhoras, foi tudo o que consegui.
— Não estou me sentindo muito bem, posso ir ao banheiro? — Minha voz saiu trêmula, e a classe toda agora estava focada em mim.
— Claro, Harry! Quer ir à enfermaria? Tomar algum remédio? — A professora se aproximou, preocupada.
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Os Meios Não Justificam Os Fins
FantasíaHarry, um adolescente de 16 anos, leva uma vida comum, repleta de sonhos e desejos. No entanto, sua existência tranquila é virada de cabeça para baixo quando descobre um segredo que pode mudar sua vida drasticamente e colocar em risco tudo o que ele...