Os Meios Não Justificam Os Fins

CAPÍTULO QUINZE

LÚCIFER

Essa história jamais se repetirá. Arrancaram tudo de mim, tiraram o que mais amava, o amor que iluminava meus dias e destruiram meu futuro, reduzindo-o a cinzas e desespero. Agora, não hesitarei, não terei piedade. Eu tinha sonhos, tinha planos. Laylah morreu por culpa deles, assassinada pelas mãos de sua própria raça. Eles tiraram meu filho de mim, separaram-me de tudo o que eu tinha de mais precioso e me prenderam por anos em uma jaula imunda, como se eu fosse uma besta abominável. Na escuridão daquela prisão miserável, no subsolo congelado e isolado do mundo exterior, fui forjado pelo ódio e pela sede de vingança. Anos se passaram e, enquanto a angústia corroía minha alma, urdi um plano com meus aliados. O frio e a escuridão tornaram-se meus únicos companheiros, mas também foram os elementos que temperaram meu espírito, transformando-me em uma força implacável. Hoje, eles sentirão a dor que sofri, hoje conhecerão o caos que causaram na vida dos demônios.

O caos chegou, bate à porta, dizendo: "Olá! Vim para concluir o que vocês começaram." E assim um novo mundo será forjado, um mundo sem anjos, sem qualquer criatura celestial, exceto aqueles que se curvarem ao meu domínio. Não haverá mais misericórdia, não haverá mais compaixão. Cada lágrima derramada por Laylah, cada grito sufocado na escuridão da minha prisão, será vingado com sangue.

Eu sou a tempestade que ruge na noite, o eco da vingança que não pode ser silenciado. Aos que me desafiaram, resta apenas o desespero, pois estou vindo buscar o que me foi tirado, e nada poderá deter a fúria que arde em meu coração. O equilíbrio será restaurado pelo caos, e um novo reino se erguerá das cinzas do antigo, governado pela justiça impiedosa de um demônio que não tem mais nada a perder. Preparem-se, pois a escuridão está prestes a consumir a luz. O fim dos dias chegou, e com ele, a ascensão de um novo soberano. Aqueles que se opuserem a mim serão esmagados, e aqueles que se curvarem conhecerão a verdadeira natureza do poder. O futuro pertence aos demônios, e o mundo será nosso, moldado pelo fogo da vingança e pela determinação inabalável de um pai que perdeu tudo e encontrou no ódio a força para recomeçar.

E aqui estou eu, diante dos portões do Paraíso, cercado pelos demônios. Mal consigo acreditar. Por dias, pensei que jamais retornaria a este lugar. Cada pedra, cada nuvem, cada raio de luz me causa dor, evocando lembranças de tudo o que já vivi aqui, tudo o que de ruim aconteceu.

— Ah, o lar doce lar... — murmuro enquanto observo os demônios ao meu redor.

— É estranho, não há nenhum anjo ou arcanjo aqui — comenta um dos demônios, notando a ausência das criaturas celestiais no Paraíso.

— Espertos... SINTO A PRESENÇA DE VOCÊS AQUI! — grito, desafiando os anjos e arcanjos que estão se escondendo.

Antes que pudéssemos reagir, somos confrontados por quatro arcanjos que tentam nos atacar, mas eu os defendo conjurando uma espada e os afasto com um movimento hábil.

— Quanto tempo, não é mesmo? — comento, aumentando o tamanho da espada e envolvendo-a com uma chama negra.

— Você não é bem-vindo aqui, Lúcifer! SABE O QUE FEZ! — adverte um arcanjo, conjurando poder em sua mão.

— E é assim que me recebem... nunca foram bons em recepção! — respondo, avançando em direção aos arcanjos com a espada arrastando pelo chão.

Outros anjos teleportam para o local, e Azazel logo chega, visivelmente surpreso ao ver o corpo de Harry.

— HARRY? — exclama Azazel, abismado. Seus olhos, normalmente frios e calculistas, se arregalam em um misto de choque e terror. A máscara de confiança que sempre ostentava se dissolve instantaneamente, revelando a vulnerabilidade oculta por trás de sua fachada implacável.