Entro em casa com Ethan e Alice, mas logo Ethan se despede, deixando-nos com um leve abraço. Posso sempre contar com ele, sempre.
— Me mantenha informado. Vou deixar o celular ligado caso queira me ligar. — diz ele, acenando para Alice antes de partir.
— Têm uma parte queimada no seu quarto. Você estava mexendo com fogo? — Alice comenta assim que nos sentamos no sofá da sala.
— Tive um trabalho de química. Sem querer, misturei potássio e água, e acabou causando uma pequena explosão na parede — explico.
— Então, isso também responde aos barulhos vindo do seu quarto. — observa Alice, sentando-se no sofá. Ela coloca as mãos no rosto e suspira profundamente. Eu me aproximo e passo o braço em volta dela.
Alice desaba em lágrimas, suas mãos ainda cobrindo o rosto.
— Ele vai se recuperar, Alice. Logo logo vamos vê-lo novamente cozinhando seu famoso estrogonofe de frango pra gente! — tento confortá-la. Nunca fui uma pessoa de esperanças. Sempre fui "pé no chão", pensando no real, no possível, não no impossível. Não estou dizendo que meu pai vai ficar assim para sempre, só não gosto de me iludir com as coisas. É mais fácil não esperar algo do que se decepcionar esperando que alguma coisa possa acontecer.
Alice sobe as escadas indo para seu quarto. Eu faço o mesmo, quase caindo de sono.
Desligo o abajur e me deito na cama. Vou arrumar essa bagunça amanhã.
Minha cabeça está a mil. As perguntas surgem incessantemente: "Por que meu pai desmaiou?" e "O que ele viu naquele anjo?" Uma raiva cresce dentro de mim. E se aquele anjo tiver algo a ver com a convulsão do meu pai? Por que eu estaria em perigo? O que ele quer comigo?
— Eu te entendo perfeitamente, Harry — diz o anjo, aparecendo com uma luz brilhante à minha frente. — Eu sinto muito.
— Você... — Eu me afasto rapidamente, uma torrente de emoções inundando minha mente.
— Não temos muito tempo! Se Lúcifer tentar se conectar ao seu corpo novamente, ele poderá usar seu poder — o anjo insiste, aproximando-se mais uma vez.
— Fique longe de mim! — Eu recuo, tirando minha mão do local onde ele iria tocar. — Por sua culpa, meu pai está no hospital lutando para sobreviver! Tudo isso aconteceu quando VOCÊ apareceu no meu quarto. O que você fez com meu pai? O QUE VOCÊ FEZ COM ELE? — Minhas palavras são afogadas por lágrimas de frustração. Por que esse anjo está me perseguindo? O que ele quer comigo?
— Seu pai logo ficará bem! Mas temos que nos preocupar com o essencial agora. Sua segurança! Precisa vir comigo, Harry. Não entende?
— Foda-se minha segurança! Não te conheço, não sei nada sobre você! Apareceu simplesmente em meu quarto como uma assombração. Não pedi para que viesse, não pedi para que chegasse até mim! — Eu me levanto, desafiador. — Foda-se o que você quer comigo. Eu. Não. Ligo! — Mais lágrimas inundam meu rosto, uma expressão de desespero e raiva.
— Todos os dias em que eu estava ao seu lado. Todos os dias em que você se sentia observando", ele murmura, abaixando a cabeça brevemente. — Quem você pensava que era? — Ele olha para mim, lágrimas nos olhos. Um anjo pode chorar?
— Então era você... — murmuro, atônito, finalmente encontrando a resposta que procurei quase minha vida inteira. Era Anael todo esse tempo.
— Fiquei ao seu lado te vigiando caso Lúcifer tentasse possuir seu corpo. Sempre te acompanhando na escola, em sua casa — Anael explica, sentando-se em minha cama. — Já faz bastante tempo quando seu pai havia me visto pela primeira vez cuidando de você no berço. Ele me viu no seu quarto, então, para o bem dele, eu apaguei as memórias daquele momento em específico. Mas, hoje, ele me viu novamente e deve ter ocasionado um colapso mental entre as memórias dele. Harry, eu sei como resolver isso, mas para isso acontecer, você precisa vir comigo até o paraíso.
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Os Meios Não Justificam Os Fins
FantasíaHarry, um adolescente de 16 anos, leva uma vida comum, repleta de sonhos e desejos. No entanto, sua existência tranquila é virada de cabeça para baixo quando descobre um segredo que pode mudar sua vida drasticamente e colocar em risco tudo o que ele...