Bordel em chamas🦋

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— Capítulo 22

                                •••

A Suellen era definitivamente uma menina amargurada e consumada pelo ódio e a sede insaciável de vingança.
Ela havia descarregado toda fúria que tinha do seu passado turbulento na pobre da Jennifer e atualmente em mim. Mesmo nós duas não tendo a menor culpa de tudo que lhe aconteceu.
Contudo, bem lá no fundo eu conseguia atendê-la e por mais que ela desejasse o meu mal, eu necessitava ajudá-la de alguma forma, mas o seu coração estava petrificado e se negava a me dar uma chance.

Uma arma apontada para sua cabeça, não foi suficiente para fazê-la desistir de destruir possivelmente a única oportunidade que eu teria de fugir daquele bordel.
Dominada pela ira e cega de rancor, ela não pensou duas vezes em chamar a Morgana e arruinar tudo.

— Senhorita Morgana! — Bradou sem hesitar.

Não demorou muito para a vigarista aparecer acompanhada dos seus capatazes.

— Ora, ora até consigo presumir o que está acontecendo aqui! — Atravessou a porta, analisando toda a cena.

— Chefe, esse cara é um impostor e está tramando uma invasão no bordel.
A Jéssica sabia de tudo o tempo inteiro. — Entregou a Suellen.

— Ponha a arma no chão devagar e as mãos na cabeça! — Pediu ao Felipe, com cada um dos seus seguranças o apontando um revólver.
— Parece que está em minoria aqui, senhor Mohammed!

— Só para saber, o meu nome é Felipe, sua estúpida! — Afrontou.

— Morgana, você está num beco sem saída. Se mata-lo irá piorar ainda mais a sua condenação. — Tentei intervir.

— Oh que ternura! Defendendo o amado. Eu deveria ter acabado com você muito antes, sua enxerida!
Mas sabe que agora será até mais emocionante?
Já que é tão romântica, que tal morrer igual a Julieta ao lado do seu Romeu?
Comece a rezar princesa, porque depois dele, será você! — Retrucou.

— Pense bem no que vai fazer ou irá envelhecer numa cela podre e menos confortável do que o quarto que nos aprisionava. — Falei.

— Suplique pela sua vida, seu salafrário! — Destravou sua arma, prestes a disparar.
Bem que desconfiei que essa história de shake árabe estava me cheirando mal?— Rosnou.

— Pelo visto, não é tão esperta como pensa. Caiu feito um patinho e agora não há mais o que fazer, né?
Nesse exato momento, já acionei a polícia e estão cercando o bordel. Perdeu, sua pistoleira!  — Pronunciou ele, nem um pouco intimidado.

— Eu posso até cair. Mas você vai junto, seu desgraçado!
Quer bancar o herói, mas de certa forma compactuou com o crime ao me pagar milhões para usar da minha mercadoria. Isso não é nem um pouco correto, sabia? O que acha que o juiz dirá sobre isso?

— Você é burra mesmo, né? Eu nunca fui um cliente seu, sua megera! Ah, e a maleta de dinheiro que te dei está cheia de notas falsas. Porque não vai dar uma conferida? — Sorriu sarcástico.

— Eu vou acabar com a sua raça. Lúcio estoure os miolos dele! — Ergueu a voz, bufando de raiva.

— Por favor, não faça isso! — Implorei, me pondo na frente dele.

— Que bonitinho! Preferindo tomar um tiro no lugar do amado...
é até bom que economiza bala.
Eu ainda serei gentil em permitir que diga suas últimas palavras. — Exclamou.

Nesse instante, um barulho forte da porta sendo arrombada no andar de baixo, nos fez tomar um grande susto.

— Senhorita Morgana, são os policias! Conseguiram entrar no bordel. E agora, o que faremos? — Alertou um dos seguranças entrando afobado no quarto.

— Tive uma ideia. Vamos incendiar tudo para despista-los e saímos pela porta do porão! — Afirmou.

Rapidamente começaram a pôr fogo nas cortinas e na cama.
Em questão de segundos, o quarto se tornou uma fornalha ardente.

— Prenda-os aqui para morrerem queimados! — Ordenou de imediato.

— Senhorita Morgana, eu vou com vocês! — Sugeriu a Suellen pegando em seu braço.

— Meu doce, você foi uma boa menina. Nem sei como te agradecer por ter sido praticamente uma de nós, com o sangue da máfia correndo nas veias.
Só que infelizmente, não precisarei mais da sua ajuda. Foi bom enquanto durou. Adeus, minha flor! — Apertou as bochechas dela e em seguida, trancou a porta.

— Queimem no inferno, seus miseráveis! — Falou do outro lado.

— Jéssica, depressa! Vamos sair pela janela. — Gritou o Felipe, quebrando o vidro.

— Não dar, é muito alto! — Tremi na base.

— Presta atenção, eu vou jogar um colchão e teremos que pular sobre ele, entendeu?
Você precisa confiar em mim. — Exclamou, segurando meu rosto.

— E se não der certo? — Murmurei.

— Temos que arriscar! Se agarre em mim e me jogarei de costas, caindo deitado. Vem! Você por cima, será melhor.

— Espera! — Falei virando a vista para a Suellen, que me olhava paralisada no canto da porta, sem saber o que fazer.

— Suellen, vem! — Chamei, estendendo a mão.

Porém, ela permaneceu imóvel e deu dois passos para trás, até seu rosto ir desaparecendo no meio da fumaça.

— Felipe, não podemos deixa-la aqui. Ela vai morrer carbonizada! — Gritei desesperada.

— Não há mais o que fazer. Ela colheu o que plantou...
Anda logo Jéssica, as chamas estão se alastrando!

— Vai em paz Suellen, que sua nova casa seja repleta de luz e harmonia. Eu te perdoo! — Pronunciei com um aperto profundo no coração.

— Jéssica, depressa! Tô sufocando.— Chamou ele, tossindo.

Abracei-me nele, fechei firme os olhos e esperei que contasse até três, antes de sacudir o seu corpo janela abaixo.

Continua...

Me chame de puta! ( CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora