A noite é uma criança🦋

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- Capítulo 1

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Sabe aquela frase conhecida e um tanto clichê, mas que descreve com veracidade o fato de "não devermos julgar ninguém, pois não sabemos o que o amanhã nos reserva?"
Então, eu costumava agir exatamente igual uma completa estúpida, quando apontava e menosprezava as prostitutas das esquinas do meu bairro que se submetiam a saírem com inúmeros homens em troca de dinheiro.
Mal sabia eu, o que estava destinado a acontecer que me faria mudar totalmente de opinião.
Antes, eu era uma típica patricinha soberba, egoísta e narcisista, que não se importava com nada mais, além de enaltecer o meu ego diminuindo o alheio.
Possuía basicamente tudo que qualquer jovem de dezenove anos desejaria ter: beleza, popularidade e independência.
Porém, infelizmente o que faltava para completar o acúmulo de atributos era humildade e empatia.

                                 ***

A noite limpa e estrelada de uma segunda-feira calma, foi o cenário perfeito para o acontecimento drástico que mudou a minha vida radicalmente.

— Credo! Essas vagabundas estão por todas as partes. Deveriam proibir este tipo de servicinho sórdido aqui em Nova York. Sem contar, que ninguém é obrigado a ver tanta mocreia promíscua andando tão mal vestida. Aonde elas pensam que irão desse jeito? Até onde sei, ainda não é halloween. — Critiquei absurdamente em uma lanchonete a alguns quilômetros do meu apartamento, enquanto tomava um cappuccino, ao alcançar pela janela a imagem típica de uma garota de programa encostada no semáforo do outro lado da rua, abordando um cliente.

Ela usava um micro short jeans com parte das nádegas expostas, uma blusa transparente marcando os mamilos, botas pretas acima dos joelhos e uma bolsinha vermelha acolchoada de lado, o que me despertava um leve asco por tamanha cafonice.

— Não fale assim Jéssica! Você acha que elas fazem isso porque querem? É um trabalho árduo e que não deixa de ser digno, sabia? — Contestou a Bianca, minha irmã mais velha girando o canudo do seu 'milkshake' na direção do meu nariz.

— Olha só, a “defensora das putas” está afiada nos seus discursos totalmente irrelevantes. Vai me dizer que desejaria ser uma delas por a caso? — Fiz cara de desgosto, amassando um guardanapo.

— Não, porque graças a Deus sou formada em direito e me esforcei bastante para conquistar o meu diploma. Mas não as julgo, pois ninguém sabe o que realmente levaram elas a se sujeitarem a isso.

— Eu sei! Essa é bem fácil... foi o desinteresse e a falta de empenho em pelo menos tentarem ser alguém na vida que nem nós. — Bati na mesa, improvisando o martelo do juiz dando o veredicto final de um julgamento.

— Discordo dessa sua opinião presunçosa! Não é todo mundo que nasce com a mesma sorte que tivemos de termos um pai rico que nos criou em berços de ouro e nos deu de tudo. Desça do salto e experimente pisar no chão por um minuto. — Rebateu.

— Ai que saco, Bia! Porque você transforma tudo que eu falo em um debate interminável e fútil? Para de ser implicante! — Exclamei, perdendo a paciência.

— Não reclama! Quem mandou vir com suas palestras preconceituosas e medíocres? — Deu de ombros e voltou a abocanhar seu sanduíche de atum.

— Enfim, vamos mudar de assunto? O Biel te ligou? — Perguntei impaciente olhando para seu celular.

— Por que ele me ligaria? Você quem é a namorada dele, não eu. — Mostrou a língua.

— Larga de ser chata! Eu dei o seu número para ele, já que por enquanto estou sem o meu celular, pois acabei o derrubando acidentalmente na privada hoje de amanhã, acredita?

Me chame de puta! ( CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora