Final🦋

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- Capítulo 23

                                •••

Não conseguir acreditar que a estratégia do Felipe havia dado certo e que principalmente eu ainda estava viva, sem sofrer um mísero arranhão. Abrir os olhos lentamente e percebi que ele estava inconsciente e sem respiração.

- Felipe? Pode abrir os olhos! Nós conseguimos. - Falei apreensiva. Porém, ele não realizava nenhuma ação.

Pus o ouvido em seu peito e não deu para ouvir o seu coração, foi aí que entrei em desespero.

- Felipe? Não! Acorda! - Tentei uma massagem cardíaca, mas ele não retornava.
- Reage, por favor, meu amor! Você não pode morrer nessa altura do campeonato. Não me deixe! - Murmurei, lutando para reanimá-lo. No entanto, a queda pareceu ter sido fatal, pois o seu corpo estava rígido e gélido.

Os policiais logo vieram nos socorrer.

- Moço, não deixe ele morrer, por favor! - Supliquei imensamente aflita me jogando nos braços de um deles.

- Minha jovem, é importante que vá para o carro e aguarde uma equipe médica para examiná-la. É um milagre você está inteira. - Disse.

Enquanto uns faziam de tudo para salva-lo, os outros me levaram para a viatura, onde estavam as meninas.
Ao me verem, abraçaram-me emocionadas e felizes, mas eu estava em choque, crendo que perdi o Felipe para sempre.

Em poucos minutos os bombeiros apareceram para apagar o fogo que destruiu completamente o bordel.
Um choro estridente me tomou conta ao ver o corpo dele numa maca sendo levado pela ambulância.

Fomos conduzidas para o hospital, onde passamos por uma pilha de exames e nos deixaram internadas sob observação.

- Eu não consigo descrever o tamanho da minha alegria por está livre! Me belisca para ver se estou sonhando! - Comentou a Yuna explodindo de alegria.

- Nem me fale. Mal vejo a hora de voltar pra casa e rever a minha família. - Completou a Camila.

- A primeira coisa que vou fazer é procurar um psicólogo para me ajudar a superar o trauma dos horrores que vivi nesse lugar. - Exclamou a Larissa.

Eu me encontrava deitada num silêncio profundo, olhando para o teto como se estivesse em outra dimensão.

- Jessy, você está bem?

- Yuna, deixa ela pensar um pouco. Não ver que está em choque pela morte da Suellen. - Reclamou a Camila.

- É, foi uma pena a Suellen não ter conseguido escapar daquele fogaréu. Por mais que ela fosse uma chata, eu não queria que terminasse assim. - Lamentou a Larissa.

Ligaram a tv e um telejornal divulgava a notícia do ocorrido no bordel. As meninas comemoraram ao saberem que a Morgana e seus capangas foram pegos enquanto tentavam fugir e o Lúcio foi morto durante uma troca de tiros com os policiais.

- Bem feito! A justiça será feita e espero que ela apodreça numa cela abafada e suja de uma penitenciária minúscula! - Desejou a Camila.

- Agora essa vaca pagará por todos os crimes que cometeu. Eu só queria ter a oportunidade de cravar a minha mão na cara dela. - Rosnou a Larissa, fechando o punho.

- Não vale a pena, gente! O mal por si mesmo se destrói. - Proferiu a Yuna com seu velho senso de sensatez.

Um enfermeiro entrou no quarto perguntando por mim e pediu que eu me dirigisse para quarto ao lado, pois havia alguém querendo me ver.
Um misto de euforia e ansiedade me invadiu e sair correndo na expectativa de ser o meu amado.

Abrir a porta e os meus olhos saltaram de emoção ao vê-lo deitado na cama acordado e me saldando com seu belo sorriso.

- Oi meu amor! - Falou meio enfraquecido, com um tubo de oxigênio no nariz.

Não conseguir me controlar e o abracei fortemente de tanta felicidade.

- Você não sabe como estou feliz em te ver vivo. - Afirmei.

Ele estava pálido e fragilizado, mas não deixou dúvidas de que estava bem vivo pela ereção instantânea que teve quando me aproximei.

- Felipe, isso não é hora para isso, seu safadinho! - Endireitei a sua bata para disfarçar o volume.

- Eu estava com tanto medo de te perder! Nem sei como te agradecer por ter arriscado a sua vida me tirado dali. Eu te amo! - Encostei levemente os meus lábios nos seus.

                              ***

Eu e as meninas passamos dois dias no hospital.
Ao Sairmos de lá, cada uma seguiu o seu caminho voltando para seus respectivos países.

- Adeus, meninas! Eu nunca esquecerei de vocês, obrigada por tudo que fizeram por mim. Sejam felizes! - Me despedir delas com os olhos marejados.

- Qualquer dia as pedras se encontrão e sentaremos todas juntas em uma lanchonete para tomarmos um sorvete e jogarmos conversa fora! - Disse a Larissa.

- Eu prometo que quando puder nos reuniremos para te visitar, amiga! - Falou a Yuna.

                            ***

Passei a viagem inteira com as mãos entrelaçadas nas do Felipe.
Quando cheguei em Nova York, fui direto para a casa do papai, onde certamente estaria a minha irmã.

Foi impossível não reparar nas rosas do jardim que estavam murchas, como se a Bianca tivesse perdido totalmente o interesse de cuidar delas depois do meu desaparecimento. Lembrei que amávamos rega-las quando éramos crianças e que a última vez que deixamos elas morrerem foi após o falecimento da mamãe.

- Parece que as rosas também se entristeceram quando você foi embora. - Disse ele, me dando um leve beijo na cabeça.

Toquei a campainha completamente preenchida de emoção, e foi inevitável conter as lágrimas diante da visão paternal e fraternal mais linda que tive.

- Jéssica minha filha, é você? - Pronunciou o papai, quase sem voz, se levantando da sua poltrona e deixando o seu jornal cair no chão.

- Oh meu Deus, irmã? Eu não acredito! Você está de volta. - Exclamou a Bianca dando um salto do sofá.

Me prendi nos abraços deles por um bom tempo e choramos feito bebês.

- O que aconteceu com você? Aonde estava todo esse tempo e quem é esse rapaz? - Perguntou ele.

- Pai, é uma longa história. Prometo contar tudo nos mínimos detalhes, mas agora, tudo que eu mais quero é que saibam que nunca mas irei me separar de vocês.

Cinco meses depois...

Finalmente me formei em jornalismo e em meio a minha festa de formatura, dei o meu discurso como oradora, fazendo questão de ressaltar sem nenhum vestígio de medo ou vergonha, tudo que passei nos últimos meses e principalmente, pondo em destaque e alertando a todos sobre uma das modalidades do tráfico de pessoas mais praticadas no mundo, o tráfico de mulheres.

Todas as minhas amigas presentes: Camila, Yuna e Larissa me aplaudiram de pé.
O Felipe, meu futuro esposo sorria para mim com grande orgulho e a sua alegria, junta a da Bianca e a do papai foi contagiante.
Eu não poderia estar mais feliz e grata por ter aquelas pessoas em minha vida.

... "O tráfico de mulheres é uma grave violação de direitos humanos que transforma pessoas, cidadãs de direito, em mercadoria. É abominável e deve ser rechaçado por toda a sociedade.
Ligue 100 e denuncie."

Fim.


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⏰ Última atualização: Feb 11, 2022 ⏰

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Me chame de puta! ( CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora