Jennifer🦋

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— Capítulo 21

                                •••

Mal pude vê-lo entrar no quarto com seu semblante angelical, que me joguei em seus braços com o meu corpo em chamas.

— Faça amor comigo agora mesmo! — Ordenei consumada de desejo, almejando pelo seu toque, sua pegada e outras coisinhas mais.

Ele arrancou loucamente a minha blusa num estalar de dedos e me sentou sobre a cômoda, abocanhando os meus seios, enquanto eu desabotoava a sua camiseta totalmente faminta de prazer.
Penetrou sua mão em minha saia e pousou-a sobre minha calcinha.

— Nossa, que delícia! Está toda molhadinha! — Sussurrou em meu ouvido, me fazendo delirar.

Já me preparava para sentir os seus dedos brincarem com o meu clitóris. Porém, ele parou repentinamente e me olhou sorridente.

— Que foi? Porque parou? — Perguntei intrigada.

— Antes de continuarmos, preciso de dar uma notícia. — Exclamou.

— O que houve? — Perguntei um tanto espantada.

— Hoje à noite, iremos invadir o bordel. É previsível que aconteça uma troca de tiros, por isso preciso que se tranque com as meninas no quarto e não saiam de lá até me ouvirem bater. — Alertou.

— Quer dizer que já será hoje? — Disse, com as pálpebras esticadas ao revelar um grande sorriso.

— Isso mesmo. Seus dias nesse lixão, acabaram.

Fiquei sem palavras, sendo inundada por uma alegria imensa.
O abracei forte, deixando escapar uma lágrima de gratidão.

Ao prestar atenção na porta, dei de cara com a presença da Suellen, que entrou silenciosamente.

— Suellen? Há quanto tempo você está aí? — Indaguei meio assustada.

— Há um tempo suficiente para descobrir o que tanto você escondia. Quer dizer que era isso? O árabe de araque vai finalmente nos tirar dessa pocilga? — Ergueu as sobrancelhas, com um suspeito aspecto de reprovação.

— É isso mesmo! O Felipe é um policial disfarçado e será a chave da nossa libertação. Vamos poder voltar para nossas famílias, Suellen!
Não é o máximo? — Comemorei com os olhos brilhando e abrindo os braços para abraça-la.

— E quem disse que eu quero ir?  — Fechou a cara, congelando a minha ação.

— Hã?! O que está dizendo? Não estou te reconhecendo. Desde quando gosta desse lugar e da vida que temos aqui? — Franzi a testa.

— Está certa. Eu não gosto nem um pouco. No entanto, me acostumei e agora decidir ficar, simples assim.

— Ficou maluca? Não é possível que seu ódio por mim, chegue ao extremo, a ponto de querer apodrecer aqui e me desejar o mesmo destino. — Repreendi.

— Sabe Jéssica, tenho que te contar uma historinha.
Diferente de todas vocês, eu nunca tive uma vida maravilhosa, com uma família perfeita e um futuro promissor. Desde muito nova, ralei duro para ter ao menos um café da manhã digno e um par de chinelos para não andar descalça pelas ruas.
Aos 17 anos, fui estuprada e espancada pelo meu próprio pai, que muitas vezes também batia na minha mãe quando estava embriagado. Tem noção do quanto me doía presenciar isso?
Eu nunca sentir tanto ódio por alguém, como sentia por aquele homem. Mas eu não podia fazer nada... era só uma menina ingênua e frágil.
Fugir de casa sem fazer ideia de para aonde ir. Estava literalmente jogada à sarjeta.
Daí, numa bela noite, vim parar aqui e não foi porque me sequestraram. Estou nesse prostíbulo por livre e espontânea vontade. Porque a vida não foi justa comigo e não me deu outra escolha. — Contou com os olhos marejados, pondo para fora toda dor que carregava no peito.

— Minha nossa, eu sinto muito! Mas Suellen, você não pode pensar assim. Sempre há uma chance para recomeçar. Você é uma garota linda, forte e inteligente. Vai conseguir superar essa barra e seguir em frente.

— Não adianta vir com esse discurso enfadonho para me fazer achar uma razão para viver. Ninguém sairá daqui.  — Rangeu os dentes.

— Pelo menos, pense nas suas amigas e em tudo que passaram juntas antes de eu chegar.
Acha que estará sendo honesta com elas estragando possivelmente a única oportunidade de saírem desse inferno? Não se lembra do que fizeram com a Jennifer? Também esqueceu do aborto da Camila? Isso aqui não é vida que se deseje a ninguém.

— Que se danem aquelas retardadas! Eu não estou nem aí para nenhuma de vocês. Nunca se importaram comigo e bastou você aparecer, para colocá-las contra mim. — Acusou.

— Isso não é verdade! Sempre teve inveja de mim, e foi a única que me tratou com desdém. Elas apenas não concordaram com isso. Não seja dramática!

— Blá, blá, blá, esse seu falatório é insuportável. Aliás, não sei o porquê de ainda não ter chamado a Morgana para conta-la a “bomba do momento.” — Gesticulou.

— Suellen, pensa bem no que vai fazer. Pode ser tarde demais quando vier a se arrepender. — Tentei impedir.

— Você está no mesmo barco que eu, Jéssica e permanecerá até o dia que ele afundar. A menos que se afogue antes. Foi assim com a outra, e com você não será diferente.

— Outra? De quem está falando?

— Da Jennifer, ué.
Aquela mosca-morta teve o fim que mereceu, e sabe quem ajudou no assassinato dela? Eu mesma. — Revelou com todas as letras.

— Não é possível que foi capaz disso! Suellen... porquê? — Falei boquiaberta.

— Ela era exatamente idêntica a você. Com esse jeitinho de menininha delicada e mimada, que era irritante e insuportável.
Vivia planejando sair daqui para ter de volta a sua “vidinha de princesa.”
Eu sabia que se ela conseguisse escapar, certamente voltaria para sua família e não moveria um dedo para me ajudar ou pensar no fim que eu teria.
Porque é isso que todas vocês são... egoístas e hipócritas.
Quando estão felizes, não se lembram de mais nada, e que se dane o resto!
Entretanto, eu arruinei a única oportunidade que ela teve de se safar das garras da Morgana, contando para o Lúcio que ela havia roubado o seu celular e tentado ligar para a polícia...
O desfecho da narrativa, você já deve saber né?

— Você é um monstro! — Exclamei extremamente perplexa.

— Você ainda não viu nada, queridinha!
Sem mais delongas, tenho que chamar nossa prezada chefe para conta-la as novidades.

Antes que ela abrisse a boca para gritar, o Felipe sacou ligeiramente uma arma da cintura e a interrompeu.

— Fica quieta ou eu atiro! — Ameaçou, apontando para ela.

Continua...

Me chame de puta! ( CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora