— Capítulo 4
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Acordei com uma dor de cabeça castigante, deitada sobre um colchão velho e fedido em um quadrado escuro, abafado e vazio com apenas uma pequena janela gradeada por onde entrava um pouco de ar e dava para perceber que já era dia.
Minha coluna estava dolorida e eu me sentia como se estivesse passado um bom tempo dopada no porta-malas de um carro.
Tudo que eu mais queria naquele momento era um banho frio, um prato de espaguete com almôndegas e uma massagem nas costas. Seria pedir muito?Ao me esticar, notei que meus pés e minhas mãos estavam amarradas.
— Ai meu Deus! Onde estou? — Perguntei abismada, me encostando na parede.
Os meus joelhos estavam ralados e a minha correntinha de ouro e as pulseiras de prata haviam desaparecido do meu corpo, assim como a minha bolsa da Gucci, onde coloquei todos os meus pertences: como documentos, cartões e a chave do meu apartamento.
Comecei a gritar desesperadamente:
— Socorro! Alguém me ajuda! Essas cordas estão machucando o meu pulso e estou com muita fome e sede.
— Olá! Tem alguém aí?Porém, só se ouvia um eco profundo da goteira do teto caindo no chão.
De repente, a porta se abriu e uma mulher alta, magra, de cabelo chanel e vestida com roupas elegantes e um salto dourado, surgiu a passos lentos, vindo até mim com um sorriso meio irônico na sua fisionomia despreocupada e sombria.
— Bom dia, dorminhoca! Como passou a noite? Teve bons sonhos? — Falou sarcástica.
— Quem são vocês? E o que querem comigo? — Perguntei desconfiada, me encolhendo.
— Não se assombre, meu doce! Isso é apenas um detalhe insignificante que você logo descobrirá.
— Me sequestraram e estão querendo uma recompensa pelo meu resgate, né isso? — Deduzir.
— Guarde todas essas perguntas para depois, mocinha!
— Escuta aqui, o meu pai é dono de uma das maiores e mais importantes empresas de tecnologia de Nova York. Você e todos que estiverem por trás disso vão se dar mal quando ele der por falta de mim e sair me procurando por todas as partes com a polícia.
— Bobinha! Nesse exato instante, você se encontra bem longe da sua cidade e de todos que ama. — Afirmou com sua voz firme e gélida.
— Como assim? Para onde me trouxeram? — Arqueei as sobrancelhas.
— Para o mundo realista, onde as princesinhas se tornam “galinhas dos ovos de ouro”, meu bem! — Satirizou, soando um ar de deboche.
— O que quer dizer com isso, seus bandidos malditos? Me soltem, desgraçados! — Me alterei, cuspindo nela.
— Sabe, você é tão bonitinha! Parece até uma boneca de porcelana.
Mas é uma pena que tenha uma voz bem irritante.
Seria interessante se cortassem a sua língua. — Se agachou, apertando forte as minhas bochechas com suas enormes garras afiadas.— Não, por favor! Meu pai pode negociar com vocês. Não é grana que querem? Então, peçam o valor que quiserem.
Ela soltou uma gargalhada asquerosa. Em seguida, chamou o seu capataz:
— Lúcio, leve essa vadia mimada para o salão! — Ordenou em tom autoritário.
Pude perceber que o tal sujeito era o mesmo covarde que me abordou na noite passada, por conta da estatura física e dos olhos negros irreconhecíveis.
Desta vez, ele apareceu sem o capuz, onde ficou claramente visível o seu rosto sério, cruel e impiedoso, com uma cicatriz horrível.— Tire suas mãos de mim, seu brutamontes! — Reagir de maneira inútil, enquanto ele me arrastava sem nenhuma ponta de delicadeza, como se eu fosse um saco de lixo.
Fui colocada de pé em cima de um pequeno palco com um Pole dance no centro. Passeei a vista por todo o ambiente e logo notei ser uma espécie de bordel, com um bar, piano, sofás de coro, uma área de jogos com roleta, mesa de sinuca e alguns quartos no andar de cima.
Antes que eu começasse a fazer questionamentos, aquela mulher horrenda e desumana me intercalou, aparecendo acompanhada por mais dois homens, todos eles carregando um revólver visível na cintura, que me causou um frio na espinha.— Anda, tira o vestido! — Me obrigou, sentada de pernas cruzadas em uma poltrona.
— Está maluca? Eu não vou ficar pelada na frente desses caras. Qual a necessidade disso? Você é lésbica por a caso? — Me neguei.
— Você é teimosa e bem corajosa, né? Perdeu a noção do perigo, desaforada? — Alterou o tom de voz.
— Se quer assistir a um show de strep tease, contratou a pessoa errada. — Afrontei.
— A petulância dessa garota já está me dando nos nervos. Lúcio, rasgue as roupas dela!
Em questão de segundos, fiquei completamente nua e humilhada diante deles.
Ela me avaliou dos pés a cabeça e sorriu satisfeita, segurando uma taça de vinho, apreciando com entusiasmo o espetáculo de horrores.— Seios fartos e rígidos, barriga seca e coxas espessas. Impecável! Agora vire-se! — Mandou.
Eu me sentia como um produto sendo validado e fechava os olhos torcendo para tudo aquilo não passar de um pesadelo.
Por que estava acontecendo justo comigo? Me perguntei mais uma vez, não entendendo o porquê do destino ter me subjugado e castigado sem ao menos eu saber qual ação abominável que cometi.— Bumbum duro, empinado e sem vestígios de celulites ou manchas. Parabéns! Belo corpo você tem dondoca. Era disso que eu precisava. Se saiu melhor que a encomenda, hein?! — Aplaudiu.
— O que vão fazer comigo? — Indaguei curiosa, com uma lágrima escorrendo no meu rosto pálido.
— Ainda não compreendeu? Está sendo traficada querida e essa é a sua nova casa. Ou melhor, seu lar-doce-lar.
— Que absurdo! Vão arrancar os meus órgãos e vender?
— Não é uma má ideia. No entanto, não somos traficantes de órgãos, sim, de pessoas. Principalmente de menininhas graciosas e saudáveis, feito você, meu doce!
— Você vai apodrecer atrás das grades, sua bruxa mafiosa! — Insultei, não contendo a vontade de esganar o pescoço dela.
— Não ponha tanta expectativa nisso. Enfim, de agora em diante, você será obrigada a se prostituir. Fará o máximo de dinheiro que puder usando o corpo.
— O quê? Deve haver um engano. Eu não sirvo para isso. Eu tenho estudos, família... escrúpulos.
— Lamento, mas essas futilidades não têm importância alguma aqui. Você não passará de um objeto comercializado... uma escrava sexual de homens importantes, milionários, imperadores e até duques, sabia? Que pagarão uma fortuna para foderem sua buceta!
Sem mais delongas, te apresentarei as suas atuais colegas de trabalho. Lúcio, Traga as outras meninas!Quatro jovens aparentemente da minha mesma idade, muito bonitas e de diferentes estilos, foram trazidas em fila para o salão. Todas elas abatidas, demonstrando tristeza e compaixão no semblante ao me verem naquela situação.
— Garotas, deem as boas-vindas para a recém-chegada, a mais nova amiguinha de vocês!
Elas vieram até mim e me deram um jaleco para cobrir as minhas partes íntimas expostas. Eu estava em estado de choque e deixei que me tirassem depressa dali.
Continua...
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Me chame de puta! ( CONCLUÍDO)
Historia CortaQuem poderia imaginar que a vida invejável de Jéssica Penclin mudaria da noite para o dia de forma tão brusca? Após ser sequestrada numa esquina deserta e escura enquanto tentava voltar para casa, ela se ver nas mãos de perigosos traficantes de mulh...