- Capítulo 6
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O relógio na parede em formato de gatinho, apontava exatamente 8:00hrs da manhã.
Eu ainda me encontrava debruçada na cama e quieta, observando as garotas provarem umas roupas extravagantes trazidas mais cedo pelo Lúcio, juntas a uma caixinha de bijuterias e cinco pares de sapatos.A Larissa comemorava entusiasmada ao tirar a capa do seu cardigan felpudo.
— Show de bola, amei! Cairá bem com os meus brincos de argola. — Aplaudiu satisfeita.
— Não vai experimentar o seu? Perguntou, me entregando um vestido preto de pedrinhas brilhantes.
— Eles nos sequestram e ainda nos dão roupas novas e acessórios? Não estou entendendo nada! — Questionei cismada.
— É a parte menos detestável desses monstros! Eu particularmente sou bem vaidosa e não suportaria viver desarrumada e descabelada, sem pelo menos um look diferente.
— Desculpa se intrometer mais uma vez na conversa de vocês. Porém, acho necessário frisar que estes presentes são comprados com uma parte da grana do nosso serviço.
Portanto, esses demônios bárbaros não são nem de longe bonzinhos, como estão pensando. — proferiu categoricamente a Suellen.— Vocês gostam daqui? — Indaguei, notando que nenhuma delas estava tão apavorada quanto eu.
— Está maluca? Óbvio que não. Torcemos dia e noite para alguém nos encontrar e tirar desse martírio. O que nos resta é se acostumar com essa droga de vida se não quisermos enlouquecer aqui dentro. — Explicou a Camila.
— Isso serve para você, princesa. Toma cuidado para não surtar em menos de uma semana.
— Credo Suellen, deixa a garota em paz! — Se opôs a Yuna.
A porta foi invadida pela Morgana que adentrou naquele quarto como um furacão, segurando uma palmatória de madeira.
— Bom dia, vadias! Passei para lembrar que hoje a noite todas deverão estar prontas logo cedo para a enxurrada de clientes ricos que visitarão o prostíbulo empolgados para gastarem por prazer.
Sem exceção da recém-chegada, que estreará o seu talento nato como michê profissional e espero que já esteja ciente de que se tentar alguma gracinha, arrancarei a sua mão, como castigo. — Bateu com o objeto na parede, produzindo um forte estalo que causou um calafrio em todas nós.— Senhorita Morgana, eu gostaria de pôr a presilha dourada que usava no cabelo quando cheguei aqui. É uma pequena lembrança da minha mãe. Pode me devolver? — Pediu a Yuna.
— Oh, que ternura! Queimei aquele treco grotesco, assim como seus documentos e todos os seus pertences inapropriados. Me poupe desse sentimentalismo repulsivo.
— Cadela! — Insultou a Suellen entredentes.
— É impresão minha ou ouvir algum zumbido insuportável? Foi você Suellen?
— Não, senhora! — Rosnou.
— Acho bom!
Ah, quase ia me esquecendo, quero que pinte esse cabelo de castanho. Precisamos variar os gostos da freguesia. Já temos a Jéssica como loira.— Mas isso é um absurdo! Sempre usei essa cor e nunca reclamaram. — Disse frustrada.
— Não tem preferência, sua fofa! O da Jéssica é mais natural. Se eu fosse você, me obedeceria se não quiser ficar careca.
Espero ter sido clara. Com licença! — Saiu batendo a porta.Eu sabia que aquela comparação faria a Suellen me odiar mais ainda.
Evitei ao máximo de olhar para ela, temendo pela vontade que deveria estar de arrancar o meu coro cabeludo.
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Me chame de puta! ( CONCLUÍDO)
ContoQuem poderia imaginar que a vida invejável de Jéssica Penclin mudaria da noite para o dia de forma tão brusca? Após ser sequestrada numa esquina deserta e escura enquanto tentava voltar para casa, ela se ver nas mãos de perigosos traficantes de mulh...