17°| A raíz de todos os males

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   _O que fazemos agora? - Nanda e Peter se viraram pra mim. Pareciam desolados e confusos.

   _ E-Eu não sei... - murmurou Nanda, então se virou para Bernie - Mas o que exatamente aconteceu?

   _ Alguém provavelmente bloqueou o portal, eu sinto uma energia estranha. Mas parte daqui. Quem ou o que quer prendê-los aqui, não está poupando esforços. - Bernie respondeu, seus olhos caíram em mim e ele curvou a cabeça - Me perdoe, Princesa. Talvez se vocês forem por outro...

   _ Não! - Peter se manifestou - A Rainha foi bem explícita ao nos dizer para irmos por Tartanus.

   _ Tudo bem - Nanda disse, mas para si mesma do que para todos os presentes - Não precisamos ter pânico. Vamos consultar o livro, certo?

   Nanda remexeu sua bolsa e lá estava, a mesma capa branca e brilhante da primeira vez. O livro parecia ser a única coisa imutável na minha vida. Coloquei a mão no pescoço a procura do pingente, mas meus dedos foram de encontro à minha clavícula. Não havia cordão. Não havia pingente. Peter percebeu meu desespero, pois pronunciou meu nome cautelosamente.

   _ Eu o perdi. - sussurrei.

   Comecei a correr em direção ao carro, embora eu soubesse que a probabilidade do cordão estar no fundo da piscina era alta. Eu estava quase alcançando, quando algo pulou na minha frente. Pela escuridão, eu não conseguia distinguir ao certo o que era. Mas possuía uns dois metros de altura, em suas laterais algo como se fossem asas de morcego e fedia. Pra caramba. O medo tomou conta de cada célula do meu corpo, e eu fiquei ali, paralisada, com um grito preso na garganta. O bichano aproximou o focinho perto do meu rosto e eu quase podia jurar que ele havia sorrido, mas então algo o acertou no ombro e ele cambaleou para trás, emitindo um som horrível de vidro sendo arranhado.

   _ Elle, abaixa! - escutei a voz de Peter. Meu instinto de sobrevivência foi ativado no exato momento em que uma lança de madeira passou zunindo por mim. Me joguei no chão e rolei para o lado, saindo da zona de perigo.

   Nanda correu até mim e me ajudou a levantar. Seus lábios se moviam, mas eu não escutava nada. Era como se o mundo estivesse em câmera lenta. Com um movimento rápido, Nanda fez surgir uma lança em suas mãos, a mesma que quase havia me acertado. Ela a impulsionou e jogou em cima do bicho, que desviou e veio correndo para cima da gente. Cada vez mais perto. Mais perto. Mais perto. E então sumiu. Eu e Nanda nos entreolhamos.

   _ Pra dentro, Elleanor! - Peter gritou andando em nossa direção.

   _ O quê? - retruquei incrédula - Eu vou ficar e lu... - minha fala foi interrompida pelo meu grunhido quando Peter me ergueu no chão e me colocou em seus ombros como um saco de batata - Peter! ME LARGA!

   _ Minha missão é te tirar do perigo, não te deixar correr em direção à ele. - respondeu nervoso. Ele estava prestes a tocar o degrau da cabana quando algo nos empurrou para o lado. Bati com as costas na árvore e Peter foi parar uns dois metros longe de mim, de barriga pra baixo e provavelmente inconsciente.

   O bicho veio para cima de mim, e pela luminosidade da cabana, consegui ver seu rosto. Tinha um focinho longo como de uma raposa e olhos verdes-azulados de humano. Senti todo o meu corpo arrepiar no momento em que aqueles olhos se encontraram com os meus. Eu o conhecia... Mas de onde?

   Coloquei os braços na frente do meu corpo e senti a corrente de energia se acumulando em minhas mãos. Com um impulso, joguei toda a energia em cima do bichano, congelando uma de suas pernas e o deixando preso. Plantas começaram a crescer ao redor dele, prendendo seus braços contra o corpo.

O Coração Gelado de CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora