Meu nome é Elleanor. Elleanor Kartiney. Nome de uma pessoa fracassada, então não muito relevante. Acontece que minha vida não tem sido um mar de rosas e se foi, bom, se foi só sobrou os espinhos. Desde os meus oitos anos, uma névoa de azar me ronda, começando pela morte de minha mãe, Kelra Kartiney. Eu quase não me lembro dela, e isso me faz mal, mas algumas lembranças não podem ser esquecidas, como a lembrança de vê-la naquela cama de hospital, tão fraca, mas ainda sorrindo. Ela nunca deixou de sorrir. Mamãe morreu nove meses depois de descobrir um câncer no estômago em fase terminal. Quatro anos depois de sua morte, meu pai se casa com uma mulher de Sussex, parte da linha de realeza britânica, Catrina Mary. No início, Catrina era boa, mas eu sempre acabava com um pano na mão e a vassoura em outra, sempre realizando seus desejo e os de suas filhas. "Estou te preparando para ser uma grande mulher, assim como eu." Era o que ela dizia, e eu acreditava. No dia do meu aniversário de doze um misterioso incêndio devastou a casa onde morávamos. Naquela noite meu pai morreu como um herói, porque é isso que heróis fazem, morrem em favor da vida de outros. O meu herói morreu enquanto me salvava.
Terminei de ler meu trabalho. Passei a mão sobre a bochecha, sentindo-a molhada. Escondi a mão atrás das costas, para ninguém perceber o quanto tremiam. Levantei os olhos e corri eles pela sala, algumas pessoas me olhavam com pena, algumas até deixaram algumas lágrimas escaparem. Ninguém falava nada, e eu entendo, porque quando o professor me disse que queria algo profundo, o verdadeiro motivo de eu ser quem sou hoje, ninguém esperava uma história trágica como essa.
Nanda começou a bater palmas e logo foi acompanhada por outras. Voltei pro meu assento sentindo as bochechas queimarem e uma imensa falta de ar, acompanhada pela famosa dor na garganta de quando seguramos o choro. Podia sentir o olha venenoso das gêmeas de Sussex nas minhas costas quando o burburinho começou. Todos estavam perguntando para elas se eu havia contado a verdade e isso não significava boa coisa, já que praticamente acusei a mãe delas de escravidão infantil. O burburinho ficou maior ao passo que elas se recusavam a responder, nem o professor conseguiu controlar a agitação.
Blair se pôs de pé e bateu com as duas palmas abertas na mesa, causando um estrondo alto. Seu rosto virou-se furioso para mim:
_ Gostou da atenção, piranha? - gritou e depois soltou uma risada esganiçada - Vocês realmente vão acreditar nela? Minha mãe não fez nada mais do que pagar a mensalidade caríssima dessa porcaria de escola. Isso sem falar dos anos cuidando, alimentando, dando abrigo para alguém que nem ao menos é filha de sangue. Elleanor é apenas uma ingrata invejosa. Perguntem a Diana, ela já foi lá em casa várias vezes e nunca presenciou nada disso, certo?
Todas as cabeças se viraram para a morena esparramada na cadeira no fundo da sala. Os olhos castanhos caíram em cima de mim e ela sorriu falsamente. Era a melhor amigas das gêmeas e possuía um coração tão ruim quanto. Todos sabiam que a amizade delas era baseada em apenas duas coisas: interesses e no ódio mútuo por mim.
_ É óbvio que não. - ela olhou com desprezo pra mim - Não fique dando uma de orfã sofrida apenas para conseguir pena. É ridiculo.
Respirei fundo e voltei a encarar o quadro enquanto as acusações e desprezo se direcionaram exclusicavamente para mim. Uma bolinha de papel caiu em cima da minha mesa, peguei e abri:
"Eu acredito em você"
Olhei em volta procurando quem havia mandado, mas a sala estava uma confusão. Afinal, ir lá na frente e contar a história da minha vida me custará horas trabalhando e uma pequena perda de sanidade.
Você é incrível!
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O Coração Gelado de Cinderela
FantasíaFinais felizes e contos de fadas nunca combinaram muito com Elle. Muito pelo contrário, sua vida parece ter sido estrita pelos próprios irmãos Grimm. Elle tem apenas um objetivo na vida: entrar em Yale e recomeçar a vida, deixando a madrasta malvad...