22°|Um babaca na neve

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   Burburinho de multidão, cheiros misturados e chaminés fumegantes. Estávamos perto do que parecia ser um ponto movimentado de Cold Wheather e embora todo o cansaço, eu estava animada para ver cada detalhe. No entanto, Peter e Henriksen estavam indo na direção errada.

   _ Pra onde vão? - perguntei, a decepção presente no tom agudo que escapou da minha boca.

   _ Vamos passar por trás - explicou Henriksen - Não queremos chamar atenção pra garota morta aqui...

   _ Ela não está morta! - vociferei. Meu coração apertou só de pensar na possibilidade, porém eu sabia que se Nanda não recebesse os cuidados necessários logo, a fala de Henriksen iria se tornar real. Toda a animação havia sido aniquilada em segundos por aquele pensamento.

   _ Desculpa, eu não queria ter soado tão literal. - lamentou ele - Mas não podemos arriscar o comprometimento da sua segurança.

   _ Tudo bem - sorri amarelo enquanto desviava de um galho - Nanda é minha prioridade.

   Henriksen e Peter entraram em uma batalha de olhares da qual eu não entendia nada, mas eles pareciam traduzir até uma simples piscada, então Henriksen jogou a cabeça pro lado, indicando a direção da cidade. A única parte que eu havia entendido claramente. Henriksen queria que Peter me levasse.

   _ Leve ela - ele disse em voz alta e algo aqueceu no meu peito, mas não o suficiente para ofuscar o pensamento de abandonar Nanda, ainda mais naquele estado. Porém, Peter que argumentou.

   _ Nanda não tem todo esse tempo...

   _ Eu cuido dela - Henriksen assegurou, mas não pareceu ser o suficiente para convencer Peter. Ou a mim - Eliva promesis.

   Surpreendentemente, meu cérebro traduziu as palavras ditas por ele em um deesh antigo e rústico: eu prometo.

   _ Não, Henri! Você não vai aguentar até em casa. - os motivos de Peter haviam mudado, mas eu não os entendia muito bem, já que Henriksen tinha o porte maior que o dele e se Peter conseguiu carregar Nanda durante todo aquele tempo no túnel, Henriksen conseguiria o dobro.

   _ Já se passaram 4 meses desde que você foi, irmãozinho. Muita coisa aconteceu nesse tempo, então deixa que eu me viro e vai divertir a Princesinha, afinal das contas, ela merece.

   Peter finalmente se deu por vencido, embora meio contrariado, e saiu me arrastando na direção de antes. Nós não estávamos muito apresentáveis, então, antes de chegarmos à margem da floresta, limpei todo resquício de sangue e sujeira e fiz Peter trocar a blusa manchada por uma das que Glime havia comprado. Glime... Eu realmente queria saber como ela estava e torcia para que estivesse viva, embora no fundo eu soubesse que a probabilidade era quase nula. Seu grito inumano ainda me atormentava, seguido da imagem dos guardas estraçalhados.

   _ Elle, é o suficiente! - Peter reclamou afastando do seu rosto o pedaço de tecido que usei para nos limpar. - Acredite, lá tem gente num estado de sujeira muito pior.

   _ Só falta isso aqui - coloquei o pano em cima de uma linha de sangue na bochecha dele, um dos ferimentos. Peter se afastou abruptamente enquanto gritava vários "ai". Por algum motivo associei às músicas mexicanas e não pude evitar a gargalhada. Peter imediatamente parou com os gritos e me observou rir às suas custas, até que se levantou e começou a caminhar intimidadoramente em minha direção. Minhas gargalhadas foram perdendo o volume e intensidade à medida em que ele se aproximava. Até que ele me surpreende com um ataque de cócegas.

O Coração Gelado de CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora