Vinte e Três

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  Corro até o corpo de Jong Wook que está jogado no chão. Me ajoelho sobre ele e agarro seu rosto, as mãos tremendo.

  — Ele não está respirando! Não está respirando! — grito, desesperada — Ele não pode morrer, por favor...

  Meu pai rasga a camisa dele que está encharcada de sangue e examina a ferida. Em seguida pega um lenço em seu bolso e o pressiona contra o buraco que a bala fez.

  — Temos que tratá-lo logo, vamos para a minha sala!

  — Sua sala?! Mas aboji* (Pai) temos que sair daqui!

  — Não dá tempo Yoo Nah, temos que tirar a bala o mais rápido possível.

  Em seguida ele coloca Jong Wook em suas costas e faz sinal para que eu leve nossas armas, então obedeço. Usamos algumas passagens bem diferentes para não sermos vistos pelas câmeras, e não demora muito para chegarmos.

  Assim que tranca a porta, meu pai faz sinal para que eu limpe a mesa que ele costuma usar para trabalhar. Imediatamente passo o braço nela, jogando tudo o que tinha em cima para o chão. Ele coloca Jong Wook sobre a mesa com cuidado, então me pede para pegar uma maleta de primeiros socorros em cima de uma das prateleiras.

  — Aqui — falo, lhe dando a maleta.

  Ele a abre e começa a usar os utensílios médicos contidos nela. Alguns segundos depois, escuto um suspiro alto vindo do canto da sala e pulo para trás, segurando a arma na posição, pronta para disparar.

  — Yoo Nah — ele sussurra.

  Me surpreendo ao ver que é Jong Wook. Meus olhos se enchem de lágrimas e eu corro para abraçá-lo. Ele me abraça de volta com força, depois segura meu rosto e me beija, sem se dar conta de que meu pai está a alguns passos de nós.

  — Eu pensei... pensei que não fosse te ver mais — sussurra, com um sorriso fraco. — Você está bem?

  Confirmo com a cabeça.

  — E você? Sua testa está sangrando, vou pegar um curativo.

  Começo a sair, mas ele segura meu braço, me impedindo. Então vejo sua testa franzida e a expressão perturbada.

  — Como conseguiu sair de lá?

  — Vou explicar tudo depois, para os dois — respondo, olhando em direção a mesa, onde meu pai tenta salvar a vida do homem que eu amo.

  Jong Wook segue meu olhar e aperta a minha mão, tão assustado quanto eu.

  — Ele precisa ficar bem — choro, aflita — Se ele morrer, se você morrer... e-eu não sei o que vou fazer!

  Ele me dá mais um abraço e afaga meu cabelo, me consolando. Depois de alguns segundos, porém, dá um beijo em minha testa e me deixa para ir ajudar meu pai.

  — Como sabia que viríamos para cá? — pergunta meu pai a ele, sem tirar os olhos da ferida com a qual está lhe dando.

  — Não sabia. Só que eu não queria sair daqui sem vocês, então pensei em me esconder em algum lugar seguro, assim eles concluiriam que fugi.

  Meu pai olha para Jong Wook meio de lado, por um instante.

  — "Vocês?" — repete a palavra com um tom desconfiado.

  Jong Wook fica surpreso e engole em seco.

  — Yoo Nah era a prioridade — murmura, desconcertado.

  Meu pai abafa o riso e volta a se concentrar no que está fazendo. Fico observando a cirurgia com o coração na mão. Não podíamos ir para um hospital, mas graças a tecnologia avançada do futuro, ele ainda tem chances de sobreviver.

PARADOXOOnde histórias criam vida. Descubra agora