Família de sangue

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[AVISOS!!!! Ao final tem uma pequena cena que assemelha a uma crise de ansiedade (nada muito sério porque eu tenho e não faria algo que me afetaria também), mas deixo avisado para caso seja algo sensível a vocês.]


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JEONGGUK

Byun Baekhyun era o deus dos vinhos, das festas... e dos loucos.

Tudo sobre a mente e a insanidade tinha caído sobre seus ombros, e talvez por isso, sua definição enquanto deus era tão diferente de qualquer outro. O deus e o humano se fundiram, mas não por completo, o que fazia ter duas mentes completamente distintas no mesmo corpo e que coexistiam ao mesmo tempo. Era possível perceber isso quando o deus nos pediu para aguardar um momento, e o vi assinar com as duas mãos ao mesmo tempo, alguns papéis empilhados numa mesa, o modo como movia-as, como as letras eram completamente distintas de uma mão para a outra... era fascinante.

— Baco é canhoto, Baekhyun é destro... — Tae sussurrou pra mim. Eu lembrava do pouco que vi sobre Baek na casa de Hansol, quando na lembrança de Jimin, o deus gostou do bombom e o detestou também, porque a divindade e o humano tinham gostos totalmente distintos — Acho que ele pode mesmo ajudar — assenti. Era o que eu esperava.

— Desculpem por isso, a prefeitura está nos chateando tanto, não é mesmo, Baek? Sim, tem sido tão cansativo — se reparasse bem, dava para ouvir uma leve mudança no timbre de um Baek para o outro, se é que isso fazia sentido, era algo muito discreto, mas parecia que a entonação principal era um pouco mais grave — Mas, enfim, estamos funcionando! E os hóspedes humanos querem voltar, não é incrível? Eu acho incrível, Baek. É, eu sei, Baek.

A repetição excessiva do próprio nome não ajudava em nada em tornar o que ele falava menos confuso.

— Você nunca esteve aqui, não é? — ele perguntou e neguei — Mas você não era da polícia? Os oficiais sempre estavam por aqui.

Assenti, a prefeitura de Seul costumava mandar no fim do ano todos os servidores para passar um fim de semana no Arcádia, era um tipo de bônus, que todo mundo esperava ansioso como uma criança numa manhã de Natal, mas nunca tinha ido, porque ia visitar minha família nesse período e eu meio que fugia de qualquer coisa que envolvesse ficar perto de deuses que não fosse sobre as Forças de Paz.

— Eu ia pra Busan no fim do ano... família e tudo mais — ele assentiu, Taehyung olhou pra mim e ele pareceu entender o porquê de eu nunca ter vindo.

— Mas estamos aqui agora. — Taehyung emendou — E como está o hotel?

— Melhor do que nunca, as barreiras nunca estiveram tão fortes, é como se nunca tivesse havido problemas — Baek suspirou — Eles vão ficar quietos por um tempo, agora que conseguem invadir sonhos, a "campanha" vai ser diretamente na cabeça das pessoas. Isso me assusta. Eu sei, Baek... é perigoso demais mexer com o que há aqui — e apontou pra própria cabeça — Enfim! — deu um sorriso largo — Já que Jeon nunca veio, eu gostaria de apresentar o hotel.

Mesmo querendo segui-lo pelo Arcádia, foi inevitável olhar para trás e ver os deuses tomando o rumo dos elevadores e conversando entre si. Eu queria ver SiYeon-noona e WooJin-hyung. Halmoni e harabeoji. Estavam há tanto tempo sem vê-los que, agora faltando tão pouco, a ansiedade parecia maior. Tae pareceu perceber, deu para ouvi-lo rir do meu lado.

— Você vai encontrar todos eles, Jeon. Não vai demorar — assenti, e lhe dei um sorriso.

O hotel era a maior construção que vi, desde o templo de Zeus. Apesar da Casa Azul ser com certeza maior, com seus milhares de corredores e quartos, a dimensão do Arcádia parecia mais apoteótica, com suas paredes muito altas e espaços amplos e brilhantes. Haviam alguns humanos no hotel, não muitos deles, porém parecia haver confiança o bastante para se hospedar sem ser um problema. Talvez fossem das Forças de paz ou favoritos de alguém, com certeza não eram pessoas comuns.

HAG: The God Killer - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora