Minha criança

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JEON JEONGGUK

As lágrimas de Ares produziam fogo. O tipo de chama que queimava não importava a superfície, o que foi a razão de colocar Jeongy num cômodo separado de todos nós, porque era a única forma que podia chorar em paz. Eu estava ao lado dela desde o momento em que Taehyung, junto com os outros deuses, ajudaram a trazer os mortos e continuei ao lado dela, quase 24 horas tendo passado. Tae foi quem entrou carregando Hefesto, e foi a primeira vez que o Grandão pareceu pequeno.

Nós levamos todos de volta para o hotel, autômatos construíram plataformas para colocar os corpos, Momo e Hoseok tentavam ajudar como podiam, e mesmo Sehun e ChanYeol o fizeram também, com bebidas que serviram de sedativo. Yoonji foi "encolhida" para tratar as patinhas feridas, e ela dormia no meu colo há horas. Jongin tinha pedido que eu ficasse somente por algumas horas com ela, mas depois de um dia tão terrível, ela foi como uma pelúcia pra mim. Algo pra abraçar quando tivesse medo.

Não dormi, fiquei do lado de fora do salão onde colocaram Jeongy, sentado junto a porta que às vezes esquentava pelo calor das chamas. Grandão. Yixing. Mark. Jackson. Miguel... Novos nomes foram surgindo, e a sensação de derrota foi pesando sobre o grupo. O templo não foi o principal alvo, os espíritos viajaram através dos planos, matando tantos deuses quanto conseguissem. Claramente os alvos não eram os mais poderosos, terem chegado a machucar Jeongy até me surpreendeu, eles queriam tirar nossa única vantagem: quantidade. Agora, além da espada, eles tinham os seres infernais, que não iriam matar, mas podiam nos atrasar o suficiente.

— Jeon? — ergui os olhos para Seokjin, ele tinha machucado as mãos segurando a espada para impedir que matassem SiYeon-noona e WooJin-hyung, e eu nunca poderia ser grato o bastante. O fato de Jongdae estar com eles foi a maior vantagem, porque ao menos conseguiram jogar Sarga por uma das portas e despistá-lo por tempo o bastante para fugir — Ele está aqui... Hansol — olhei na direção da porta atrás de mim — Eu fico de olho nela... ela... chegou a sair?

— Não.

— Ela se culpa por termos perdido. Sempre foi assim, desde criança. Mesmo que não houvesse nada que pudesse fazer, sempre se culpava por qualquer derrota.

Toquei na porta, o metal estava morno, ou talvez estivesse quente, mas minha pele não sentia mais o calor da mesma maneira. Porém, ela tinha parado de chorar, não havia mais som algum vindo do outro lado. Talvez tivesse adormecido.

— Pode ir — Jin falou, e assenti, entregando a filhote de lobo em seus braços. Ela resmungou um pouquinho, mas aceitou o novo colo, lambendo o rosto de Jin — É bom te ver também, Yoonji — sorri para os dois antes de seguir por onde o rapaz tinha vindo.

Hansol me esperava junto à entrada do salão onde os corpos foram colocados, ele olhava para Mark e Jackson, que foram colocados lado a lado. Yoongi preparou o corpo de Mark para que ele partisse junto com os deuses, tornando menos doloroso ter de fazer uma cerimônia de cremação separada.

— Eles eram almas gêmeas — Hansol disse — Talvez por isso o efeito da flecha nunca ia embora, existia um amor real, que ninguém percebeu.

— Nem mesmo eles — murmurei.

— Os dois foram felizes pelo tempo que tiveram, não foi o ideal, mas não foi ruim — olhamos um para o outro — Sinto muito, criança — precisou apenas disso pra que eu voltasse a chorar. Hansol me abraçou com força, e a sensação do seu abraço me fez chorar ainda mais.

— Se minha magia-

— Não, Jeon... sua magia precisou ficar adormecida pra você sobreviver por tantos anos. A maneira que ela está se liberando agora é a única possível, ou te machucaria.

HAG: The God Killer - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora