O último pôr do Sol

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Os capitulos finais vão ser postados na sexta! Pra quem não sabe ainda, a pré-venda dos livros já começou! Só dar uma olhada no twitter, é taemeetevil também <3 amo vocês


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HANSOL

MOROS

Eu estava há trinta anos sozinho quando Kairós apareceu.

Àquela altura eu já estava acostumado a viver sozinho, até gostava. A Casa ainda seguia o curso natural do tempo antes de Kairós chegar, então os 30 anos tiveram todo o peso que um intervalo como esse tem. Passei pela loucura sozinho, escrevi destinos, briguei comigo mesmo, fiquei paranoico com o mundo lá fora, achei que estava ficando louco de novo e quando pensei que nada mais estranho aconteceria, ela apareceu.

Apesar das tentativas de tentar tirá-la da minha casa, e sim, eu tentei, Kairós não saiu e me convenceu a ficar com uma frase:

Jeon Jeongguk. Humano. Semideus criado.

Aquela frase estava gravada numa pequena placa de metal, onde um dia ficaram as minhas flechas. Aquela não era a única coisa estranha na sala de armas, havia a espada e o dente de tubarão, amarrado como um pingente numa tira de couro desgastada. Tudo aquilo era o sinal do que tínhamos feito, reiniciado o universo, começado uma existência nova... só não sabia o porquê fizemos isso.

Se o rapaz era mesmo humano, ter disparado as flechas do destino fez toda existência do nosso novo universo ser guiada através dele, o que significava que assim que nascesse, a energia morta do universo anterior estaria dentro dele. Seria como ligar um aparelho velho numa torre de alta voltagem e achar que aquilo não vai explodir. Talvez o rapaz chegasse a seis meses de vida com sorte, isso se não destruísse o planeta no processo.

Os anos foram passando, outros deuses foram surgindo, e eu tentava não pensar sobre Jeon Jeongguk. Não precisava de muito pra entender que o rapaz era uma tragédia anunciada, se ele tinha agido de forma desesperada ao ponto de recomeçar o universo, é porque o futuro não seria nada bom. O plano, porém, só começou a se desenrolar alguns anos antes do nascimento dele.

Hansol? — chamou por mim quando entrei na sala de armas, seu lugar favorito. Kairós não ficava tanto tempo na Casa, e não sabia dizer para onde ia quando não estava ali. Com o tempo, passei a sentir falta dela, talvez por ser sempre otimista sobre tudo, ao contrário de mim. "Vai ficar tudo bem", "Tudo vai fazer sentido logo", "Você precisa se preocupar menos". Eu acreditava no que ela dizia ou sequer ouvia seus conselhos? Não. Mas ouvi-la dizendo já bastava pra mim — Algo está mudando. Eu tenho me lembrado de coisas, de conversas... de uma vida que não existe mais — com isso ela tinha toda minha atenção, por anos eu não tinha mais do que deduções sobre o que supostamente teria acontecido e o que futuramente teríamos de fazer.

— O que? O que você viu?

— Não posso te falar.

O que?

Nem deveria ficar surpreso por ela decidir não me contar nada. Kairós gostava de segredos. Não sabia seu nome humano, o que aconteceu com sua família, como encontrou a Casa... com o tempo parei de me importar em saber, mas aquele assunto parecia importante demais para suas respostas evasivas.

— Ele vai nascer logo, precisamos nos preparar.

— Logo quando?

Nenhuma resposta.

— Para uma deusa de tempo oportuno, não estou vendo muitas oportunidades aqui! — reclamei.

Ela sorriu, Kairós era bonita o bastante pra me deixar desorientado. E ela sabia disso porque sorria sempre que eu pedia explicações, foi assim a quase cinquenta anos atrás quando invadiu minha casa e ainda funcionava até hoje.

HAG: The God Killer - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora