Deus ex Machina

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O COMEÇO

JEON JEONGGUK

— Alguém morreu na ponte de Acrópole — meu irmão disse, olhando no celular — Quer dizer, o corpo foi jogado de lá, que coisa horrível.

— Achava que crimes assim não aconteciam mais — falei, era tão raro acontecer mortes dessa maneira, e mais estranho ainda era a notícia ser somente sobre a morte e não sobre a prisão de quem fez. A polícia praticamente não tinha muito trabalho a fazer além de reunir as evidências para o julgamento, a maioria das pessoas escolhia confessar e ter um julgamento mais brando vindo de Hades — Quer ir até a delegacia?

— Não! Eu não te largaria hoje, irmãozinho — o hyung estava mais empolgado do que eu sobre meu possível futuro emprego. Desde que vim para Seul, ele estava sendo meu maior apoio, tinha me ajudado com o aluguel e me levou em todas as entrevistas, e eu era grato por isso, mas preferia não precisar de tanto apoio assim. Eu sabia que ser artista seria difícil e esperava que essa última entrevista, fosse a definitiva — Ei, você vai conseguir. Passou nas duas eliminatórias.

— Mas... eu sei, ok? Mas é pra um projeto particular de Poseidon. E se ele não gostar do que eu faço? As outras etapas foram só com o time de Hoseok — Hyun fez uma careta, porque sabia que eu tinha razão. Ele não queria que eu tivesse feito essa seletiva, mas a da equipe oficial de Hoseok só seria dali três meses, e queria ter um emprego antes disso. Olhei para o lado, tinha mais dois artistas na sala que já tinham feito entrevista, mas não foram embora. Tanto o rapaz quanto a garota pintaram o cabelo de loiro, as pessoas achavam mesmo que parecer com Taehyung ajudaria — Acha que eu devia ter pintado o cabelo?

— O que? Pra que? — ele olhou para a "concorrência" — Para com isso, não é pela cor do seu cabelo que vão te escolher.

— Jeon Jeongguk — meu nome foi chamado, e levantei no susto, tentando sorrir para a esposa de Apolo. Elena Jung era tão famosa quanto o marido, as pessoas eram fascinadas pelo casal. A garota era humana, mas ainda havia algo especial nela, como ver uma fada de verdade, ela indicou o corredor por onde tinha vindo e a segui — Seus quadros estão lá dentro, Poseidon estará lá também. A aprovação acontece imediatamente.

— E-Então se... se ele gostar...?

— O emprego é seu. Boa sorte — ela parou junto a porta no final do corredor e empurrou, me dando espaço para entrar.

O escritório era colorido, vibrante. Havia instrumentos musicais no canto a direita e esculturas abstratas espalhadas por todo o canto. Algumas se mexiam, e eu não fazia ideia se era magia ou simplesmente alguma coisa eletrônica. Hoseok estava sentado num banco de madeira, olhando minhas telas expostas no meio da sala, porém meu olhar estava em Poseidon, que via algo na TV do cômodo, mostrando uma notícia da marinha. Ainda assim, ele foi o primeiro a me notar.

— Você é Jeon Jeongguk? — perguntou e assenti, sem conseguir dizer uma palavra. Dizer que ele era bonito não parecia descrever o suficiente, absolutamente tudo sobre Kim Taehyung era de perder o fôlego.

— É... s-sou eu — tentei encarar Hoseok, antes que meu rosto denunciasse meu constrangimento.

— Jeon, você é um bom pintor, mas seu trabalho não tinha nenhum grande destaque que me chamasse atenção — esse primeiro comentário foi o suficiente para trazer minha mente de volta a realidade — A não ser por esse quadro aqui — virou a tela pra mim. Era minha arte menos realista, tinha feito para o festival dedicado a Eros em Busan, uma alegoria para o amor complicado entre o deus do amor e o deus dos mortos. Era realmente minha tela mais distinta das outras, o acabamento era mais rústico, as cores mais fortes, a linha vermelha do destino era como um rastro de sangue em volta deles — Isso aqui é maravilhoso. Eu fui atrás do seu portfólio e só tem mais duas peças nesse estilo.

HAG: The God Killer - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora