Uma assembleia com o Universo

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10 DE ABRIL

[9 DIAS ANTES DA MORTE DE NAMJOON]

— Posso arrumar minhas próprias malas, noona.

Falei, mas dizer não a fez desistir, SiYeon-noona tinha mania de limpeza quando via qualquer coisa fora do lugar, o que era vergonhoso pra mim, porque parecia que ela sempre estava arrumando meu apartamento. Reclamar, nesse caso, nunca adiantava. Minha mãe iria adorar ver aquela cena, pensaria em como eu estava namorando alguém legal e que se importava comigo, já que oficialmente a noona era minha "namorada", porém, preferia não endossar a mentira mais que o necessário.

— Eu vi que esfriou em Busan, devia levar mais casacos. Vai mesmo ficar só o fim de semana?

— Prometi que iria vê-los — eu não gostava de ir pra Busan, muito menos visitar meus pais, esse período de visita deixava de ser tolerável com menos de algumas horas na casa, mas daquela vez... a sensação era diferente. Boa, até. Queria mesmo visita-los — Vai ser rápido, não posso tirar férias agora.

— Você mal sai de férias... — ela suspirou — E suas dores de cabeça?

— Comprei uns remédios, aqueles naturais que acho que não vou morrer se tomar demais.

— Para de tomar remédio demais! — deu um resmungo, apertando as mãos com raiva, porque ela queria apertar minha cabeça — E só os remédios não vão ajudar com os pesadelos, é por isso que um psiquiatra-

— Não.

— Jeon-

— Não, noona. Sei que quer ajudar, mas tô cansado de ir em médicos o tempo inteiro e não melhorar. E a visita vai ajudar bastante, confia em mim — ela cruzou os braços, cética.

— Um fim de semana, com seus pais... Seus pais! Pra quem você mente constantemente! — ela tinha um bom ponto, e concordaria com ela em como a viagem era uma péssima ideia, mas tinha uma sensação diferente, mais otimista. Quando percebeu que eu não ia desistir, noona deu de ombros — Ok, mas vamos conversar sobre o psiquiatra com o WooJin-ah. Ao menos uma consulta com alguém novo, ele pode conhecer alguém.

— Vou pensar nisso — ela fechou minha mochila, pronta pra viagem — Obrigado, noona. Você vai ser uma ótima mãe.

— Se for um menino vou chamar de Jeongguk, dar continuidade de um bebê pra outro.

— Ha ha muito engraçado — ela me deu um tapa leve na cabeça antes de deixar o quarto, suspirei, não era acostumado a dias de folga, contudo, estava animado com o fim de semana, e fazia muito tempo que não me sentia assim.

— Liga quando chegar, e — voltou para o quarto e me entregou um panfleto — você pode pensar no assunto.

Não entendi do que falava até ler o que o papel dizia. Em letras grandes estava o anuncio da seleção de artistas que Hoseok oferecia todos os anos, os outros deuses também faziam parte vez ou outra, escolhendo artistas para projetos pessoais e integrar seus times de mídia. Aquele ano, era a vez de Poseidon, havia uma foto dele junto com Hoseok no panfleto, com orientações sobre portfólios e as datas para as seletivas. A primeira fase seria em 21 de abril.

— Noona? — chamei, saindo do quarto, mas ela já tinha ido embora. Olhei de volta para o panfleto, e uma sensação estranha veio, num arrepio, como se o ambiente tivesse esfriado de uma vez. Podia sentir algo pesar em meus ombros, um tipo de formigamento percorrendo meus braços — N-Noona... — murmurei de novo, tentando chegar até a porta. Ela devia estar em casa, lembrava de ter dito mais cedo sobre ter de dar aulas a noite na escola aquela semana. Tentei alcançar a porta, mas minhas pernas já estavam fracas antes de chegar até o curto corredor na entrada.

HAG: The God Killer - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora