Capítulo 29 - Vestido vermelho

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IVAN PETROV
Um ano depois

"Até que a morte nos separe e um pouco além disso" é o lema da Drakon's mas não somos os únicos a usá-lo. Todos que amam verdadeiramente seguirão isso, e nesse exato momento, enquanto passo com meu carro lentamente em frente a um cemitério posso ver isso se cumprir.

Um único velório está acontecendo no jardim extenso, é impossível passar sem notar a cena, um único homem debruçado sobre o caixão enquanto grita e implora para que a mulher volte. Nesse momento, tudo o que posso me recordar é em como me senti quando a um ano Zarina estava desacordada em meus braços, a dor em meu peito quando seu suspiro foi dado, o medo ao ver ela ser entubada e toda a dificuldade para conter meus gritos no corredor hospitalar.

Eu sei o que aquele homem está sentindo, aquele pobre homem chorando por sua mulher, porquê eu me senti assim enquanto minha esposa estava fria e sangrando em meus braços. Foi difícil, demorei semanas para conseguir dormir tranquilamente, levei dias para minhas mãos pararem de tremer e meses para meu coração não sentir medo.

Mas quando eu desvio meu olhar do velório e encaro o banco do passageiro, quando olho para minha esposa dormindo contra o vidro do carro, toda a minha dor passa, meu coração fica calmo e minha respiração finalmente sai de meus pulmões porquê Deus teve misericórdia da minha pobre alma, eu não suportaria viver em um mundo que minha querida Zarina não existisse.

Olhando novamente para o homem lamentando sua perda, só me lembro de todas as noites em que acordei gritando, sonhando com a memória de a tirar do lago e ela me abraçou todas as vezes dizendo que estava bem, que estava viva. Todos as vezes em que ela segurou minha mão no jantar porquê meus dedos estavam trêmulos e como foi difícil tocar sua cicatriz em seu abdômen.

Mas Zarina está ao meu lado, está bem e viva, é a única coisa que me importa.

- Querido? - Ouço Zarina chamar minha atenção - Porque estamos parados? - Sua voz rouca pela sono me faz sorrir.

Eu sequer havia percebido que parei o carro para observar o velório.

Me virando sorridente para minha esposa, eu observo seu vestido vermelho e sua trança longa, seu sorriso encantador e olhos serenos. Ela é perfeita.

- Sinto muito, querida. Estava prestando atenção em outra coisa. - Meu sorriso aumentou quando senti ela colocar sua mão direita em meu rosto.

- Eu estou aqui, meu amor. - Zarina falou com sua voz calma, seu olhar ficando mais suave e seu sorriso mais doce.

Sinto meus olhos encherem de lágrimas, o sorriso de minha esposa fica mais gentil. - Eu sei... - Eu Sussurrei para ela.

ZARINA PETROV

Ivan segurou minha mão por todo o caminho, como se tivesse medo que eu escapasse, como se tivesse medo de me perder.

O último ano foi um pesadelo, eu sofri muito quando ele foi preso, quando ele não estava mais ao meu lado por uma escolha que ele não fez. Mas nada se compara aos gritos do meu marido no escuro da madrugada, Ivan que é um homem tão forte psicologicamente, um homem que foi treinado para isso, tremia ao me encarar e chorava todas as vezes que via minha cicatriz porquê isso o lembrava que fui jogada na água.

Eu não me lembro o que aconteceu aquele dia depois que cai no lago, mas pelo que Gabriel me disse... foi Ivan quem me tirou de lá. Eu sequer consigo imaginar o que ele sentiu porquê se fosse comigo não sei se suportaria.

Branco não, eu prefiro vermelho - Drakon's IOnde histórias criam vida. Descubra agora