✵ Capítulo XXXIV ✵

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Pov. Elisa Bellini

Deslizei a ponta dos dedos sobre o tecido do vestido pendurado no cabide em meu armário, senti meus olhos arderem quando o coloquei de volta no cabideiro junto com os outros, eu não poderia usá-lo hoje. Não graças ao hematoma no meu pescoço.

Eu teria que usar mais um dos vestidos horríveis que minha mãe costurou para mim, com gola alta e mangas, estávamos na primavera e fazia um pouco de calor. Sorte que o casamento seria ao entardecer e talvez eu não passasse tanto calor, já que o tecido do vestido era leve.

Fechei a porta do armário me olhando em frente ao espelho, a bile subiu a minha garganta quando mais uma vez observei a marca da sua mão na minha garganta em um hematoma roxo. Meus braços estavam com manchas esverdeadas e minhas coxas com vergões causados ontem, depois que eu queimei o bacon dele.

Não podia chamá-lo de pai, não com a forma que ele me tratava. Ainda mais porque ele realmente não era meu pai, e isso explicava seu grotesco ódio por mim.

O capitão - como gostava de ser chamado - passava os dias me insultando e quando estava de mau humor, eu era o seu saco de pancadas; como se isso fosse diminuir o fato de eu ser uma bastarda.

O ódio por mim cresceu ainda mais quando descobriu que nunca poderia me dar como moeda de troca, já que os ovários policísticos me deixaram infértil depois dele ter se recusado a me levar no médico inúmeras vezes e o estado se agravou. Uma coisa levou a outra.

- Elisa, vem aqui! - sua voz grossa me despertou dos meus devaneios e me retraí com medo do que viria agora.

Ajeitei minha blusa e queria estar usando uma calça jeans ou uma jaqueta de frio pra amenizar qualquer surra que ele planejava me dar outra vez.

Antigamente ele não me batia antes de eventos, queria manter sua postura como um bom capitão e pai de família, mas depois que todos começaram a comentar que eu não tinha nenhum traço seu, e os rumores de que eu era fruto de uma traição surgiram, o capitão não pareceu se importar mais em esconder seu repúdio por mim.

Saí do meu quarto, encostando a porta que não tinha tranca e passei pelos corredores até o escritório dele. Nossa casa tinha um tamanho mediano comparada às dos soldados que seguiam as ordens do Capitão.

- Me chamou? - perguntei em voz baixa olhando para meus próprios pés.

- Ficou surda, Elisa? É claro que chamei. - rosnou batendo a mão contra a mesa de madeira.

Respirei fundo, devagar, sentindo a tensão pesar sobre meus ombros como se qualquer movimento errado fosse dar a ele motivos para me dar um soco.

- Desculpa. - sussurrei não querendo deixar ele com ainda mais raiva.

Essa última semana tinha sido um completo inferno com ele dentro de casa. Aparentemente ele estava tendo problemas com um dos seus soldados e tinha que resolver toda a bagunça que ele estava fazendo.

- Já te falei que não quero a porra das suas desculpas. - rosnou se levantando vindo até mim.

Queria recuar, seus olhos passaram por todo meu rosto até descer por meu corpo. Ele estava analisando suas marcas em mim, e parecia satisfeito por todo seu estrago.

- Arrumei um homem que te quer na cama dele. - jogou isso contra mim sem aviso prévio - Constantini, um dos soldados. Ele não quer filhos, já tem quatro, dois deles já são homens feitos.

Meu estômago se embrulhou; esse homem deveria ser um velho nojento a ponto de querer uma menina em sua casa para satisfazer seus prazeres.

Olhei pra minha mãe de relance no canto do cômodo, ela nunca ia contra o que o Capitão falava, nem ao menos tentava me livrar das suas surras. Tudo o que ela fazia, era costurar meus malditos vestidos pra encobrir seus erros. Ela nem ao menos o amava, então não tinha porque ela o proteger.

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