Survival

07

🖇 | Boa leitura!

Quando acordei na manhã seguinte depois daquela noite chuvosa, senti um peso sobre o meu corpo, mas não era desconfortável. Abri meus olhos devagar e vi o braço de Christopher em volta da minha cintura enquanto ele estava atrás de mim, sua respiração profunda tocando em minha nuca. Sorri involuntariamente e continuei ali por alguns segundos, querendo continuar sentindo-o me abraçar daquela forma antes de decidir levantar.

Eu sabia que estava cedo porque não estava tão claro e os pássaros estavam começando a cantar, o que me fez perceber que a chuva havia cessado completamente. Queria sair da cama antes que ele acordasse, mas seria difícil com ele agarrado a mim daquela forma. Cuidadosamente, tirei o braço dele de cima de mim e me afastei um pouco. Christopher resmungou e rolou para longe, deixando-me livre para levantar.

Fui até o outro quarto e procurei em minhas roupas algo que pudesse me aquecer. Após encontrar uma boa combinação de peças, eu tomei um banho quente rápido e me vesti. Carreguei minhas botas na mão até chegar à porta da frente porque não queria fazer barulho com os meus passos. Depois de calçá-las, eu abri a porta e me preparei para sair. Sairia sozinha pela primeira vez e isso parecia aterrorizante e animador ao mesmo tempo.

Respirei fundo sentindo o cheiro deixado pela chuva. Terra molhada. Vi os protagonistas do último filme que assisti falarem sobre aquele cheiro, mas fiquei confusa porque achei que não existia de verdade. Bom, existia e era muito agradável.

Depois de passar pela cerca da casa, caminhei pela estrada que levava ao vilarejo. Quando Christopher e eu assistimos ao filme na noite anterior, fiquei curiosa sobre como eu me sentiria com outras pessoas caso as conhecesse. Eu já conhecia o que sentia por Christopher, apesar de não saber nomear ou como eu deveria agir de acordo com isso. Imaginei que fosse melhor eu ter contato com mais alguém para descobrir se era uma reação normal a qualquer interação humana, ou se com o Christopher era diferente.

E se fosse diferente como o casal do filme se sentia um com o outro? Eu precisava saber, mas precisava fazer isso sozinha, sem nenhuma distração.

Cheiro de café da manhã invadiu as minhas narinas quando eu cheguei à primeira rua. As lojas estavam começando a ser abertas e as pessoas se cumprimentavam enquanto passavam. Dessa vez, eu respondi às saudações e gostei de como me senti ao interagir com as pessoas.

Fui novamente para o lugar onde a feira acontecia. No dia anterior, o fluxo grande de pessoas me assustou e eu tive reflexos de memória estranhos e incomodantes. Era estranho que eu não me lembrasse de nada, mas que a sensação de ter medo me fosse tão familiar.

Depois de tomar fôlego algumas vezes, comecei a caminhar por entre as barracas. Não havia tanta gente porque ainda estava cedo, então não foi difícil estar ali sozinha. Comecei a ouvir uma música vindo de algum lugar não muito longe e segui aquele som, encontrando um grupo de pessoas com objetos que projetavam aqueles sons diferentes que se misturavam. Eles cantavam e alguns se mexiam de de um jeito gracioso no meio da roda.