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🖇 | Boa leitura!

Sentada no meio do chão daquele quarto, eu encarava as paredes com diversas pinturas de um lugar que parecia estar enterrado no fundo da minha cabeça

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Sentada no meio do chão daquele quarto, eu encarava as paredes com diversas pinturas de um lugar que parecia estar enterrado no fundo da minha cabeça. Na noite passada, Christopher me explicou que na primeira vez que me viu eu estava destruindo os lírios do seu jardim. Eu tinha uma vaga memória sobre colocar pétalas de uma flor branca entre os meus dentes. Ele também me falou sobre a sua irmã e o trágico acidente que ceifou sua vida. Foi interessante descobrir que eu o ajudei a se sentir melhor.

Ele acabou insistindo que eu dormisse em seu quarto e eu garanti que não me sentiria estranha por ele dormir ao lado, mesmo assim Christopher preferiu passar a noite no sofá da sala, já que o único quarto de hóspedes completo estava sendo usado pelos meus pais.

Pais.
Era estranho me referir aos meus genitores com uma palavra tão social. Achei que seria melhor pensar neles daquela maneira, já que eventualmente tudo acabaria voltando a ser como era antes. Além do mais, eu deveria me acostumar com os termos familiares já que seria responsável por estar formando mais uma. Mas eu poderia dizer que Christopher e eu formaríamos uma família quando ele soubesse que eu estava grávida? Eu mal o conhecia, então tudo era imprevisível. Isso me fazia sentir medo de contar, por isso eu ainda não o fiz.

Ouvi alguém bater à porta e olhei para trás quando ela foi aberta. Era a Blanca.

— Bom dia, Maria. — sorriu. — Eu posso entrar?

— É claro. — assenti.

Ela se aproximou e sentou ao meu lado.

— Esse quarto é a parte mais linda do apartamento. — elogiou.

— E eu nem lembro de ter feito isso.

— Você vai lembrar. Eu não sei exatamente o que eles fizeram para selecionar as suas memórias, mas existem maneiras mais convencionais de se tratar a amnésia. Ouvir histórias sobre as coisas de que não se lembra é o primeiro passo. Também podemos ir aos lugares que você visitou em Boston. E, é claro, podemos usar hipnose.

— Eu não estou desesperada para lembrar. — deixei claro. — Confesso que é intrigante ver o mundo pela primeira vez. Eu já fiz isso antes, mas sei que não ficaria surpresa se lembrasse.

— Tudo bem. Isso pode ser natural também. Tudo indica que você vai acabar recuperando tudo o que perdeu.

Ficamos em silêncio por um momento, olhando para aquelas pinturas. Era uma sensação de calmaria que eu sentia, como se pudesse estar segura naquele ambiente.

— Que nome você vai escolher afinal? — Blanca perguntou quebrando o silêncio. — Seu pai e eu escolhemos Maria, mas o Christopher te chama de Dulce. Qual você gosta mais?

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