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🖇 | Boa leitura!

Dulce estava mais silenciosa do que o comum

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Dulce estava mais silenciosa do que o comum. Eu estava acostumado a ouvir todas as suas perguntas e exclamações sobre coisas que ela achava incrível. Mas era claro que ela se lembrava de muito mais sobre o mundo agora e que por essa razão não precisava mais dos seus tantos questionamentos. Mesmo assim, seu olhar era curioso e admirado sempre que passávamos por algum lugar diferente. Naquele momento estávamos no aeroporto aguardando o vôo para Boston e ela olhava para tudo como se fosse a primeira vez que estivesse ali. O estranho era que não era a primeira vez.

— Como foi o seu primeiro vôo com o Fernando? — eu perguntei para ela.

— O que? — franziu a testa.

— Quando ele te levou de Boston, lembra? Como foi?

— Ah! Claro. — assentiu. — Foi... novo.

— Novo? — estranhei a resposta rasa.

— É.

Nada de "muito legal" ou "eu achei que iria morrer". Minha teoria era de que sua real personalidade estava mais dominante agora e que provavelmente ela era menos eufórica.

Nosso vôo foi chamado e todos embarcamos no avião. Fiquei em um assento entre Dulce e Edward. Ela estava olhando pela janela, totalmente absorta ao ambiente e desinteressada sobre as pessoas ao redor. Vez ou outra ela olhava em meus olhos de maneira intensa e eu sentia um alívio por aquele olhar ainda ser o mesmo, por mais que parecesse um pouco mais analisador.

Como esperado, Edward tomou um sonífero porque odiava vôos e preferia ficar inconsciente durante toda a viagem.

— Sabe, eu fiquei muito surpreso em saber que você e Edward são irmãos. — puxei conversa com a Dulce. — E eu com ciúmes dele. — ri.

— Consanguíneos. — corrigiu-me. — Família é uma construção social e não vivemos assim na Colmeia.

— O Fernando disse que te criou assim. — franzi a testa.

— Quis dizer Edward e eu. Não vivemos como irmãos.

— Entendo. Mas isso pode mudar, não? Eu ainda estou bravo com ele por ter tido más intenções ao facilitar a sua volta para a Colmeia, mas eu acredito que o conheço e que ele é uma boa pessoa.

— Acho que isso terá que ser diferente de qualquer maneira. — deu de ombros. — Viver no mundo exterior requer mais empatia.

— Mas você tem muita empatia. — pousei a minha mão sobre o seu joelho. — Lembra-se de todas as vezes que derramou lágrimas com aqueles filmes românticos? — sorri.

Dulce desviou o olhar para a minha mão em sua perna e respirou fundo com os lábios entreabertos. Quando voltou a sua atenção para o meu rosto, a sua única resposta foi assentir positivamente.
Não podia negar que alguma coisa estava me dizendo que tinha algum problema com ela. Não era mais a mesma, isso me fez pensar que vida ela levava naquele lugar e o que a forçaram a fazer quando retornou.

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