Eletricidade

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MARINA

-É o seguinte, se não ficar quieta, eu e você estaremos encrencadas, então, por favor, mantenha a discrição e pare de tentar gritar. – Tentei dizer com toda coragem que restava em meu corpo, que junto ao daquela senhorita, da qual tudo que sabia era sobre sua pele pálida tocando meu corpo, seus lábios macios e sua valentia. Parecia não ter medo – Agora vou soltar a senhorita, por favor se mantenha em silêncio, garanto que não vai se arrepender.

Eu a soltei, e em silêncio absoluto virou-se em minha direção: Os olhos castanho-escuros cintilavam sobre a luz do lampião – apesar do pavor – e eu pude perceber suas sardas, pequenas manchas e sua boca que formava um coração no seu lábio superior.

Instantes depois que a soltei, pude vê-la substituir o pavor por curiosidade, e examinar-me com os olhos. De repente, me senti nua. Ficamos ali paradas examinando uma a outra por um tempo. Quanto mais eu a olhava, mais curiosa ficava. Era realmente uma mulher bonita, tinha cabelos negros muito longos, que ondulavam como o mar nas pontas, usava um vestido bege, que não lhe valorizava muito as curvas, tinha olhos curiosos e tão brilhantes quanto a Lua, seus lábios eram... Grossos. Me perdi em pensamentos de forma que mal ouvi quando começou a falar.

- Quem são aqueles lá fora? –

Perguntou, me retirando de meus pensamentos – Aliás, quem és? O que fazes aqui e o que queres comigo?

- Já disse que precisa ficar em silêncio. –

Sussurrei, e em seguida agarrei seu pulso, levando-a corredor a fora – confie em mim apenas desta vez, não tenho o intuito de machucá-la.

- Solte-me! – Exclamou a mulher, com a expressão apreensiva, respiração rápida e, céus, por que tinha que ser tão difícil?

- Preste atenção em mim, certo? – Virei-me para ela sem paciência, nervosa e com medo do que os rapazes diriam disto – O que está acontecendo é um ataque pirata para saquear este navio. – A mulher pareceu surpresa e aterrorizada, com razão, mas mesmo assim me senti suja por ter de dizer algo assim para ela - Se quiser, posso deixa-la ir até sua cabine sozinha, correndo o risco de algum dos marujos veja você e acredite que é uma ameaça, e posso garantir-lhe que não quer descobrir o que farão contigo. Mas – continuei- se deixar que eu lhe escolte até sua cabine posso garantir-lhe certa segurança.

Ela pareceu surpresa e, utilizando-se de alguns segundos para pensar, olhando para muitos lugares e ao mesmo tempo lugar nenhum – até porque o corredor era apenas iluminado por um lampião, então se houvesse algum objeto naquele local, ela não o veria com muitos detalhes - disse:

- Vamos. – Segurando minha mão e ficando atrás de mim. Enquanto andávamos, ela me dizia em sussurros para onde eu devia me dirigir. De certa forma, eu já não estava tão preocupada com os marujos, moedas de ouro, joias ou bebidas. Tudo havia desaparecido, e naquele momento, só havia eu, ela e seus sussurros.

Seguia as instruções dela, olhando para todos os lados e tentando me manter atenta a cada barulho de passos que escutava, dando um jeito de escondê-la em alguma esquina escura se alguém se aproximava. Os marujos já haviam achado a área das cabines, e cada vez mais perto de nós os passos ficavam.

Eles estavam entrando nos alojamentos para saquear pequenas quantidades de ouro e joias das mulheres. Vejo uma luz escapar da porta de uma das cabines.

Estão perto demais.

Nada facilitava o silêncio, e todo ruído se tornava um estrondo, que ecoava pelas paredes do labirinto deste navio mal iluminado e pouco preparado para possíveis ataques. Não havia nem mesmo um marinheiro de segurança para vigiar do lado de fora, o que facilita o meu trabalho, mas não é justo com ela. Nem com os outros passageiros, é claro.

Pensei em correr com a mulher para o outro lado do corredor que formava uma cruz, para entrar logo em sua cabine, mas seria em vão, estamos longe demais para chegarmos em tão pouco espaço de tempo. Maldição.

15 dias de Eros - SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora