ELENA
Como sempre, estava acordada antes de Marina, e nada poderia estar mais perfeito: a "mesa" bagunçada, roupas espalhadas pelo chão, o sol nascendo no horizonte de mar e Marina, deitada ao meu lado - nua - e com a expressão mais tranquila que já vira em seu rosto.
Noite passada foi uma das melhores noites da minha vida. Bem, no início foi estranho pois nunca havia sentido algo daquele tipo antes de Marina, mas... Foi fantástico. E se tornou constrangedor lembrar disto.
Lembrei-me que em algumas horas estaríamos na Bahia, mas afastei o pensamento para me concentrar em Marina. Dormindo ao meu lado, enroscada em mim.
Mechi de leve em seus cachos perfeitamente bagunçados, passei a parte de trás da minha mão por seu rosto, num carinho delicado e passeei em suas costas nuas contra o alaranjado do sol nascente.
Sem querer acordei-a.
Ela me olhou com os olhos pequenos de sono, um sorriso preguiçoso nos lábios, e se movendo devagar, deu-me um beijo delicado, apenas encostando nossos lábios e se afastou.
- Bom dia, querida. - Marina passou um braço em volta da minha cintura por debaixo do lençol. Me arrepiei.
- Bom dia, amor. - e o sorriso que ela abriu ao escutar isto foi o mais sincero que eu já vi em toda a minha vida. Era isso que eu queria causar nela todos os dias. Mas não disse, ao invés disto, perguntei: - dormiu bem?
- E teria como dormir mal depois da noite de ontem? - eu corei, e Marina se divertiu com isso. Não deixaria ela passar impune.
- Ah tu ainda deves estar mole, já que meu desempenho fora tão bom. - disse, e a mulher nem mesmo pestanejou.
- Sim querida, e já que tu tiveras mais tempo para se recuperar, pode ir até a cozinha pegar um copo d'água para sua amada.
- Não me levanto daqui nem diante da morte. - retruquei, e Marina sorriu parecendo satisfeita.
Então beijei-a novamente, tentando ser carinhosa e delicada enquanto me desmanchava sobre ela. Como açúcar na água.
Marina era mesmo doce.
Suas mãos começaram a passear por minhas costas, passando por meus cabelos e enfim acariciando meu rosto levemente. Foi então que senti algo molhado em minha bochecha. Marina estava... Chorando. Automaticamente tentei afastar meu rosto e separar o beijo, mas ela pressionou ainda mais nossos lábios, e tornando o beijo mais profundo, senti que também começaria a chorar.
Ela me dizia silenciosamente: vou sentir saudade.
Eu também, amor.
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15 dias de Eros - Sáfico
RomanceElena, uma mulher comum nascida e criada na cidade do Rio de Janeiro, amava sua cidade e sua vida, ao lado de Clarice, sua melhor amiga e a quem confidencia muito mais que apenas seus segredos. A jovem fora prometida em casamento para seu melhor am...