Desabando - pt 1

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MARINA

Estava prestes a entregar as cartas e poemas a Elena, as peguei enquanto conversava e mantive-as atrás de meu corpo durante o restante do tempo que estivemos juntas. Mas não tivera tempo.

Não percebi a quantidade de tempo que havia se passado desde que eu e Elena nos encontramos, mas aparentemente havia se passado muito tempo. Tempo o suficiente para estarmos perdendo a batalha e eu nem sequer ter pensado em meus companheiros.

Quando um homem desconhecido arrombou a porta de minha cabine, viu eu e ela nos beijando abraçadas. Maldição.

O homem nos olhou com nojo, e correu em nossa direção, agarrando nossos braços. Eu consegui me desvencilhar de seu aperto rapidamente, mas Elena não teve tanta sorte, pois fora agarrada logo em seguida por um outro homem.
Enquanto isso, eu batalhava com um marujo alto e forte, com cabelos vermelhos e coberto de tatuagens, que era o último que restou na cabine, pois o resto estava no andar de cima, e em uma batalha curta consegui prende-lo e o manter trancado no meu quarto com minha espada prendendo a maçaneta.
Ótimo, as cartas ainda estavam junto a mim, por dentro de minha camisa.

Onde estava Elena?!

Correndo sobre a embarcação vi-a amarrada à âncora, com boca e mãos amarradas com corda. Ninguém me via pois observava por detrás de uma pequena janela de dentro do banheiro, porém Elena me avistou e pareceu aliviada por um instante.

Tivera medo que eu morresse, com certeza.

- Aberração! - o primeiro homem dizia, enquanto cuspia no rosto de Elena - terá o que aberrações merecem... - todos gritaram, exaltantes e parecendo animados para ver minha Elena sofrer. - Onde está sua amiga agora? Está se escondendo e se acovardando.

Aquelas palavra me encheram de ódio, vontade de matar todos aqueles homens com a força de meu sentimento e encher todas as partes do corpo de Elena de beijos. Era isso que ela merecia.

Precisei me exforçar para sair do lugar, e tentei bolar um plano para salva-la.
Preciso viver com ela.

Quando saí do banheiro, reparei que poucos dos meus marujos continuavam vivos, o que me causou um buraco no estômago.

Aquelas pessoas eram amigos, uns mais próximos, como família, outros nem tanto, mas todos eram amigos.

E estavam mortos.

Até que o Alex apareceu. O abracei com todas as forças e não contive as lágrimas que se formavam em meu rosto, todas que tentei controlar para me manter calma saíram de uma só vez e apenas recuei quando entendi o que ele poderia significar.

Meu melhor amigo, tenho certeza que me ajudaria.

Por isso contei a ele sobre meu plano de salvar Elena.

- Você está louca, como pretende salvar esta mulher?! Não há nenhuma forma de sobreviver e...

- Não estou buscando por sua aprovação, meu amigo, apenas observe. - disse, colocando minha mão sobre seu ombro - Elena prometeu sempre me encontrar, não vamos nos separar agora.

Alex me olhava perplexo, como se estivesse delirando em todos os sentidos da palavra, mas com relutância confirmou com a cabeça de olhos fechados, e disse:

- O que quer que eu faça, então? - entreguei as cartas em sua mão, e ele me olhou como quem não entendia o que significava isto.

- Quero que guarde isso contigo, não sei se vou conseguir conserva-las durante a batalha que travarei - disse, e Alex parece ter entendido o que eu quis dizer, pois vi seus olhos se encherem de lágrimas, ele assentiu - e não importa o que aconteça, entregue para Elena, para mim, e se não fizer nenhum dos dois, guarde-as para sempre, compreendeu?

Ele me abraçou, e nós dois choravamos a esta altura.

- Eu te amo, irmã, te entrego estas cartas ainda hoje.

Confirmei com a cabeça e sussurrei um "eu te amo" enquanto me afastava e corria até as escadas, me dirigindo para o andar de baixo.

Abri a janela do quarto mais próximo, tentando ignorar os corpos de meus amigos jogados ao chão enquanto chorava, e me apoiei sobre o peitoril, me segurando firme para que o balanço do navio não me derrubasse, e de janela em janela, me aproximei de Elena.

Ótimo, não tinha um plano para quando chegasse aqui.

- Vão procurá-la, pois parece que ela realmente não se importa de ver este... Monstro em apuros, não é mesmo?
Ele chegou perto de Elena, pois senti sua voz aumentar o volume, e escutei Elena gemer.

Gemer de dor.

Escutei os homens se dissiparem, e ao longe escutei o pirata que estava com Elena gritar ordens, direcionando os marujos sobre o navio.

Os pensamentos que percorriam minha mente transitavam entre Elena e minha tripulação, que se tivesse vencido a batalha, jamais faria algo assim conosco. Eles compreenderiam.

Assim que não escutei mais nada no antar de cima, fiquei minha adaga na madeira do barco e escalei. E quando fiquei de pé, vi Elena em minha frente.
Por um segundo pousei minha mão sobre seu rosto, para consolar e limpar lágrimas que escorriam de seus olhos.

Nunca mais deixaria que ninguém fizesse-a voltar a este estado.

Desfinquei a adaga e começava a cortar as cordas, primeiro a que amarrava sua boca, depois a de seus braços e pernas, mas o que amarrava um de seus tornozelos à âncora era uma corrente.

Por deus, e agora?

Tentei desesperadamente arrancar aquilo de sua perna, e nós duas sabíamos que era impossível andar com aquele peso.

Sem saber o que fazer e chorando tanto que não conseguia nem mesmo enchergar direito, continuei com meus exforços inúteis para cortar a correndo com as minhas mãos. Era impossível, mas não posso  continuar sem fazer nada.

Era meu amor em jogo. Minha vida.

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Oi, meus amores, como estão?

O que vcs acham que vai acontecer com as nossas meninas?

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Beijos<3

15 dias de Eros - SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora