Agora ou nunca

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ELENA

Após minha despedida de Marina os dias foram corridos. Após o beijo que dei nela na frente de todos tive que fugir às pressas para o interior da Bahia com Marcos, pois os murmurinhos sobre uma mulher que beijou outra estava se espalhando pela cidade inteira.

E quando chegamos, Marcos me perguntou porque estava diferente do que eu era, a razão de minha tristeza. Ele esperou que estivéssemos na casa dele para me perguntar.

E contei tudo a ele.

Estava chorando pela primeira vez após aquele dia, e parece que chorei por tudo que guardei desde então. Deitei em seu colo e ele fazia carinho em meus cabelos.

- Não posso acreditar, que coincidência encontrar logo a Marina... Está tudo bem para ti? O jeito que eu sou?

- Mas é claro, amigo. - disse eu, segurando em sua mão livre - Sabes que irei sempre amar-te.

Marcos sorriu. Ele era realmente um homem demasiado bonito: pele bronzeada, cabelos curtos que caiam em cachos bem organizados - diferentes dos de Marina, que sempre estavam em nó - e um sorriso lindo, que agora eu poderia contemplar, após tanto tempo sem vê-lo. Apesar de não muito alto, tinha um ar protetor sempre emanando dele, algo que me fazia pensar que seria um bom pai algum dia.

- Mas então me diga, pretende mesmo se casar comigo?

- Não acho que seria justo, Marcos. Temos nossas vidas e amores, não podemos ser o que eles querem que sejamos.

Ele sorriu, e apareceu aliviado.

- Então o que faremos, minha amiga?

- Precisamos de um plano, porém antes preciso enviar uma carta.

A mensagem endereçada ao Rio de Janeiro viajou por quatro dias, e me lembrei de Marina dizendo que antes de ir para outros lugares, pararia na cidade para abastecer o navio, e esta seria a minha chance de falar com ela que estava a caminho.

Mandei a carta para Clarice, que certamente me ajudaria a falar com Marina. Pedi-a que entregasse a ela no porto, diretamente.

Enquanto a carta estava a caminho, descobrimos que eu estava sendo procurada pela guarda. Fizeram um retrato falado de mim e me procuravam, por beijar uma mulher.

Eu seria presa.

Minha única forma de escapar seria fugindo, indo para algum lugar que não houvesse a possibilidade de ser presa, e o único lugar que eu conhecia era no mar. O lugar de liberdade.

E seguimos o plano.

Eu e Marcos saímos às escondidas de madrugada, eu dormi a maior parte do caminho sem fazer ideia de quem estava conduzindo-nos, e da forma que Marcos era louco, talvez não estivéssemos seguros. Porém logo descobri que era seu amado quem dirigia, e fiquei tranquila.

Chegando à costa, me despedi de Marcos, prometendo que viria vê-lo e pedindo que dissesse tudo à minha mãe, menos meu paradeiro. Disse também que o amava.

Agora eu me tornei fugitiva, e não tinha muito a se fazer além de me esconder da forma mais eficiente, sem parar em lugar algum e sem ser reconhecida.

Além de que me ajudaria a encontrar Marina.

Entrei num navio pirata escondida.

15 dias de Eros - SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora