Do céu ao inferno

1.1K 134 21
                                    

MARINA

Não sei quando voltei a dormir, mas quando acordei Elena estava de pé, virada de costas para mim e tentando amarrar sem sucesso mais um de seus vestidos marrons sem graça. Quem deixou ela se vestir assim?

O quarto parecia um pouco menos desarrumado que quando acordamos hoje de manhã, provavelmente dormi demais.

De repente ela olha pra mim, e parece surpresa me vendo acordada.

- Você pode me ajudar a fechar isso aqui? -disse, claramente sem graça, com um sorriso frouxo nos lábios.

- Ganho alguma coisa com isso? - ergo uma das sobrancelhas, me espreguiçando na cama. Observo o rosto de Elena sair de seu tom pálido normal para um rosa, despois um vermelho e ameaçando ficar roxo. A única coisa que pude fazer foi rir - estou brincando amor, venha aqui.

Então ela se virou de costas novamente, eu me levantei e fui em sua direção. Chegando perto, tirei os cabelos longos e pretos de suas costas, levando-os ao ombro direito para facilitar o fechamento. No processo, fiz questão de tocar levemente numa parte de suas costas que estavam sem o espartilho, deslizando meu dedo levemente pela região, e pude observar um arrepio percorrer seu corpo.

Sorri novamente.

Fechei todos os botões, mas assim que terminei a impedi de sair da posição, a abraçando pela cintura e pondo a cabeça do lado esquerdo do pescoço de Elena.

- E então? O que eu ganho? - disse, e depois disso dei um leve beijo onde antes estava meu queixo.

Não dava para ver a expressão da mulher, mas percebi que ela gostou quando senti sua cabeça se apoiando no meu ombro, abrindo espaço para que eu continue.

Por isso continuei, fiz um caminho de beijos descendo de seu queixo em direção à seu ombro. Quando vi que Elena tentava segurar os gemidos tive que rir.

Era uma graça.

- Está se divertindo? - disse a mulher num tom que não pude identificar qual foi, mas sabia que ela estava sorrindo.

- Com toda certeza, nunca estive melhor entretida.

De repente ela tirou minhas mãos de sua cintura e virou-se para mim, com uma das sobrancelhas erguidas e um sorriso contido.

- Ah, é mesmo? - ela andou em minha direção e eu recuei, mesmo sabendo que a cama estava bem atrás de mim. Sabendo que iria cair para trás. Não me importava, ela olhava em meus olhos como uma criança olha para doces.

Então obviamente eu caí, e ela alargou ainda mais o sorriso, subindo de joelhos na cama e sentando em cima de mim, na região próxima ao meu colo.

Fui surpreendida de uma forma maravilhosa. Quem vê Elena envergonhada por me pedir para fechar seu vestido, não imaginaria que ela tomaria atitude desta forma. Bem como eu nunca imaginei que faria algo como na noite passada, mas não tive muito tempo para pensar nisso.

Ela segurou meus pulsos com uma mão e levou para cima da minha cabeça, fazendo pressão sobre o colchão me impedindo de me mecher.

- Minha vez de me divertir.

Foi o que ela disse, passando a mão pelo meu rosto - fechei os olhos com o movimento - e explorando parte da minha silhueta antes de chegar à minha cintura e ergue-la de forma provocativa. Onde ela aprendera tudo isso?

Seu rosto se aproximava do meu lentamente, e pude sentir sua respiração calma em contraste com a minha, ofegante. Nunca desejei tanto algo quanto que aqueles lábios se colassem logo aos meus, que ela soltasse minhas mãos e eu pudesse também explorar o corpo dela.

Quando já estava perto o suficiente que estivesse ao meu alcance, beijei-a com urgência, pude sentir seu sorriso se desmanchando conforme se dava conta do quanto desejava aquilo também.

Senti o corpo dela relaxar em cima do meu, anestesiando qualquer sensação indesejada com seu peso. Sorte a minha que Elena afrouxou sua mão em meus pulsos, e aproveitei para libertar uma de minhas mãos. Ela mal percebeu.

O beijo começava a ficar lento, e causou em mim um fervor que eu conhecia bem mas que até então nunca viera tão forte. Parece que ela experimentava da mesma emoção que eu, pela forma que agia e se movimentava sobre mim.

Então eu comecei a procurar o caminho por debaixo de seu vestido, tentando encontrar suas pernas nuas.

E encontrei.

Finalmente, quando toquei sua pele e comecei a acaricia-la, senti a pele da mulher se arrepiar. Ela é um pecado.

Mas de repente ela separou nosso beijo, e se afastou, voltando a se sentar, soltando meu pulso. Sua expressão tinha dúvida e parecia espantada, o que não combinava bem com o tom vermelho de suas bochechas e muito menos com os cabelos perfeitamente desgrenhados. Ela parecia assustada.

-Ei, tá tudo bem, amor. - eu disse, pousando minhas mãos em sua cintura, depois passando-as pelos cotovelos e parando para segurar suas mãos.
Para minha surpresa, Elena me observava com olhos arregalados, de surpresa.

O que estava acontecendo? Por deus, ela estava chorando.

15 dias de Eros - SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora