Futuro

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ELENA

Os dois dias que se sucederam foram calmos.

Marina esteve o tempo todo comigo, e entre conversas, beijos e carícias, acabei percebendo que me apeguei à sua presença. Evitei pensar que a viagem estava prestes a terminar.

Lemos livros juntas, ela me contou que escrevia poesia, mas ficou com vergonha de me deixar ver. Contei a ela sobre minha vida e tudo que passei até chegar onde estávamos e, na maior parte do tempo, nossas cabines eram nosso mundo privado.

Marina evitou tomar iniciativa de me tocar, esperando sempre que eu ditasse como seriam os toques, provavelmente para não me lembrar nada relacionado ao homem que me tocara quando mais nova. O respeito e carinho que ela tinha por mim eram lindos.

E era véspera da nossa chegada à Bahia, eu não consegui mais afastar o pensamento de que talvez nós nunca mais viessemos a nos ver. Estava quase ficando louca.

- O que se passa em sua cabeça, meu amor? - disse Marina, se espreguiçando ao meu lado, e me olhando de soslaio quando o sol começava a aparecer na janela.

- Já parou para pensar que talvez eu nunca mais a veja? - disse eu, olhando-a. Ela fechou os olhos.

- Já parou para pensar que vai se casar em menos de uma semana? - disse Marina, com os olhos semicerrados por causa da luminosidade.

Não, eu não tinha nem pensado sobre isso, estava mais preocupada em vê-la. Com Marcos eu me resolveria depois.

Abracei sua cintura e puxei, Marina depositou sua cabeça no meu colo e ali ficou. Pela primeira vez ficamos em silêncio.

- Não posso abandonar meu navio, querida... - ela me olhou com esperança - mas se quiser pode vir comigo. Posso te ensinar tudo que precisa saber para estar em alto mar comigo.

Por um momento me imaginei como seria um paraíso viver em alto mar com ela para sempre, e imaginei-me passando o resto de meus dias entre conversas, beijos, carícias e quem sabe um dia ler seus poemas.

Mas a vida de uma pirata não é assim.

-Marina, sabes que não posso aceitar levar a vida desta forma. - ela pareceu ofendida. De verdade.

- Que forma? - a mulher se levantou e ergueu uma das sobrancelhas, me olhando como quem espera uma resposta.

- Piratas são violentos, sujos, bárbaros e primitivos, com a excessão de ti querida. Passar a vida saqueando e bebendo não é para mim.

Marina se levantou, e só então percebi que a ofendi mais uma vez. Aquilo não era verdade. Eu não teria como saber e meu conceito prévio sobre o assunto foi contra tudo que ela mostrara ser nos últimos dias.

Eu fui injusta.

- Espere, não foi isto que eu quis...

- Mas disse. Faça o seguinte, Elena - senti-me estranhamente machucada ao escutar meu nome saindo de sua boca - não procures mais por alguém tão repugnante quanto uma pirata, como eu.

Marina vestiu a sua camisa, antes jogada no chão e amassada, ajeitou sua calça e saiu de minha cabine. Me deixando sozinha.

Apesar do arrependimento que era o sentimento mais forte que me invadia naquele momento, sabia que deveria agir. Apenas me arrepender não adiantaria. Tenho 24h com ela e devo aproveitar cada segundo.

E dizer tudo que gostaria.

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Oie lindos/lindas/lindes, como estão?
Consegui adiantar a escrita de alguns capítulos no feriado, segura o coração aí.
Sigam o perfil da fic no TikTok (@15_dias_de_Eros) e engajem pq eu dou muitos spoilers por lá!!
É isso, até:)

15 dias de Eros - SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora