Sentença

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ELENA

- Bom dia! – A figura à minha frente, que se pôs a me perturbar ontem e eu acreditei que não se prolongaria por mais que isso, era animada e sorridente, além do fato de que em suas mãos tinha uma rosa vermelha um pouco murcha (que não sei com precisão como ela conseguiu), estava exatamente como no dia anterior, os trajes não mudaram e sua aparência nunca deixava a desejar.
- O que fazes aqui? – Dissera eu, sendo pega de surpresa em meio aos corredores quando me dirigia à cozinha para pegar meu café da manhã e recusando a flor - Achei que havia voltado ao seu navio de piratas. – Cuspi a última palavra, como forma de ofendê-la. Não surtiu o efeito esperado.
- É perceptível que vim até aqui para vê-la, não? – o sorriso que apareceu em seu rosto, daquele jeito torto e provocador, me deixou furiosa – E se estás decepcionada com a minha permanência, posso dizer que somos duas, pois me decepcionei esta manhã achando que estarias com humor agradável ao nascer do dia. Parece que fomos contrariadas, não é?
A mulher me ofereceu novamente a flor, e novamente eu recusei. O que ela queria afinal? O que estava por trás desta insistência? Eu jamais a perguntaria, apenas trinquei meus dentes de raiva e para evitar que as palavras saíssem da minha boca de forma desordenada. Eu tentava me livrar da mulher atrás de mim, mas ela insistia em me seguir a todo custo para onde quer que eu fosse. Em dado momento, virei-me em sua direção.
- Você poderia parar de me seguir, estou tentando viver, mas vosmicê parece amarrada a mim!
– Disse eu, avançando enquanto a mulher recuava.
- Tu ficas linda com raiva, sabia? – Retrucou a insolente, pondo a ponta do dedo da mão direita no meu queixo, como se me fizesse erguer a cabeça. E eu já havia perdido o controle da situação novamente, por que é tão difícil? – Por hoje vou deixa-la em paz se me disser seu nome, apenas isso. Vamos, eu posso começar: Meu nome é Marina, e o seu?
- Se eu lhe responder, paras de me seguir? – Ela gesticulou que sim com a cabeça, então eu me dei por vencida, era melhor me livrar disto agora – Meu nome é Elena.
Depois disso, saí andando corredor a fora, até que escuto a inconveniente gritar ao fundo:
- É um belo nome, só não tão belo quanto a senhorita! Até amanhã, Elena!
A raiva e a curiosidade borbulhavam em mim de forma incontrolável. Eu já teria reparado que é muito fácil perder o controle da situação quando estou perto da Marina. Que é uma pirata.
Marina. Combina com ela. Depois de estudar um pouco o significado de muitos nomes “filha do mar” é algo que combina com alguém que vive navegando, mas alguém que vive navegando e saqueando navios não é digno de um nome bonito como este.
Certamente havia algo muito errado com aquela mulher.

Hoje, eu havia levantado sem barulho algum, e estava tudo perfeitamente bem. Sem nada me importunando, o barulho da maresia era tranquilo. O sol se estendia quando me acordou com sua luz e calor em meu rosto. Era tudo lindo. Me mantive assim por alguns longos minutos até olhar um pouco mais abaixo da janela, onde ficava minha escrivaninha.
Lá estava ela: a rosa vermelha quase murcha. A mesma do dia anterior. Mariana. O primeiro pensamento que me ocorreu foi, como ela conseguiu entrar aqui e colocar esta flor no meu quarto se eu tranquei a porta? Logo depois pensamentos como, por que ela está se esforçando tanto para falar comigo?
Logo reparei que junto com a rosa havia um pequeno cartão:

Ps: Não consigo tirar os olhos de você.
Ps 2: Já que não consegui que trouxesse a flor até seu quarto voluntariamente, ela veio até você, não fiques
com raiva de mim.

Por Deus...

15 dias de Eros - SáficoOnde histórias criam vida. Descubra agora