Uma leve brisa agitava as cortinas e trazia o som do tráfego lá fora. Do lado de dentro, Loly estava deitada, confortável e quentinha, na cama, a cabeça na curva do braço do Jake enquanto ele passava os dedos pelos cabelos dela em um delicioso cafuné.
-Jake?
-Hmm? - Foi a resposta, preguiçosa. Os olhos dele estavam fechados e, se não fosse pelos movimentos da sua mão, ele poderia muito bem estar dormindo.
-Você já fumou maconha no loft da casa da madrinha?
-Você não? - Ele perguntou, um pouco divertido, um pouco surpreso.
-Não! Vocês são todos... maconheiros?
Ele soltou uma risadinha.
-Não sou maconheiro.
Loly ficou em um silêncio ressentido, pois mais uma vez havia ficado de fora de algo que sua família inteira participava. Tudo bem que nunca tivera a menor curiosidade de subir ao terraço do loft. Aliás, não sabia nem que aquilo era algo que as pessoas faziam. E definitivamente não se interessava em fumar maconha. Ainda assim, podiam tê-la convidado.
-Você ficou chateada, Loly? - Jake abriu os olhos e perguntou, pois já estavam chegando em um estágio em que ele conseguia ler o que ela pensava.
-Eu só estou me sentindo como se tivesse perdido um ritual de passagem importante.
-É... - Ele ficou em um silêncio pensativo, para em seguida acrescentar: - Mas se te serve de consolo, eu não fumei meu primeiro baseado no terraço do loft.
-Não? Como foi?
-Com a minha mãe.
-O quê?! - Loly se sentou.
Jake, embora acostumado àquele tipo de reação, riu do espanto da namorada e jogou mais um item na confusão:
-Na minha família é como uma tradição. Minha mãe fumou com os meus avós.
-Você está brincando! - Ela gaguejou.
Jake se sentou e ajeitou os travesseiros contra as costas para ficar mais confortável.
-Segundo a minha mãe, não tem nada a ver não legalizarem a maconha, já que eu posso a qualquer hora comprar uma garrafa de tequila, encher a cara, me matar ou matar alguém.
-Mas drogas viciam.
-Álcool também, se você tiver predisposição pra isso. Também segundo ela, esse tipo de coisa tem de ser feito às claras e com orientação, senão acontece o que aconteceu com a tia Malu, que cresceu sem poder fazer nada e aí, quando fez, fez errado. E, se você for pensar bem, até que faz sentido.
Fazia, mas Loly cresceu ouvindo histórias de terror sobre como a madrinha teve uma overdose e quase morreu e como o padrinho foi ressuscitado com uma injeção de adrenalina no coração e muito a espantava que a sua geração, ao invés de fugir das drogas, lidasse com ela de forma tão natural. E como eles não se preocupavam com a perda do controle sobre o que pensavam, o que sentiam, como agiam. Loly tinha pavor de não ter controle sobre o próprio corpo. Nem beber ela bebia mais.
-Ok, mas vamos combinar uma coisa? - Ela perguntou. - Se a gente tiver filhos, eles não vão passar pelo seu ritual de família. A tradição termina com você, a não ser que o Oyekunle queira continuar, mas aí é problema dele.
Jake abriu uma delícia de sorriso, mas, no momento em que ia responder, o telefone tocou.
-Oi, Allie – Loly disse, depois de ver o número na tela.
-Oi, vamos sair?
-Mas eu tenho aula amanhã de manhã! Não posso bombar, já distribuí meu convite de formatura – Ela sorriu.
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Quando a Vida Acontece - Vol 2
RomanceCrescer nunca foi fácil, mesmo que já se seja adulto. Loly está de volta, vencendo fantasmas um dia de cada vez. Ella, uma modelo internacional bem sucedida, está prestes a embarcar em uma mudança que pode transformar completamente a sua vida. Dylan...