Quando a Vida Acontece - Vol 2

Capítulo 29

-Não ri. Não é pra rir.

-Desculpa, mas é. Cara, quando foi que você ficou a fim da garota do Luca e eu sem nem saber de nada?

-Ela não é a garota do Luca. Ele diz que é estanque e acho que isso significa que ela não é a garota dele.

-Estanque? Isso é bem coisa do Luca.

Sinal verde, Jake atravessou a rua. Estava no centro financeiro da City of London na hora do almoço, deslocado em seu jeans, tênis e camiseta no meio de tantas pessoas de terno, mas isso era algo que ele mal percebia e, caso notasse, pouco ligaria. No momento, estava distraído com o problema que seu melhor amigo contava pelo celular.

-Está muito climão por aí?

-Não! - Dylan falou, revoltado. - Transei com a menina, ela não se lembra e não tá nem sem graça!

-Tá, mas você também não lembra.

-Mas quero enfiar a cara embaixo do tapete cada vez que entro naquele apartamento. Preciso de um lugar pra ficar, cara. Preciso pra ontem.

-E o plano de assustar a Daisy com a sua bunda?

-Minha bunda não assusta nem a Allie.

Jake olhou o endereço e viu que estava diante de um restaurante de toldo verde e mesas do lado de fora e que se chamava "O Duende". Ficou pensando se um lugar com aquele nome tinha qualquer chance de servir algo que ele gostasse.

-Preciso ir – Ele disse para o celular.

-Ei, a gente ainda não resolveu meu problema.

-Agora não dá, parece que vou ter de resolver o problema da sua mãe.

-Oi?

-Depois a gente se fala.

Jake guardou o celular no bolso traseiro da calça sem saber se estava falando a verdade ou não. Quando Renata ligou para ele marcando aquele almoço, ela não quis adiantar o assunto, mas ele aceitou porque só podia ter algo a ver com Loly, e qualquer coisa que fosse sobre ela lhe interessava. Ele passou os olhos pelo cardápio e viu que provavelmente gastaria uma fortuna em um prato que não gostaria muito. Uma hostess conseguiu fazer antipatia parecer profissional e o olhou de cima a baixo, registrando suas roupas sem que ele ao menos tivesse a desculpa de ser turista.

-Mesa para uma pessoa? - Parecia que a hostilidade era uma nuvem que passou pelo semblante dela e ela sorriu.

-Eu vim encontrar uma pessoa, não sei se ela já chegou. Posso procurar?

-Claro – A hostess deixou-o passar.

Jake entrou no restaurante pensando por que diabos a hostess se achava melhor que alguém, com um emprego que devia ser incrivelmente chato e um salário que provavelmente não era grandes coisas. Mas logo em seguida localizou Renata sentada a uma mesa, vestindo um terninho cinza, lendo um livro e bebendo um suco que parecia água barrenta. Ela estava tão absorta que só notou que ele estava ali quando ele a cumprimentou.

-Ah, oi, Jake – Renata fechou a capa do Kindle e o colocou na bolsa. - Sente-se! Obrigada por vir! Como você está?

-Bem – Ele disse, surpreso. Não que Renata não tivesse educação, mas eles só se viam ultimamente em situações tensas. Era raro ter um diálogo leve com ela. - E você?

-Bem também. A Phoebe já te levou a um restaurante vegano?

-Já. Eu comi carne de jaca. Não foi a pior coisa do mundo.

Renata riu:

-Então deixa eu escolher por você.

Como eles ultimamente sempre se encontravam ou se falavam nas piores circunstâncias, Jake ficou pensando se Renata era sempre simpática desse jeito ou se estava apenas puxando seu saco com algum propósito obscuro.