Era domingo, o dia maldito, mas aquele pelo menos teria atenuantes. Willow não tinha prova e Mateus havia feito planos, e estes eram não fazer absolutamente nada. Oyekunle passaria o dia na Malu e eles teriam o apartamento para eles, algo que era raro porque um compromisso sempre se intrometia entre os dois. Willow morava no dormitório da faculdade, ele morava em um sofá, logo eles nunca conseguiam ficar sozinhos. Mateus estava procurando bastante um apartamento, de verdade. Tudo o que adiou antes, com medo de tomar um passo definitivo, foi anulado quando soube sobre Jamie. Mas descobriu que querer e poder eram coisas muito distintas, embora estivesse ficando muito constrangido de ocupar o sofá do Oyekunle. Este era um cara incrível e jamais lhe passaria na cara, mas não adiantava repetir não importava quantas vezes fosse que Mateus não estava incomodando. Ele sabia que estava.
Temia que a situação o acabasse forçando a voltar para o antigo apartamento, mas não queria ir para lá. Jamais seria capaz de tocar a vida e levar a Willow ao apartamento da Lily.
Por falar em Willow, o interfone tocou e ele foi atender, olhando o relógio e vendo que ela estava muito adiantada. Logo, quase caiu de susto quando uma voz masculina disse que era o Tom.
"Que Tom?!", ele se perguntou, sem conseguir acreditar. Mas, de qualquer forma, liberou a entrada.
Quando abriu a porta, descobriu que era isso mesmo. Tom, pai da Lily, ex-futuro sogro, que só costumava falar com ele para ameaçá-lo, estava em pé no corredor.
-O Oyekunle não está - Mateus falou, pois o amigo havia saído meia hora antes para ir ao almoço e ele não conseguia pensar em outro motivo para Tom estar ali.
-Eu sei, por isso eu vim agora. Minha conversa é com você.
Sem saber o que havia feito de errado daquela vez, Mateus o deixou entrar, se preparando para a esculhambação. Com ou sem razão, Mateus era sempre esculhambado. Tom querer falar com ele era sempre sinônimo de má notícia.
Tom entrou na sala e não se sentou, com ar de quem daria uma informação e sairia em dois segundos.
-A Lily não tinha dito que não queria falar com você.
Foi tão inesperado que Mateus só conseguiu olhá-lo com um enorme ponto de interrogação na testa, o que deixou Tom um pouco irritado, mas ele foi em frente.
-Aquele dia, ano passado. Vocês tinham terminado e fiquei puto. Achei que a culpa era sua porque normalmente é. Aí não deixei você entrar na casa da Malu. Disse que a Lily não queria falar com você.
Como sempre em suas interações com Tom, Mateus ficou dividido entre a frustração e a raiva. Porque ele sempre se metia, sempre interferia, e sempre para afastá-lo de Lily. Era tão fácil ver o quanto ele amava aquela garota e, mesmo quem não visse, só precisava não se intrometer. E então Tom o pegou de surpresa falando:
-Foi mal. Não queria atrapalhar vocês.
-Você não imaginou que isso fosse atrapalhar? - Mateus deu uma risada curta, incrédulo.
-Achei só que você queria cagar o que já tinha sido cagado. Por você. Minha intenção não era atrapalhar – Ele disse, sem nenhum traço de simpatia, mas, dessa vez, Mateus não se intimidou.
-Com todo respeito, você não pode fazer isso! Sei que quer o melhor pra Lily, mas eu também, e eu e Lily tínhamos concordado que éramos o melhor um para o outro e estávamos felizes!
-Vocês terminaram por minha causa, garoto? - Tom perguntou, gélido.
-Não - Mateus se viu forçado a admitir.
-Então. Eu não ajudei, mas também não causei o problema.
-Eu não sei. A gente precisava conversar e você não tornou isso possível, e depois coisas demais aconteceram e agora eu estou com outra pessoa.
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Quando a Vida Acontece - Vol 2
عاطفيةCrescer nunca foi fácil, mesmo que já se seja adulto. Loly está de volta, vencendo fantasmas um dia de cada vez. Ella, uma modelo internacional bem sucedida, está prestes a embarcar em uma mudança que pode transformar completamente a sua vida. Dylan...