Algum tempo depois...
-E então? - Lily falou, devolvendo o violão para o Mateus.
-É uma música incrível, Lily. Por que eu não conhecia?
-Porque é nova, tonto. A mamãe disse que faltava uma balada para o meu álbum, então eu fiz essa.
-Fez essa? Assim? - Disse ele, admirado.
-Assim – Ela sorriu, orgulhosa.
Na verdade, não havia sido "assim". Ela a havia feito de coração partido pelo próprio Mateus. Logo, era a música dele, mas pelo jeito ele jamais saberia. Os dois haviam percorrido um longo caminho e terminado em um lugar em que ele namorava uma Willow e ela estava saindo com um Jed.
-Jed é ridículo - Ele falou.
-Não é, não.
-É nome de um jogador de futebol americano sem nada na cabeça que coloca diamante nos dentes e escuta hip hop.
-Ele não joga futebol americano, escuta rock e ninguém mais coloca diamante nos dentes!
-Certeza que o Jed coloca.
-E não é Jéééééd - Ela falou, bem-humorada, imitando o sotaque dele. - É Jed.
-É tosco do mesmo jeito – Mateus deu de ombros.
Lily amava várias coisas naquela brincadeira. Amava que estivesse saindo com alguém, o que a livrava da roda-viva cansativa do beija-na-boca-tem-amnésia-alcóolica-quer-morrer-pena-que-arrependimento-não-mata-de-verdade de costume. Amava que Jed não fosse tão ruim quanto Mateus dizia. Ele não era tão legal... bem... quanto o próprio Mateus, mas, como primeiro namorado após término de quase casamento, era bem decente. E, finalmente, amava que Mateus implicasse tanto com ele. Ela mesma implicaria com Willow se não fosse dar tanto na cara, e o fato de ele fazer isso primeiro a deixava com muita paz no coração para achar que os dois talvez tivessem alguma chance no futuro.
-Nós podemos marcar aquela saída - Lily provocou. - Nós quatro.
-Podemos ir hoje ou amanhã, se você quiser – Ele sugeriu e ela recuou, assustada.
-Hoje é muito em cima. Podemos tentar amanhã.
-Vamos amanhã - Ele disse, categórico. - Quero conhecer esse Jéééééd.
Na falta de opção, Lily concordou. Seu problema não era ela, Mateus e Jééééd. Era ela, Mateus e Willow. Lily não queria dar o troco e nem fazer ciúmes em Mateus, mas resolveu que talvez aquela história de seguir com a vida serviria para ela também. Então, quando um cara com quem ficou numa festa deu a ideia de terem alguma continuidade, ela concordou. Não achava que ele era o amor da vida dela e nem que algum dia chegaria remotamente perto disso. Mas estava tendo o pensamento ridículo e nada seletivo da Sinead de que, se você não desse bola para alguém, qualquer um, não desencalharia nunca.
-E as gravações, como estão indo? - Mateus perguntou, tocando algumas coisas distraidamente no violão. Estavam no parque próximo ao estúdio, que por sua vez não era muito longe do trabalho do Mateus, e haviam se encontrado rapidamente para almoçar sanduíches em um raro dia menos gelado.
-Estão bem! É tão divertido, e a mamãe é maravilhosa, não é? Tipo, com qualquer coisa que tenha a ver com música - Lily acrescentou, embora também acreditasse que ela fosse fenomenal com qualquer coisa que tivesse a ver com maternidade, embora custasse a admitir.
-Ela é - Mateus concordou. - Já tem data de lançamento?
-Sim! Em julho! Para aproveitar o verão, eu acho, embora a minha música não seja ensolarada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando a Vida Acontece - Vol 2
RomanceCrescer nunca foi fácil, mesmo que já se seja adulto. Loly está de volta, vencendo fantasmas um dia de cada vez. Ella, uma modelo internacional bem sucedida, está prestes a embarcar em uma mudança que pode transformar completamente a sua vida. Dylan...