Chamando Atenção no Colégio Bizarro

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Fui acordada pelo meu despertador 5:30 da manhã naquela segunda feira. Legal que eu cheguei no sábado e já tinha que ir pra aula na segunda. Me arrastei até o banheiro e tomei um banho mais ou menos demorado, indo vestir a roupa que eu tinha separado. Bem, primeiro dia de aula (pelo menos para mim), eu tinha que causar uma impressão nas pessoas, certo? Certo. E se fossem se importar com suas roupas então... estavam muito entediados.

Vesti uma calça parca com aquela estampa de camuflagem verde, uma blusa branca de Sid&Nancy, minha jaqueta de couro e minhas botas, além de correntes e braceletes, uma maquiagem escura básica...eu nem parecia estar indo pra escola. Eu não tinha bom senso de moda, eu vestia o que eu queria, pronto e me vestir como uma puta não era uma opção. Eu tinha cabelo azul, gente, isso já é o suficiente pra ser considerada bizarra.

Isso foi provado no domingo em que resolvi dar umas voltar na cidade, conhecer uns lugares legais e algumas pessoas ficavam olhando...ah que olhassem , eu não ligava mesmo.

Peguei minha mochila bem vazia e cheia de botons de bandas, minhas chaves e sai do meu lindo quarto todo bagunçado. Fiz carinho na cabeça de Chief ao sair e desci para tomar café. Tudo novo, casa nova, vida nova, certo? Errado. O colégio para mim continuava a mesma coisa de todas as outras vezes: uma merda.

Conversei com Mandy enquanto comia – eu estava realmente gostando dela – e meu pai apareceu bem na hora que eu estava saindo. É, ele tinha passado a noite de domingo fora, bem típico. A escola se chamava Klebitz, o que já achei feio.

Na garagem, ao lado do carro e da moto do papai, estava meu novo bebê: uma 70’s Thiumph Bonneville customizada com a pintura de um preto fosco. Ele tinha dito que era “uma coisa velha de um amigo que eu decidi transformar em nova”, mas pra mim aquilo era o melhor presente do mundo...e que minha mãe mataria nós dois se visse.

Alguma coisa naquela placa me informava que na verdade se chamava "Inferno Particular ". Eu via grupos de adolescentes como aqueles skatistas da rodoviária, nerds, e os que ficavam sozinhos (por opção ou não) E do outro lado, eu via as líderes de torcida, garotos do time, rockeiros e punks , os clubes .... Opa, , o grupo dos rockeiros e punks me espera!

Parei a moto bem na frente da escola e antes que eu pudesse descer dela, notei que estava todo mundo me olhando, todos os grupos mesmo. Perguntei-me se eles sabiam quem eu era, e pela moto eu apostava que sim. Olhei para o grupo dos rockeiros e tinham uns até bonitinhos. Uns deles sorriram e falaram pros amigos alguma coisa, provavelmente perguntando-se pra quem eu estava olhando.

Enquanto isso, a única coisa que eu precisava era de uma pausa para os meus cigarros.

•••

Fizeram todos se reunirem na quadra da escola e naqueles minutos não tinha conhecido ninguém interessante que tivesse puxado assunto comigo. Mas ao menos tinham parado de ficar me encarando, ao menos a maioria. A única coisa que eu precisava era de um intervalo, eu já estava aturando escolas por tempo demais...por que eu tinha que me formar mesmo? Eu nem ia pra faculdade...

Sentei bem na frente, do lado de uma menina loira com as pontas do cabelo vermelhas, roupas pretas e vermelhas,ainda mantendo um toque punk embora um pouco mais delicadas que as minhas. E senti alguém me encarando.

Olhei para as pessoas sentadas mais acima e avistei a tal pessoa. E droga. Ele era bonito, o cabelo era castanho próximo de um bronze. Sua pele era branca e seus lindos olhos azuis eram meio acinzentados, ele parecia ser um pouco mais velho que eu. Usava jeans rasgados, uma blusa preta, jaqueta. E ele deu um sorrisinho quando viu que eu olhei de volta, e eu, toda marota, retribui o sorrisinho.

Uma garota normal teria corado e desviado o olhar...acontece que eu não era uma pessoa normal. Resolvi perguntar da menina loira do meu lado quem era aquele ser humano.

─ Oi, eu sou Aska. – me apresentei, tentando parecer um ser sociável.

─ Eu sou Mary. – ela respondeu, toda tímida, mas aposto que com intimidade ela iria ‘se soltar’.

─ Você sabe quem é aquele cara ali? – apontei discretamente pro bonitão - Sabe, jaqueta de couro, cabelo cor de bronze, olhos azuis...

Ela olhou discretamente para onde eu apontava. Por um momento achei que ela não ia responder quem era o cara, mas ela olhou pra mim logo em seguida:

─ O nome dele é Kurt William Reyes. – ela respondeu – Só Deus sabe de quantas escolas ele já foi expulso, mora com o pai que por sinal é presidente do Mad Devil’s, nenhuma garota da escola é boa o bastante para ele e a única pessoa que ele se dá bem na escola são aqueles dois gêmeos malucos do lado dele, embora ele se dê melhor com um do que com outro, mas prefere ficar sozinho de vez em quando. É problema, na certa...

Filho do amigo do meu pai? Ok, isso tornava as coisas mais interessantes.

Estava para perguntar dela o resto da ficha dele – a criminal talvez – mas os professores e a diretora entraram na quadra para começar aquela cerimonia chata de primeiro dia de aula. Eu já tinha estado em várias delas, não esperava nada diferente dessa.

─ Bem vindos ao Colégio Klebitz. – a diretora Cara de Fuinha disse no microfone - Somos um estabelecimento de quatro estrelas dadas, levando a um status de Aprimoramento Final. Qualquer um que estragar isso será oficialmente expulso. Que Deus os ajude a receber boas qualificações.

Nossa, essa aí era bem agressiva e direta.

─ Agora, antes de passa-los aos seus professores, eu gostaria de falar sobre a maneira como organizamos nossa instituição. – ela continuou, além da cara tinha uma voz irritante – Ano passado tivemos alguns incidentes intoleráveis então quero facilitar para vocês. Os seguintes resultarão em expulsão imediata: atear fogo no recinto, consumo de álcool ou drogas no recinto, consumo de pornografia no recinto, abuso aos professores...

Gente, que colégio bizarro era esse? Ao menos eu era feliz sabendo que fumar não estava na lista.

─ Abuso de cola, abuso próprio, relação sexual com qualquer outro estudante ou professor, e uso de brinquedos sexuais no recinto. – ela parou pra respirar depois dessa lista – A srta Masen, nossa orientadora os ordenará para cada classe. Levantem as mãos quando ela chamar seus nomes.

E lá foi uma lista chata de nomes de séries e turmas. 1A,2A, 4B, 5B... eu fiquei tentando fazer amizade com a tal da Mary, que por sinal era bem legal, enquanto chamavam os nomes. Santa Absolut, aquilo parecia não acabar mais!

─ Turma 3C. – a tal orientadora a disse – Aska Beckett.

Levantei a mão. Como era uma maravilha ter um nome com a letra A. Ouvi alguns comentários, mas nada que eu não pudesse ignorar. Fiquei conversando e uma reação instintiva( nem sei porque) me fez olhar pra trás quando ela chegou na letra K.

─ Kurt William Reyes. – ela chamou.

─ Continuo aqui. – ele respondeu – Por sinal, bom ver você de novo, Elizabeth.

Todo mundo riu e a diretora rolou os olhos ao ser chamada pelo primeiro nome. Então isso significava que ele estava na mesma turma que eu... legal, muito legal.

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