— Vai entrar? – perguntei parando ao lado dele.
Aquele era o dia seguinte ao episódio da cadeira e estávamos no estacionamento do colégio. Faltava menos de vinte minutos para o sinal bater mandando todo mundo ir para as salas. E há alguns minutos atrás, na hora em que cheguei, vi Kurt conversando alguma coisa com o Adam – e agora ele não parecia nada feliz.
— Não. – ele entrou no carro e bateu a porta.
Mas qual era o problema desse cara? Ah foda-se. Entrei no carro, me sentando ao lado dele. Kurt me olhou não muito surpreso e perguntou:
— O que está fazendo?
— Semana que vem é semana de provas e se você não vai estudar, é melhor não fazer isso sozinho.
— Por que começou a se importar comigo, Beckett? Você não, supostamente, me odiava, não queria ser minha amiga?
— Não posso resolver ser um ser humano com sentimentos agora? Vai mesmo perder um dia bom meu? Estou aqui sendo legal com você e ninguém está me pagando nem nada.
Ele rolou os olhos.
— Sai do carro, tô indo pra casa.
— Eu vou com você. – cruzei os braços.
— Mas o que? Tá maluca, virou stalker agora?
— O que? – ergui uma sobrancelha – Eu não quero ir pra aula e não posso voltar pra casa. Vamos lá.
Nós íamos ficar um bom tempo discutindo isso, pode ter certeza. A parte boa é que nenhum professor ou supervisor ia prestar atenção o suficiente no estacionamento para notar nós dois quase caindo no tapa lá dentro do carro.
Sim,eu sou uma pessoa insistente. E eu fico enchendo o saco até fazerem o que eu quero, o que quer dizer que Kurt ia sofrer até ele me levar lá.
●●●
─ Eu sei, eu vivo como um porco. – ele disse, tirando a jaqueta – Mas eu pelo menos posso comer o que eu quiser e ninguém fala nada.
─ Não, acho que você vai me envenenar se eu pegar sua comida. – eu estava olhando a estante de livros, nem sabia que esse cara gostava de ler, quando vi uma foto na estante – Ei, quem é esse?
─ John, meu irmão.
Era um cara bonito o da foto, tinha olhos verdes, cabelo quase da mesma cor do dos dele, mas de um tom mais escuro. Também tinha um sorriso bonito e ele aparentava ser alto, visto que nessa foto ele com um braço em volta dos ombros do Kurt e ele estava com um case de guitarra/violão nas costas.
─ Ele parece com você. – comentei – Ele toca por aqui?
─ Ah, não mais. – ele estava na pequena cozinha, mexendo na geladeira e tirou um pedaço bolo– Merda, por que eu deixei o Zach ficar chapado aqui? Ele comeu meu bolo!
Eu olhei para a janela e dava pra ver que já estava chovendo lá fora. O apartamentinho dele não era de todo ruim, na verdade eu esperava que o lugar em que ele morasse fosse mais bagunçado. Quer dizer, pelo menos até onde eu tinha visto, porque quartos eram outra história. E sim, Kurt morava sozinho, mas até onde eu sabia, ele tinha problemas com o pai então talvez fosse melhor.
Enquanto isso, seguindo meu pensamento de que não tinham pratos limpos naquela casa, Kurt deixou o pedaço de bolo na bancada e foi lavar os pratos, me mandando pedir comida de algum lugar e fazer uma sacanagem com o entregador azarado.
Ok, eu obedeci aquele ser irritante, mas era porque eu estava morrendo de fome. E depois de desligar, eu fui pra cozinha de novo só pra ver que ele continuava tentando lavar o mesmo prato a quase cinco minutos. Decidi intervir.
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Butterflies and Hurricanes
Roman d'amourTudo chega ao limite na vida de Aska Beckett quando é "convidada" á passar um tempo longe do colégio pela "quinta vez" - como se isso não significasse que estava praticamente expulsa. Agora, sendo despachada para morar com seu pai - que por sinal é...