Kurt Virou Um Mindfuck

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u voltei pra casa andando mesmo depois daquilo e por algum milagre eu não fiquei doente, só cheguei sentindo um frio desgraçado. Não falei com o Kurt por...uns dois dias mais ou menos. Já estava até virando hábito. Mesmo que eu estivesse um pouquinho bêbada naquela noite, eu ainda lembrava que tinha descoberto que a desgraça ia embora da cidade e nem tinha me avisado. Tudo bem que eu fiquei um pouquinho alterada – reação errada- mas ainda assim...

Santa Absolut, me salva. Eu fui causa de uma briga mais uma vez, isso podia virar um habito novo, sério.

De qualquer jeito, eu estava tentando ignorar o fato que ele existia até que recebi uma ligação meio estranha no meu celular. Isso tamanho domingo. E não, não era o Kurt.

— Aska, to com um problema.

Ok, a Ellie estava me ligando. Pra tornar tudo mais bizarro ainda.

— O que foi? – eu não ia dar desfeita na criança, por mais que o único problema que ela poderia ter se relacionasse com uma pessoa — Alguém morreu?

Tô começando a achar que sim. – ela respondeu — Você...viu o Kurt ontem ou sei lá,hoje?

Ótimo, só faltava o maluco ter sumido.

— Não.

— Será que ele tá na casa dele? Ele não atende o celular desde sexta....

Santa Absolut me salva, mais uma vez. Será que ele morreu mesmo?

●●●

Ok, eu topei levar a Ellie na casa dele porque a coitada estava realmente preocupada com o irmão dela. Eu não tinha irmão, ainda mais um irresponsável filho da puta que nem o dela, mas dava pra imaginar. E eu vou confessar, eu também fiquei um pouco pelo simples fato de que ele não estava atendendo as chamadas dela. Se fosse as minhas eu ainda consideraria normal, mas para aquele cara que fazia tudo por aquela ruivinha não estar atendendo ela na primeira ligação...é tinha problema.

E esse problema podia ter parte comigo. Mas ninguém mandou ele não me contar que ia embora da cidade, ah vá. E também havia as chances dele ter perdido o celular ou qualquer coisa assim. Era melhor pensar positivo, né?

— Eu roubei essa cópia da chave. – Ellie disse, destrancando a porta do apartamento — Se ele souber, me mata.

— Vou te contar, você parece bem mais responsável que ele.

— E quem disse que eu não sou? – ela sorriu.

Será que esse humor era de família? Só podia.

Entramos e Ellie fechou a porta. O apartamento do Kurt continuava a mesma bagunça organizada da primeira vez que eu tinha ido ali. Sério, não parecia ter muita coisa fora do lugar ali, no máximo mais alguns pratos sujos na pia e mais um bolo meio comido na mesa da cozinha junto com uma caixa de pizza. Essa vida de morar sozinho...quero só ver quando for minha vez.

Bem, já passava da hora do almoço e só faltava ele ainda estar dormindo a essa hora. Tudo bem que eu dormia muito, mas a fome me acordava. E não tinha sinal nenhum dele ali naquele lugarzinho. Isso porque ele tava sumido desde sexta-feira, então das duas uma: ou ele estava ignorando todo mundo ou ele tinha realmente sumido mais uma vez.

De qualquer modo a Ellie teria um ataque eu acho.

Foi então que ouvimos alguém tossindo no quarto. Ah, então ele estava vivo afinal.

— Eu vou lá. Espera aí.

Ellie ruivinha ficou na sala enquanto eu fui até o quarto da desgraça. Nem bati na porta, to nem aí. E bem, Kurt Reyes estava realmente lá dentro, mas não no melhor dos estados, digamos assim.´

Se eu não tivesse ouvido ele tossir eu ia quase dizer que ele tinha morrido pelo jeito que ele estava esparramado no colchão. E tipo, qualquer um podia dormir assim, mas o negócio é que ele não parecia nada bem. Fui até o lado da cama e pus a mão na testa dele, quase pulando pra trás.

É, ele estava beeeem doente.

Ele resmungou e puxou mais o cobertor. Aw, dava quase pena de acorda-lo, mas tinha uma ruivinha esperando do lado de fora.

—Kurt, acorda. – comecei a cutuca-lo — Acorda desgraça, não trouxe tua irmã aqui por nada.

Ele então abriu os olhos, parecendo irritado. Novidade.

— O que você tá fazendo aqui, Beckett? – ele resmungou. — Eu não tô bem.

— Ellie achou que você tinha morrido e acho que você tá quase morrendo mesmo.- cruzei os braços — Você está quase morrendo de tão quente.

— Eu estou sempre muito quente. – ele deu aquele sorrisinho maldito. Se fosse outra ocasião eu teria batido ou xingado ele pela piadinha, mas hoje, aquilo era um bom sinal de que ele estava bem o suficiente para isso. — É sua culpa que eu estou doente, sabia? Me cure.

— Não é minha culpa que você foi atrás de mim na chuva e que você tá com imunidade baixa. – levantei do chão — Mas você vai ter que me explicar aquela história toda quando estiver melhor, ok?

E eu quase tive um infarto quando ele me puxou pelo braço para perto dele e me abraçou. Não é algo que acontece toda hora.

— Não me deixa de novo, Mei Mei. por favor, eu estava com tanto medo ... Eu estava com medo que eu ia perder você ... – ele gemeu — E eu estou doente, só você pode fazer com que eu me sinta melhor.

É só a febre falando, Aska, RELAXA.

Tentei me afastar dele, mas ele acabou me puxando pra mais perto. Ele pôs o braço ao redor do meu pescoço e se inclinou pra me beijar. E olha, se eu ficar doente por causa dele, alguém vai morrer, juro. Mas depois que ele conseguiu o que queria, me soltou e eu pulei da cama bem na hora que ele quase tossiu um pulmão.

Sai do quarto, fechando a porta atrás de mim e encontrei Ellie esperando.

— Ele...hum...tá no quarto. – eu disse – Mas tá bem doente.

— Sério? – ela cruzou os braços — Pelo que eu ouvi, nem parece muito.

Gente, quantos anos essa menina tem mesmo? Estou começando a ficar com medo, sinceramente. O que o Kurt estava ensinando a ela, de verdade?

●●●

— Não devia ter deixado ela ir chamar a mamãe. – Kurt reclamou com a cara no travesseiro — Eu não quero remédio, eu quero sorvete.

— O que eu ia fazer, amarra tua irmã no sofá? — sentei na ponta da cama — E você tá parecendo uma criança, para.

— Não. – ele escondeu a cabeça com o travesseiro — E o que você ainda tá fazendo aqui, Beckett?

— A Ellie disse pra não te deixar morrer enquanto ela ia buscar sua mãe. – dei de ombros – E você não pode morrer antes de me explicar que história é essa de ir embora do país.

Então ele fez aquilo de novo, desgraçado. Me puxou pra baixo e me abraçou como se eu fosse a porra de um ursinho de pelúcia gigante.

— Eu venho te visitar. – ele gemeu — Agora dorme aqui comigo, Aska, depois a gente fala disso.

Gente, eu vou surtar. Se ele não ficar melhor logo e voltar a ser aquele Kurt chato, eu juro que eu vou surtar.

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