Foi estranho, realmente.
Quer dizer, eu tinha gostado e isso não poderia ser um bom sinal de jeito nenhum. E mesmo que rolasse alguma coisa, o que eu me recusava a considerar, eu não queria que fosse como meus ex namorado.
Por isso depois que voltamos para Edgewood –fomos ouvindo musica, desenvolvendo brincadeiras e conversinhas curtas sobre coisas que gostávamos em comum. Ou seja, tudo e eu ainda roubei o pirulito dele. Havíamos prometido que aquilo ficava só entre nós dois, no acordo “o que acontece em Nova York fica em Nova York” e ter isso aliviou um pouco a tensão depois.
Eu não podia gostar dele, me recusava. Mas aquele dia havia sido tão divertido, bizarro e talvez o melhor que eu já tive desde que cheguei nesse lugar. Por uma das poucas vezes, - tenho que dizer, minha santa Absolut que me pegou – eu me senti real.
Mas ele não pode saber disso, nem pensar. Esse desgraçado não vai me ganhar assim, não sou tão fácil.
Só sei que ele me deu uma carona até minha casa depois que voltamos a cidade. Quando já estava fora do carro e indo em direção a porta, fui pega de surpresa quando Kurt segurou meu braço, me virou, ergueu meu queixo e me deu um rápido selinho, se afastando em seguida e indo em direção ao carro.
Essa sequencia de acontecimentos fez com que eu gastasse meu domingo inteiro pensando em todos os tipos de truques que o universo estava pregando em mim, ainda mais naquele sábado. Será que eu joguei pedra na cruz na vida passada pra merecer isso? Eu não podia estar gostando do Kurt...ou eu podia, mas eu ficaria bem louca no processo.
Se é que isso já não estava acontecendo.
E ainda tinha a porra do Adam. Tudo bem, eu tinha certeza que eu não gostava dele, mas eu tinha certeza que ele estava caidinho por mim. Como falamos essas coisas sem machucar? Até porque eu achava que ele era como um namorado depressivo que eu tive quando tinha quatorze anos; Adam provavelmente achava que eu era um conceito, como meu ex de anos atrás ele devia achar que eu ia completa-lo ou faze-lo se sentir vivo. Ele realmente parecia ser esse tipo de cara, justamente porque ele aparentava ser aquele tipo de cara que era o namorado perfeito que os pais amam.
Enquanto isso eu sou só uma garota fodida que ama vodca e rock n roll, que também quer um pouquinho de paz de espirito. Pois é, meio difícil.
Mas tudo o que eu tive que fazer na segunda feira era fingir que não havia acontecido nada interessante, agir normalmente com o Adam e essa parada toda. E só pra constar, o Kurt não apareceu nas primeiras aulas, devia estar aprontando por aí.
O problema era que eu precisava falar com ele. Muito.
Tive que esperar o intervalo e ver as outras duplas de Estudos Humanos apresentarem seus projetos. Era bizarro cara, eles mostravam cada coisa besta tipo “ fulano gosta de Star Trek” ou “Essa foto mostra como fulaninha gosta da cor azul e de como isso combina com seu espirito” ou até mesmo “Fulano é um enigma que levará anos para ser desvendado”. Sério, eu juro que meu trabalho vai ser bem melhor que esses bizarros, até porque ele vai ser em vídeo...pelo menos a parte do Kurt, ele disse que vai fazer a montagem do que ele achar mais interessante. Quero só ver.
Mas finalmente o sinal para o intervalo tocou e eu saí indo procurar aquela desgraça pelos corredores. Eu tinha certeza que ele tinha vindo, só estava matando aula mesmo. Acabei encontrando Adam tirando umas coisas do armário dele.
— Viu o Kurt? – eu perguntei.
— Ele estava no banheiro na ultima vez que eu vi. Só o vi entrando assim que o sinal bateu.– ele deu de ombros – Nos encontramos no lugar de sempre?
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Butterflies and Hurricanes
RomanceTudo chega ao limite na vida de Aska Beckett quando é "convidada" á passar um tempo longe do colégio pela "quinta vez" - como se isso não significasse que estava praticamente expulsa. Agora, sendo despachada para morar com seu pai - que por sinal é...