"I Want You To Stay"

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Eu acordei pouco antes da hora marcada para sairmos, que era oito da matina.

Eu estava sozinha no quarto, Kurt tinha ido embora lá pelas três quando o filme acabou, mas eu nem lembrava disso direito. Mesmo assim, eu ainda tinha que me arrumar e eu ia matar aquele viado se ele furasse comigo.

Com muita preguiça, mas dizendo a mim mesma que era pelas minhas notas, fui até o banheiro. O espelho me mostrava que eu estava parecendo um zumbi, mas fazer o que? Isso que dá dormir tarde por ficar vendo filme com o seu suposto inimigo.

Tomei um banho demorado e depois fui cuidar das minhas roupas. Estava meio frio, o inverno estava chegando e eu esperava que nevasse em breve. Então pus uma blusa cinza de mangas compridas com minha jaqueta de couro por cima, calças pretas e minhas botas com salto plataforma – me recusa a ficar mais baixa que ele, pelo menos na frente de pessoas desconhecidas.

Peguei minha câmera Canon, meus óculos escuros, meu celular, meu IPod, mais umas coisas que poderiam ser necessárias e enfiei tudo numa bolsa verde minha. Fiz uma maquiagem básica só pra tirar a cara de zumbi e faltavam quinze minutos para as nove quando eu terminei.

— Onde você tá indo, Aska? – Wendy perguntou quando eu passei pela cozinha. Ela estava cozinhando alguma coisa cheirosa. – Seu pai sabe?

— Eu estou saindo com um...amigo. Podemos não voltar hoje, ou voltar tarde. – fiz cara do gatinho de botas do Shrek - Promete que não vai dizer pro papai? Por favor, Wendy!

Ela pensou por alguns segundos então suspirou e rolou os olhos.

— Tudo bem, eu não vou contar, mas só porque eu fazia a mesma coisa. – ela deu de ombros – O que eu digo pra ele?

— Que eu estou na casa de uma amiga chamada Mary, ok? Qualquer coisa ela pode confirmar.

— Ok. Você tem dinheiro?

Eu fiquei tão feliz que dei um abraço nela antes de sair correndo porta afora. Ela ainda me deu algum dinheiro, uns quatrocentos dólares pra somar com o que eu já tinha. Primeira parte feita, agora só teria que aguentar uma viajem de trem com o Reyes...isso se ele não furasse comigo, como uma parte de mim estava rezando para que ele fizesse.

Mas como eu já disse várias vezes, o destino é uma vadia, um jegue alado maldito e desgraçado. É, eu sei.

Porque quando eu cheguei na estação encontrei a criatura sentada no capô do carro dele, me esperando. Ele sorriu quando me viu.

— Mal posso esperar por isso. – resmunguei, rolando os olhos – Por que eu dei a ideia mesmo?

●●●

— Olha pra cá, Aska!

E eu corri para o outro lado da rua, porque ninguém mandou ele tirar foto minha.

A verdade é que assim que saímos do Hudson Tunels ás 9:40 , filmar as coisas – com a filmadora dele - e tirar fotos foi praticamente o que tomou nosso dia inteiro. Eu tinha no GPS do meu celular todos os lugares que eu queria ir e lógico que eu arrastei o Kurt junto. Pedimos até para um cara filmar nossa dancinha retardada na Madison Square.

Sorte que tínhamos bastante dinheiro para o táxi ou para o metrô, mesmo que a maior parte dos lugares tenhamos ido andando mesmo. Era bem divertido e ele continuava tentando tirar fotos minhas e foi numa dessas que eu quase quebrei minha câmera porque eu cai de bunda numa lata de lixo tentando fugir dele. Andamos no Central Park e eu acabei empurrando-o “sem querer” numa pilha de folhas, achamos um cachorro abandonado e demos comida pra ele, brincamos na grama como duas crianças... Tiramos fotos nossas na ponte sobre o rio Hudson, tirei uma foto com um mendigo que estava com uma placa escrito “I NEED MONEY FOR WEED”, depois da Estatua da Liberdade, fomos para uma livraria enorme que eu não lembro o nome agora...

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