Noite da Verdade

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Kurt não foi pra aula nem na segunda nem na terça. Até me perguntaram se ele estava bem depois da briga de sexta-feira, e como eu não tinha como mentir, disse que sim. Até porque o celular daquela desgraça não funcionava mais pois tinha quebrado no chão do Club na hora do empurrão contra o balcão. Também não vi o Adam, mas Zack disse que ele ia “passar um tempo sozinho”, mas não disse mais nada depois disso.

Só acho que sou eu que vou ter que resolver isso?

De qualquer maneira, entregaram nossas provas e eu pude dançar de alegria porque eu passei – por algum milagre – em praticamente todas elas, por mais que tenha sido na média. O que importa é passar de ano, não é? Pelo menos pra mim funciona assim.

E cara, era incrível como um colégio inteiro pode gostar de barraco. Ou talvez Edgewood inteira gostasse de barraco, porque tava todo mundo sabendo. E isso meio que me fazia sentir como se fosse uma celebridade, a maluca de cabelo colorido pela qual Kurt Reyes estava caidinho de amores.

Isso me dava vontade de vomitar, sinceramente.

Mas o negócio é que eu sentia a inveja das inimigas nas costas, principalmente da vadia da Jenny, e é nessas horas que você descobre como um cara, por pior, por mais chato que seja, pode ser requisitado ou não. E era meio estranho, porque eu sempre fiquei famosa em colégios por causar problemas, desrespeitar professores, nunca fazer o dever de casa e agora eu estava conhecida como causadora de barracos entre homens, isso porque eu nunca me achei essa Afrodite toda, imagine se me achasse.

Nunca achei que essa cidade fosse ser interessante alguma hora, seriamente, mas no fim...bem, digamos que as coisas estavam mais interessantes.

Kurt não tinha saído de casa já que ele estava bem doente – e ainda insistia em dizer que era por minha culpa – e era engraçado, porque Ellie tinha mesmo ido chamar a mãe dele e eu nem quero saber o que aconteceu, porque essa é a regra da vida; se você está muito doente, sua mãe praticamente vai assumir que você está com alguma doença terminal. E se pelo tanto que eu achava que a mãe dele gostava dele...

Queria que minha mãe fosse assim. Ela só me liga de vez em quando desde que me expulsou pra cá.

Mas então era quarta feira e mais um dia de aula estava acontecendo. Eu tinha passado o dia sozinha mesmo, sabe aqueles dias que você não está com vontade de falar com ninguém, nem mesmo as pessoas que você fala todos os dias, aqueles seus amigos? Pois é, meu dia estava sendo assim só que isso estava durando desde segunda feira. Não sei porque, não sei o que deu na cabecinha maluca de Aska Beckett, pra eu estar tão quieta esses dias.

Pode ser muita coisa pra pensar. Pode ser já que Kurt não tinha me explicado nem um pouco essa história de ir embora pra outro país. Talvez eu devesse ter perguntado naquele dia, mas tenho certeza que não ia conseguir a resposta que eu queria porque ele estava pensando direito.

Aí no final da aula alguém me ligou. O ID mostrava que era a Ellie quem estava ligando, mas o que aquela ruivinha ia querer comigo agora? Atendi né, vai saber. Mas o negócio é que não era bem ela no celular:

— Ei Aska. – era a desgraça do Kurt — A Ellie esqueceu o celular dela aqui.

— Percebe-se. – rolei os olhos — O que foi? Parou de morrer?

 Mais ou menos. Minha mãe não me deixou sair esses dias e já que eu tô sem celular, tá bem chato aqui. — ele respondeu — Mas, você quer sair comigo hoje? Quero conversar com você.

— O que você quer falar que não pode ser dito agora?

 Prefiro falar pessoalmente se você, criatura irritante, não se importar.

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