Assistindo Filmes Com O Inimigo

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Era sexta feira a noite e eu não tinha nada melhor pra fazer a não ser ficar em casa assistindo filmes enquanto meu pai e minha madrasta saiam pra curtir “a vida selvagem” nas noites de Edgewood.

Enquanto isso eu não fazia ideia do que fazer da vida. Tinha aguentado mais um dia cheio de provocações do Reyes, mas nada realmente produtivo para nosso trabalho como sempre. E eu estava começando a realmente ter certeza de o Adam queria meu corpo nu, mas não é algo realmente confirmado. Assim como eu tinha que arrumar um jeito para a Mary conversar com o Zach, aquele menino tinha que chamar ela pra sair.

Cheguei a muitas conclusões num dia. Isso cansa a mente do ser humano.

Sai do banho e vesti meu pijama, que se resumia a uma camisa velha do Lakers (posso curtir basquete em paz,ok?) e uma calça cheia de desenhos dos personagens do Lilo& Stich.

E foi quando ouvi a merda da campainha. A parte bizarra era que eu não tinha pedido pizza...

Chamei Chief pra ir comigo atender, vai que era o Leatherface, o Jason ou qualquer coisa assim. Até porque, que azar de merda seria se fosse um assassino ou estuprador, mas de qualquer jeito eu não ia arriscar.

Mas quem estava na porta era bem pior que esses caras. Chief até saiu de perto e foi pra cozinha comer.

— Relaxa que não vim pra brigar. - Kurt tinha um pacote nas mãos – Minha mãe só mandou eu deixar isso aqui.

— Acho que isso é só uma desculpa, mas... – dei de ombros – Entra aí, deixa essa coisa e vaza.

— Nem entrei e já está me expulsando? - só pra dar ênfase, ele entrou – Nem te fiz nada ainda.

— Ainda? Você está planejando fazer alguma coisa?

Ele jogou o pacote na bancada e depois foi até o MEU sofá e praticamente deitou lá. Mas que porra...?

— Sei lá. – ele respondeu com um sorrisinho – Talvez ficar aqui, sua casa é bem legal.

— O que?! Eu não te convidei! Sai!

— Ora a gente tinha que se reunir pra terminar o trabalho não é? – ele deu de ombros – Eu só estou aproveitando a oportunidade.

— Não vai me deixar em paz nem na minha própria casa? – cara, ele era irritante – Parece o Tate Langdon!

— A diferença é que eu não sou estuprador nem assassino. – o maldito colocou os pés em cima da mesa. Espero que Mandy não se importe. – Mas e aí, o que vamos fazer?

— Eu vou ver um filme e você vai embora daqui.

— Não, eu não vou. – ele se levantou – Vamos pedir uma pizza!

— Por que você não vai embora e me deixa em paz?

— Porque eu não tenho nada melhor pra fazer, gosto de te perturbar e porque eu encontrei seu pai e sua madrasta no Jimbo’s e ele me disse que achava que você ia colocar fogo na casa se ficasse sozinha o resto da noite.

Ouch, nem meu pai confia em mim nessa merda. É, ele tinha um ponto.

— Tá, mas se você prometer não me encher o saco. – suspirei, frustrada – Pega qualquer coisa que você achar de gostoso nos armários e sobe. Vou estar no meu quarto.

É sério mesmo que meu pai tinha dito que esse cara podia ser minha babá? Sacanagem, eu tinha que falar com ele de manhã e contar tudo o que Reyes faz comigo no colégio. Por que, né, ele praticamente deu permissão pro cara vir na minha casa. Beleza, que lindo.

Resolvi olhar na caixa dos meus DVDs que a mamãe tinha mandado. Eu tinha muitos DVDs, desde filmes de terro, ação e até uns raros filmes românticos tipo The Notebook, Lola, 500 Days of Summer. Eu gostava desses filmes, mesmo que eles fossem tipo “prazer proibido” sabe?

Kurt apareceu na porta com uma garrafa de Jack Daniels, uma de Coca Cola, dois potes de Pringles e um saco gigante de Doritos. Ele estava carregando aquilo tudo de um jeito muito engraçado que agradeci por não ter derramado nada quando ele jogou as coisas na minha cama.

— Então o que vamos assistir? – ele tirou os sapatos e se jogou na cama e pegou o Kyle, meu unicórnio de pelúcia que eu considerava um filho.

— Sei lá. Encara um Evil Dead? É meu favorito, tenho a coleção toda.

— Coloca aí.

Coloquei o filme e dei play. Joguei-me na cama do lado dele, tentando evitar o contato físico o máximo possível, e abri o saco de Doritos. Kurt se encarregou de misturar a coca com Jack, dando naquele refrigerante batizado divino.

Assistimos o primeiro Evil Dead ,que pra mim é o melhor convenhamos, e ele ficou comentando sobre como as pessoas eram burras o suficiente para ir para uma cabana no meio do nada e ainda ler a “porra de um livro amaldiçoado feito de pele, porque é isso que pessoas normais fazem”. Acho que ele nunca tinha assistido esse filme.

Depois passamos para o segundo que era meio chatinho e eu nunca achei que fizesse sentido. Acabei descobrindo que o Kurt poderia ser um ótimo comentarista de filmes, porque ele falava cada coisa que vocês nem imaginam. Sério, era muito engraçado e eu não sei se era porque estávamos meio bêbados mas eu estava realmente me divertindo.

Ainda mais quando passamos para o terceiro que era o Evil Dead mais engraçado e retardado de todos. E o Kurt ficou comentando sobre a cena do “pau de fogo” por uns dez minutos, imaginando situações que tinha haver com aquilo.

Eu só sei que no fim, eram quase duas da manhã, a bebida tinha acabado e tínhamos um pote de Pringles pela metade junto com um saco vazio de Doritos. A essa altura já estávamos com mais sono do que assistindo a refilmagem do primeiro filme.

— Você me mostrou seu filme favorito, seu quarto com todas as coisas que você gosta... – ele disse de repente. Kurt estava deitado bem ao meu lado e tinha virado a cabeça para me olhos – Mas ainda não me levou ao seu lugar favorito.

— É porque eu nunca estive lá.

— Então como pode ser seu lugar favorito? – ele franziu a testa – Você é estranha.

— Internet e Google Maps servem pra isso. – eu ri – Mas só agora me toquei que estamos bem perto dele. Dá pra ir de metrô, daqui pra Hudson Tunnels.

— E o que isso quer dizer?

Sério que ele ainda não tinha percebido? Suspirei.

— Podemos ir lá amanhã, é sábado, mas temos que sair cedo se quisermos ir aos lugares principais. Só pegue quanto dinheiro der e se tiver uma câmera, melhor. Temos que registrar tudo.

— Então a srta Beckett-barra-chata está prometendo me levar para um passeio super incrível. – ele riu – Isso é estranho.

— Qualquer coisa eu digo pro meu pai que você me sequestrou por um fim de semana. Aí eu não levo a culpa de nada.

— Ah você não faria isso.

— Não duvide de mim queridinho. – tomei o restinho de Coca com Jack no meu copo – Mas relaxa, vou deixar um recado dizendo que vou passar o fim de semana na casa da Mary. Não sou doida de dizer que vou sair da cidade.

— Mas ela vai confirmar se perguntarem? – ele ergueu uma sobrancelha. Sabia que ele queria ver eu me ferrar.

— Aquela ali faz tudo por um encontro com o Zach. - suspirei - Mas se eu quiser mesmo ir, melhor dormir.

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