Cigarros, Brigas, Gêmeos e o Sr. Arrogante

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Enfim o intervalo chegou e eu estava relativamente livre. Não vi Mary, ela havia saído primeiro, enquanto eu andava no corredor procurando minha caixa de cigarros dentro da bolsa. Sim, eu sabia que faziam um mal desgraçado, mas eu não me importava, nem um pouco.

O encontrei no fundo da minha bolsa e acendi o cigarro, finalmente podendo traga-lo em paz para aliviar a tensão que só o primeiro dia em um novo colégio podia causar na vida de uma garota conturbada. E lá estava eu, de boa caminhando lentamente pelo pátio do colégio enquanto fumava, procurando um lugar mais ou menos isolado pra me sentar, até que uma garota morena – com cara de típica menina criada a leite com pera - acompanhada por outras duas veio na minha direção. Ótimo, já vou arranjar briga nessa merda.

–HEY! É proibido fumar em lugares públicos.- sinceramente, eu me assustei com a revolta repentina da menina, por que fala sério, quem liga se é proibido fumar dentro do colégio? Não estava naquela lista idiota da diretora, além de quê era um lugar bem aberto e tinham uns fumando num canto também...

– E fumar causa problemas de saúde, aliás. - uma da amigas disse.

– Eu sou nova, não sabia disso. – respondi, fingindo inocência. Joguei o cigarro no chão e pisei em cima com meu sapato para apaga-lo. Na verdade eu estava é com vontade de dar uma baforada de fumaça na cara dela.

– QUAL É O SEU PROBLEMA? -A garota gritou enquanto se abaixava para pegar o cigarro – AS PESSOAS SE SENTAM E COMEM AQUI!

A essa hora nós duas já tínhamos atraído vários olhares de outros alunos que passavam por ali.

– Você não me conhece, vadia. Por que está fazendo isso?- eu estava incrédula pelo escândalo que a menina histérica fazia por causa de um simples cigarro. Vai se foder, ela não tinha mais o que fazer não?

– Depois que sua avó morreu de câncer Jenny leva isso bem a sério.- Sua amiga de cabelos vermelhos explicou.

─ Foda-se, isso é problema dela. – eu respondi – Não meu.

– Coma, ou vou acabar com você. - A tal de Jenny levantou o cigarro até o meu rosto. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

– Não!- repliquei, indignada pela ordem que recebia de uma garota que eu nem conhecia. Quem ela achava que era? A rainha da Inglaterra por acaso? Garota estúpida. Vou bater nela, tô avisando...

–Qual é Jenny, já chega.- Sua outra amiga de pele escura e cabelos negros tentou pará-la.

–Não! Eu quero vê-la comer. - Ela se virou para as garotas explicando.

Não deu. Sério, não deu.

Quando ela me agarrou pela blusa e tentou enfiar a porra do cigarro na minha boca, eu tinha que reagir. Agarrei o cabelo dela e a joguei no chão, montando em cima e começando a dar socos no rosto dela e usar todas as técnicas de briga que eu tinha aprendido nos outros colégios ,naquela vaca urbana.

Foram precisos dois garotos relativamente fortes pra me tirar de cima dela, mas pra dar um gran finale, eu fiz questão de cuspir na cara dela antes de me puxarem.

Ela imediatamente levantou gritando e começou a limpar seu rosto. Eu comecei correr enquanto ria do mico que a menina havia acabado de pagar na frente de todo mundo.

– VOCÊ ESTÁ MORTA! – ela gritava cheia de raiva - MORTA!

E começou a correr atrás de mim. Eu me enfiei entre os alunos e comecei a correr pelos corredores abarrotados de gente, em busca de um jeito de me esconder da menina histérica. Logo no primeiro dia e eu já havia arranjado barraco .Ri de mim mesma. Corri em direção a área atrás da quadra e me desesperei na hora de me esconder, até que alguém me puxou pelo braço.

─ Relaxa, azulzinha, a vadia não vai te achar aqui. Sabia que não pode bater em animais?

Era um cara de cabelos pretos e lisos, de olhos claros que tinha me puxado. Ele era mais alto que eu, como quase todos os caras eram. Ele estava vestindo uma blusa do Sex Pistols, jeans velhos e All Stars sujos. E então, acontece que ele era muito bonito. Assim como a versão loira dele que estava olhando para nós dois enquanto fumava seu próprio cigarro. Reconheci uma parte do grupo de rockeiros que eu tinha visto mais cedo.

─ Valeu cara. – agradeci, liberando meu braço – Quase morri. E sim eu sabia, mas acho que vacas não se incluem nessa lei.

O moreno bonitinho riu junto com a versão loira dele.

─ Sou Zach e você é... – ele disse.

─ Aska Beckett, mas no momento queria saber se algum de vocês tem um cigarro pra me dar. – suspirei – Aquela vaca destruiu os meus.

─ Aqui. – a versão loira me jogou uma caixinha - A propósito sou o Adam, irmão dessa criatura aí.

Eu me controlei pra não fazer a pergunta idiota que – quase- toda pessoa está programada a fazer a gêmeos. Por que era bem claro que eles eram gêmeos, só que Adam tinha deixado o cabelo crescer bastante ,no melhor estilo Kurt Cobain e descolorido( o que devia ser há bastante tempo já que a raiz escura já estava bem a mostra) até aquele tom de loiro. Mas ele era tão bonito quanto Zach e usava jeans rasgados, All Stars, uma blusa do Metallica e uma jaqueta parka por cima.

Ou ele queria ser o próprio Cobain ou era pura coincidência de estilos.

─ Fizeram uma amiga nova, caras?

Eu quase dei um pulo de susto quando ouvi a voz nova. Eu tinha que controlar minhas reações, porque tá foda. Virei e dei de cara com o querido-não-tão-querido Kurt Reyes, com sua cara mais branca que papel A4, daquelas que quase não pega sol, sabe?

─ Ah, oi. – reação instintiva de novo, merda de educação que minha mãe me deu – Sou Aska.

─ E dai? Te perguntei? - Ele respondeu o mais grosso possível, com uma sobrancelha erguida. – Meu pai falou quem você é. Pensei que fosse mais falta.

─ Nossa, a grosseria chegou e me abraçou agora.

Ele rolou os olhos

– Tá, o que você quer aqui?

─ Fui atacada por uma maluca e acabei parando aqui. E você?

─ Meus amigos estão aqui, se você não viu.– eu nem conheço esse cara e já quero mata-lo. - Vi o que a Janet fez com você agora pouco . Você ficou muito sexy com a blusa assim. Deveria vir assim todos os dias.

E só agora eu percebi que ela tinha rasgado minha blusa do Sid e da Nancy, só porque ele tinha falado. E lá estava eu com um sutiã preto de renda a mostra, um puto sutiã que a Mandy tinha me dado. O que será que ela estava querendo dizer com isso? Não sei mas pelo menos ele era composto. O único problema era que os meninos já tinham olhado, visto o que eu tinha a oferecer e nem se deram ao trabalho de me dizer. Tratei de fechar minha jaqueta.

Mas eu sou uma menina abusada por natureza, então fiz questão de responder na mesma moeda:

─ Vou pensar no seu caso se você me tratar um pouquinho melhor. Educação mandou lembranças.

O desgraçado deu uma risadinha irônica e me encarou. Sabe aquela faísca que sai quando personagens de desenhos animados se odeiam? Pois é, era quase isso que estava acontecendo.

─ Escuta, garota, Aska, o que seja, - ele disse, arrogante – só porque nossos pais são amigos e estamos na mesma turma, isso significa nada ok?

─ E quem disse que eu quero ser sua amiga, Reyes? – cruzei os braços – Só no inferno quem sabe.

No meio daquele clima tenso, Mary aparece e interrompe a odiosa conversa com a pessoa mais arrogante do mundo.

─ Gente, te procurei o intervalo todo. – e então ela viu Zach – Ah, o-o-oi Zach.

─ Mary. – o gêmeo moreno sorriu e ela só faltou desmaiar. Ah minha Absolut, essas paixões...

Aproveitei a deixa pra sair dali, puxando minha nova amiga loirinha junto. Era isso ou rasgar a garganta do Reyes, porque né...

Aí, pai, no que o senhor foi me meter?

Butterflies and HurricanesOnde histórias criam vida. Descubra agora