Um Dia de Trabalhos e Segredos de Kurt Reyes

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Mais dia menos dia, a próxima segunda-feira chegou – o ultimo dia de apresentação de trabalhos . A verdade é que eu escolhi a sexta para apresentar meu trabalho pra eu poder me preparar emocionalmente para o showzinho que eu ia fazer. Sério, eu precisava fazer alguma coisa contra o Reyes e existe algo melhor do que fazer isso na frente de uma turma de quarenta alunos? Ah, santa Absolut que me segure.

Mas primeiro eu tinha que continuar com o meu planinho. Agora eu podia dizer que estava usando o Adam, ao menos eu quero acreditar que não, mas ele era bem útil quando o Reyes estava por perto. Eu acabei até sabendo bastante coisa sobre ele o Zack nesse período, inclusive que o Zack ia participar da Batalha de Bandas na cidade com uns caras- sim, o Kurt estava incluído na banda – a qual o ganhador teria o direito de gravar um CD e um possível contrato com uma gravadora de NY.

Voltando ao Adam, eu não estava mesmo reclamando de usa-lo pra fazer ciuminho no Kurt, na verdade acho que nem ele estava. Isso incluía agarrações, beijos, abraços, sorrisos e risadas justo quando aquele desgraça estava por perto. E dava pra ver que ele não gostava nada de ver aquilo, ele desviava o olhar, fechava a cara, dizia que ia fumar sozinho no estacionamento... ah, isso que dá mexer comigo.

Só digo que eu e Kurt não estávamos nos falando, nem mesmo um “oi” – o que me leva a teoria que ele só implica com as pessoas que está de boa – por uma semana inteira e ele só deu uma prestada de atenção básica quando eu cheguei com uma sacola marrom de papel na segunda de manhã e fiquei lá na minha.

Sim, meu trabalho estava na sacola.

Eu estava ansiosa pra apresentar aquela coisa logo, então que o tempo de Estudos Humanos chegasse logo. Chegou uma hora que eu estava quase gritando para o professor começar a bosta da aula, mas enfim ele me chamou, sendo eu quase uma das ultimas:

— Vamos lá para as ultimas. – ele me olhou – Aska Beckett por favor.

Eu levantei com minha sacola nas mãos e fui lá pra frente. Se eu quisesse fazer isso, tinha que ser com estilo. Reyes estava com a cabeça abaixada lá trás, evitando olhar para mim. Com muita fé e coragem eu virei para a turma:

— Meu trabalho é sobre Kurt William Reyes – apontei para ele – Acho que vocês conhecem, mas estou apontando pois é difícil dizer de verdade quem ele é. – ele olhou pra mim – Eu ia usar fotos nessa apresentação, pois esse era o combinado, mas...acredito que o verdadeiro Reyes não possa ser mostrado numa foto.

Era a minha hora.

— Em vez disso, - eu tirei um espelho da sacola – vão precisar disso ou de qualquer coisa que produza um reflexo...porque é assim que ele é. Ele é igual a porra de um espelho, que só mostra o que você quer ver.

Eu comecei a andar pela sala, indo pelos alunos da fileira onde ficava a minha mesa e a do Kurt.

— Se você quiser que ele seja um chato, ele vai ser. Se quiser que ele seja um pegador, um fodão, um cara legal, ele vai ser. Ele reflete o que os outros querem dele. – já dava pra ver alguns alunos me olhando, impressionados – E é legal por um tempo sabe? Você para de se sentir sozinho, acha que encontrou um cara legal pra se ter como amigo ou qualquer coisa assim...mas então você percebe que ele faz isso com todo mundo. Ele é o que os outros querem que ele seja.

Eu finalmente cheguei na minha mesa e virei o espelho para ele.

— Mas, infelizmente, a única pessoa com quem ele não consegue fazer isso...é ele mesmo, Kurt Reyes. – suspirei — Tudo isso, porque ele não sabe direito quem ele realmente é.

Deixei o espelho em frente a ele e sentei na minha cadeira. Eu não esperava ficar triste com isso, na verdade eu não esperava sentir nada, mas eu estava sei lá, sentindo pena dele. Lá estava o cara que tinha me beijado no Bourbon Hall e cantado pra mim, encarando o espelho que eu tinha comprado só pra isso, parecendo meio chocado com tudo que eu havia dito.

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