Cole Na Prova E Pense Num Plano

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Alguns dias passaram. E eu tirei um tempo para pensar o que fazer em relação a Adam, mas acontece que não era só ele quem eu tinha que me preocupar afora.

O negócio era que agora eu sabia a porra da história de vida de Kurt Reyes e Adam gêmeo loiro ainda não sabia que eu não queria nada com ele. Por que eu estou dizendo isso? Porque era ele que tinha ligado pra mim naquele dia, querendo saber porque eu não tinha ido a aula.

Ai que raiva.

Quer dizer, por que esse cara não me deixava em paz? Era aquele tipo de pessoa que não se tocava de jeito nenhum. Se ao menos o Zack pudesse me ajudar a aprontar com aquele loirinho maldito...Por que com certeza deve ter alguma coisa pela qual ele queria se vingar do irmão dele, todo irmão tem. Isso se chama criar um plano e tinha que ser alguma coisa bem elaborada e talvez até um pouquinho humilhante. Mas eu tinha tanta coisa pra me encher o saco além daquele loiro falso desgraçado...ah merda.

As provas do bimestre, enfim, começaram e aqui estava eu cheia de coisa pra pensar além de uma prova idiota. Esta que eu estava fazendo parecia ser a coisa mais difícil do mundo. Por que os colégio nunca pensavam que adolescentes também tem seus próprio problemas pra resolver e próprias preocupações? Merda.

Meu coração está acelerado e eu sinto minha mão suando enquanto seguro a caneta. Posso ouvir o som que fazem os ponteiros do relógio e o som das canetas de outros alunos riscarem o cartão resposta, preenchendo as lacunas correspondentes às respostas escolhidas na prova. Por que diabos eu dormi na primeira meia hora da prova hein? Ai Aska, por que você nunca faz nada certo?

Eu estudei ontem. Na verdade, estudei até a bunda ficar quadrada por causa daquela cadeira de bosta do meu quarto. Só que umas horas depois eu cansei e resolvi mostrar pro Kurt, Mary e Zack, o mundo dos filmes de ação coreanos, começando por Old Boy – que por sinal, o Zack quase surtou quando entendeu a revelação final e qual era o objetivo da vingança do cara e o Kurt ficou me perguntando como um cara podia criar uma vingança tão perfeita. Assistimos a Trilogia da Vingança, The Man From Nowhere, Alumni – The Commitment e I Saw The Devil (Isso porque me imploraram pra baixar mais filmes pra eles assistirem e eu falei que se eles já estavam com mindfuck por causa de Old Boy e I Saw The Devil, faria eles assistirem Mother só pra ficarem com mindfuck por dias que nem eu fiquei). Foi divertido já que ninguém estava realmente a fim de estudar de verdade, mas como consequência, não consigo lembrar nada da matéria desta prova.

Eu pediria cola para o Kurt , mas a nossa professora vaca separou as duplas e colocou esse viado a três fileiras de distância; ela nos colocou bem longe um do outro porque, de acordo com suas palavras, eu e Kurt conversamos demais ou brigávamos demais no caso . Sendo que nós dois passamos a maior parte do tempo dormindo do que qualquer outra coisa. Vai entender...

—Um minuto para eu recolher as provas, pessoal. — disse a professora rechonchuda e com sua típica cara de gorila, lendo algumas provas que já foram entregues.

Sra Berkeley era uma mulher redonda, cabelos cinzas e rechonchuda. Os outros professores talvez achassem que ela era uma boa senhora, inofensiva. Tinha olhos escuros atrás dos óculos de armação metálica e um batom vermelho sangue super brega cobrindo o contorno de seus lábios. Suas mãos, que se não estivessem ocupadas pelas provas, estariam segurando a parte debaixo de seu suéter amarrotado e manchado. Ela tinha vários deles e naquele dia ela estava com um azul marinho com rosas tricotadas – típica visão do inferno. Os tornozelos transbordavam dos sapatos, apesar das meias de náilon muito escuras que ela usava por baixo de uma saia de brim preta, longa e bamboleante.

É incrível como a gente repara em qualquer coisa quando não sabe responder uma prova. Sério, é muito foda isso, mas até aquela formiguinha na parente a gente cria esperança que seja um sinal divino para me dar a resposta.

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